26º Domingo do Tempo Comum, Ano C 1

26º Domingo do Tempo Comum, Ano C
Roteiro Homilético 1: Mensagem
(cnbbleste2.org.br Dom Emanuel Messias de Oliveira)
1a LEITURA –Am 6,1a.4-7

   O contexto das profecias de Amós é a prosperidade do país oriunda das conquistas de Jeroboão II. Havia paz, bem-estar e segurança, mas só para os ricos. Estes viviam no luxo, em festas e orgias, enquanto os pobres eram deixados ao léo – ruína de José. O texto de hoje se dirige diretamente aos nobres da Samaria. Estão se sentindo seguros em suas riquezas (v.1) como se fossem abençoados por Deus. Sua vida ociosa, desregrada, cheia de festa e orgias, na ostentação e no luxo, é um desrespeito pelo pobre, que eles desprezam. Eles não se importam com a ruína de José.

            Onde está o erro dos ricos?


a) Eles exploram os necessitados e oprimem os pobres (cf. 8,4).
b) Eles pensam que conseguem afastar o dia fatal com a violência de suas ações injustas do ponto de vista administrativo e comercial.
c) Eles pensam apenas neles mesmos, em seu bem estar, em enriquecerem cada vez mais, em comidas, bebidas, festas e orgias e se esquecem da ruína de José, dos pobres e necessitados. Sua conduta escandalosa é uma afronta ao necessitado. O que é fundamental para a sobrevivência do pobre eles gastam de uma noite para o dia.
           O castigo do Senhor


Eles se enganam com o “dia do Senhor”. Este dia não será de paz, segurança e prosperidade. Ele vai marcar o fim das festas dos boa-vidas. O v. 7 é fulminante: “é por isso que ireis acorrentados à frente dos cativos!” É a realidade do exílio assírio que está às portas.

2a  LEITURA – 1Tm 6,11-16

Fuga da ambição do dinheiro

Nosso texto inicia fazendo referência à perícope anterior (vv. 6-10), onde se fala, sobretudo, do amor ao dinheiro como raiz de todos os males. Aliás, alguns já se afastaram da fé por causa dessa ânsia de dinheiro. O autor da epístola, na pessoa de Paulo, recomenda a Timóteo a se afastar dessas coisas. Timóteo é chamado aqui de homem de Deus, título aplicado aos profetas Elias e Eliseu. Naturalmente, isto implica na sua missão profética de anunciar a verdade de Jesus Cristo e denunciar toda a tentativa de fazer da religião fonte de lucro (v. 6).

O ideal cristão

O ideal cristão é apontado, sinteticamente, através dessas seis virtudes lembradas no v. 11: A justiça como o agir honesto e reto nas relações humanas. A piedade como o reto agir diante de Deus. A fé como adesão plena não às coisas, mas à pessoa de Jesus. O amor como expressão comunitária da fé. A perseverança como a capacidade de superar os conflitos internos e externos e, finalmente, a mansidão como imitação do Mestre que disse: “Eu sou manso e humilde de coração”. O v. 12 insiste sobre o combate da fé. A fé é uma luta perseverante até a vitória total. Depois, o autor recorda a profissão de