Roteiro Homilético 6: Roteiro
RITOS INICIAIS
Salmo 27, 8-9
ANTÍFONA DE
ENTRADA: O Senhor é a força do seu povo, o baluarte salvador do seu Ungido.
Salvai o vosso povo, Senhor, abençoai a vossa herança, sede o seu pastor e guia
através dos tempos.
Introdução ao
espírito da Celebração
O tema central
da Palavra de Deus, neste domingo, é a confiança em Deus. Não devemos ter medo
de nada nem de ninguém. «Não temais os que podem matar o corpo mas não matam a
alma». Em Cristo encontramos toda a segurança.
ORAÇÃO
COLECTA: Senhor, fazei-nos viver a cada instante no temor e no amor do vosso
Santo nome, porque nunca a vossa providência abandona aqueles que formais
solidamente no vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LITURGIA DA
PALAVRA
Primeira
Leitura
Monição:
Jeremias tinha motivos graves para se queixar da ingratidão dos homens, mas
continuava a confiar no Senhor.
Jeremias 20,
10-13
Disse
Jeremias: 10«Eu ouvia as invectivas da multidão: ‘Terror por toda a parte!
Denunciai-o, vamos denunciá-lo!’ Todos os meus amigos esperavam que eu desse um
passo em falso: ‘Talvez ele se deixe enganar e assim o poderemos dominar e nos
vingaremos dele’. 11Mas o Senhor está comigo como herói poderoso e os meus
perseguidores cairão vencidos. Ficarão cheios de vergonha pelo seu fracasso,
ignomínia eterna que não será esquecida. 12Senhor do Universo, que sondais o
justo e perscrutais os rins e o coração, possa eu ver o castigo que dareis a
essa gente, pois a Vós confiei a minha causa. 13Cantai ao Senhor, louvai o
Senhor, que salvou a vida do pobre das mãos dos perversos».
Este texto é
uma parte duma das chamadas «confissões de Jeremias», as dolorosas lamentações
do Profeta numa situação tremendamente dramática, após a morte do rei Josias;
prisioneiro da paixão por Deus, que o leva ao cumprimento fiel da sua espinhosa
missão profética, ele sente a repugnância instintiva do sofrimento que este
desempenho lhe causa, pois isto era o pretexto para os seus adversários o
acusarem de ser ele o culpado de todas as desgraças que desabavam sobre o povo,
desgraças que haviam de culminar na conquista e destruição de Jerusalém por
Nabucodonosor em 587 a.
C. e no exílio de Babilónia. Jeremias chega ao ponto de, em dolorosos
desabafos, amaldiçoar a sua vida, mas, ao mesmo tempo, mostrando uma
inquebrantável confiança em Deus. Deixou-nos os mais belos textos literários
que exprimem o drama da dor humana de um homem de fé. A sua notável obra
encontra-se muito desordenada, sem uma sequência natural, em parte por ter sido
mandada queimar pelo rei Joaquim; os seus oráculos, postos por escrito pelo seu
secretário Baruc, foram recolhidos de modo muito disperso, como é fácil de
verificar. As confissões de Jeremias encontram-se em: Jer 11, 18 – 12, 6; 15,
10-21; 17, 14-18; 18, 18-23; 20, 7-18.
12
«Experimentais o justo»: Deus, ao permitir que caiam males sobre os seus
amigos, não quer o mal deles e nunca os abandona; mas prova-os, a fim de os
purificar ainda mais, de os encher de méritos e de os tornar mais santos.
Salmo
Responsorial
Sl 68 (69), 8-10.14.17. 33-35 (R. 14c)
Monição: O
Senhor atende quem confia na Sua misericórdia.
Refrão: PELA VOSSA GRANDE MISERICÓRDIA,
ATENDEI-ME, SENHOR.
Por Vós tenho
suportado afrontas,
cobrindo-se
meu rosto de confusão.
Tornei-me um
estranho para os meus irmãos,
um
desconhecido para a minha família.
Devorou-me o
zelo pela vossa casa
e recaíram
sobre mim os insultos contra Vós.
A Vós, Senhor,
elevo a minha súplica,
no momento
propício, meu Deus.
Pela vossa
grande bondade, respondei-me,
em prova da
vossa salvação.
Tirai-me do
lamaçal, para que não me afunde,
livrai-me dos
que me odeiam e do abismo das águas.
Vós, humildes,
olhai e alegrai-vos,
buscai o
Senhor e o vosso coração se reanimará.
O Senhor ouve
os pobres e não despreza os cativos.
Louvem-n’O o
céu e a terra,
os mares e
quanto neles se move.
Segunda
Leitura
Monição: Em
Adão herdamos as consequências do pecado. Por Cristo fomos salvos.
Romanos 5,
12-15
Irmãos:
12Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte,
assim também a morte atingiu todos os homens, porque todos pecaram. 13De facto,
até à Lei, existia o pecado no mundo. Mas o pecado não é levado em conta, se
não houver lei. 14Entretanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo para
aqueles que não tinham pecado por uma transgressão à semelhança de Adão, que é
figura d’Aquele que havia de vir. 15Mas o dom gratuito não é como a falta. Se
pelo pecado de um só pereceram muitos, com muito mais razão a graça de Deus,
dom contido na graça de um só homem, Jesus Cristo, se concedeu com abundância a
muitos homens.
Estamos diante
dum texto da máxima importância para a Teologia e para a vida cristã. As
controvérsias doutrinais contribuíram para que o ponto central das afirmações
de Paulo se tenha feito deslocar da justificação pela graça para o pecado, e da
obra salvadora de Cristo para a obra demolidora de Adão. É certo que não faria
sentido falar da libertação por Cristo do pecado, da condenação e da morte, sem
que estes males tivessem entrado de forma poderosa no mundo. Mas Adão não passa
duma figura, por antítese, de Cristo, em virtude duma argumentação a fortiori
de tipo rabínico (o chamado qal wa-hómer). Mas, ainda que, como pensam muitos
exegetas, Paulo não trate directa e expressamente do tema do pecado original
(só indirectamente), este texto não deixa de oferecer uma base legítima e
sólida para a doutrina proposta pelo Magistério da Igreja, assim resumida no
Catecismo da Igreja Católica, nº 403: «Depois de S. Paulo, a Igreja sempre
ensinou que a imensa miséria que oprime os homens, e a sua inclinação para o
mal e para a morte não se compreendem sem a ligação com o pecado de Adão e o
facto de ele nos transmitir um pecado de que todos nascemos infectados e que é
a ‘morte da alma’. A partir desta certeza de fé, a Igreja concede o Baptismo
para a remissão dos pecados, mesmo às crianças que não cometeram qualquer
pecado pessoal».
Aclamação ao
Evangelho
Jo 15, 26b.27a
Monição: Só
com o Espírito da verdade daremos testemunho de Cristo.
ALELUIA
O Espírito da
verdade dará testemunho de Mim, diz o Senhor, e vós também dareis testemunho de
Mim.
Evangelho
São Mateus 10,
26-33
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus apóstolos: 26«Não tenhais medo dos homens, pois nada há
encoberto que não venha a descobrir-se, nada há oculto que não venha a
conhecer-se. 27O que vos digo às escuras, dizei-o à luz do dia; e o que
escutais ao ouvido proclamai-o sobre os telhados. 28Não temais os que matam o
corpo, mas não podem matar a alma. Temei antes Aquele que pode lançar na geena
a alma e o corpo. 29Não se vendem dois passarinhos por uma moeda? E nem um
deles cairá por terra sem consentimento do vosso Pai. 30Até os cabelos da vossa
cabeça estão todos contados. 31Portanto, não temais: valeis muito mais do que
os passarinhos. 32A todo aquele que se tiver declarado por Mim diante dos
homens também Eu Me declararei por ele diante do meu Pai que está nos Céus.
33Mas àquele que Me negar diante dos homens, também Eu o negarei diante do meu
Pai que está nos Céus».
Continuamos
hoje a ter uma série de instruções e advertências de Jesus aos Apóstolos para a
sua missão, que se aplicam a todos os discípulos de Cristo. As exortações desta
secção (vv. 26-33) aparecem condensadas logo na frase inicial: «Não tenhais
medo!», que era um lema proposto pelo inesquecível Papa João Paulo II.
26 «Não
tenhais receio dos homens». Jesus ensina-nos que não devemos temer o que os
homens digam de nós, murmuração ou calúnia (cf. v. 25), pois chegará um dia em
que tudo vem a descobrir-se.
27 «Dizei-o em
plena luz». Se o Senhor falava aos seus particularmente, isso era para vir a
ser anunciado. Por sábia pedagogia divina assim actuava o Senhor, especialmente
para evitar agitações populares. Mas Jesus manda que os seus Apóstolos preguem
a verdade do Evangelho abertamente e a todos, com clareza e sem ambiguidades,
pondo de parte uma falsa prudência humana.
28 «A perdição
da alma e do corpo no Inferno». O Inferno é uma verdade de fé claramente
ensinada por Jesus Cristo (cf. Mt 5, 22-29; 18, 9; Mc 9, 43.45.47; Lc 15, 5;
etc.), uma verdade que a doutrina da Igreja sempre tem lembrado. O Inferno
existe, um castigo eterno para os que morrem em estado de pecado mortal, de
deliberada rejeição de Deus. E não é isto um sinal de menos misericórdia de
Deus, pois os condenados não são capazes de arrependimento para pedir o perdão
e a misericórdia divina. O Inferno é uma realidade misteriosa e é a prova da
liberdade humana e de como Deus a respeita e a toma a sério.
Sugestões para
a homilia
Como é
insegura a confiança nos homens
Repare-se que
hoje quase não se confia em ninguém.
Por um lado o
homem progride em diversos campos de forma vertiginosa.
Porém, de modo
paralelo, fala-se de corrupção, roubos, diversos tipos de violência, faltas de respeito
pela dignidade da pessoa humana, incapacidade de assumir compromissos duráveis,
etc. Pode dizer-se que o homem de hoje perdeu credibilidade.
Mas Deus criou
o homem á Sua imagem e semelhança. Após a queda do homem envia Jesus Cristo
para nos salvar (Segunda Leitura). O homem foi reabilitado mas continua a
afastar-se de Deus. Aqui radica a sua pobreza; o seu fracasso, a sua impotência
para solucionar os problemas com que se debate.
Apelo à
confiança em Deus
Se o homem não
confia em Deus, como pode confiar nos outros homens? Não confiando em Deus o
homem perdeu o ponto de referência, para a sua conduta. O homem de hoje faz
este raciocínio: – «Se não tenho de prestar contas a Deus dos meus actos, para
que hei-de prestar contas aos homens»?
«Se os homens
se atrevem a pedir-me contas dos meus actos, eu saberei libertar-me das malhas
da lei humana, através do meu dinheiro e das minhas influências. Só os pobres
são julgados e condenados».
Quando o homem
não acredita que, após esta vida, terá de prestar contas a Deus, liquida tudo o
que lhe dava segurança e garantia de ser feita justiça.
Meditemos, com
seriedade, sobretudo nestas afirmações de Jesus:
«Não tenhais
medo dos homens, porque não há nada encoberto que não venha a descobrir-se.
Nada há oculto que não venha a conhecer-se».
Não temais os
que matam o corpo mas não podem matar a alma. Temei antes Aquele que pode
lançar no inferno a alma e o corpo»
«Até os
cabelos da vossa cabeça estão contados»
«A todo aquele
que se tiver declarado por Mim diante dos homens também Eu Me declararei por
ele diante de meu Pai que está nos Céus.
Mas àquele que
Me negar diante dos homens também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos
Céus».
De tudo isto
conclui-se que o homem, queira ou não, terá de prestar contas a Deus do bem e
do mal que praticar neste mundo. Sobre o homem, devemos colocar dois problemas:
«De onde vens? Para onde vais?»
A Deus ninguém
pode enganar.
LITURGIA
EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE
AS OBLATAS: Por este sacrifício de reconciliação e de louvor, purificai,
Senhor, os nossos corações, para que se tornem uma oblação agradável a vossos
olhos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
SANTO
Monição da
Comunhão
Sem Comunhão
frequente não haverá verdadeira confiança em Deus.
Salmo 144, 15
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO: Os olhos de todos esperam em Vós, Senhor, e a seu tempo lhes dais o
alimento.
Ou
Jo 10, 11.15
Eu sou o Bom
Pastor e dou a vida pelas minhas ovelhas, diz o Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS
DA COMUNHÃO: Senhor, que nos renovastes pela comunhão do Corpo e do Sangue de
Cristo, fazei que a participação nestes mistérios nos alcance a plenitude da
redenção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
RITOS FINAIS
Monição final
Vamos em paz e
mostremos, com atitudes concretas, que temos uma grande confiança em Deus.
HOMILIA FERIAL
12ª SEMANA
2ª Feira,
23-VI: A medida com que julgamos e seremos julgados.
2 Reis 17,
5-8. 13-15. 18 / Mt 7, 1-5
Segundo o
juízo que fizerdes é que haveis de ser julgados, e a medida que empregardes é
que hão-de empregar para vós.
«A atitude
tomada para com o próximo, revelará a aceitação ou a recusa da graça e do amor
divino (cf. Ev)» (CIC, 678). Por isso, rezamos com frequência a Deus que perdoe
as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
Os filhos de
Israel não quiseram obedecer a Deus, os seus corações endureceram, deixaram de
acreditar no Senhor, desprezaram os seus preceitos, bem como a Aliança
estabelecida. «Então o Senhor indignou-se grandemente contra Israel e lançou-o
para longe da sua presença» (Leit).
Celebração e
Homilia: ADRIANO TEIXEIRA
Nota
Exegética: GERALDO MORUJÃO
Homilia
Ferial: NUNO ROMÃO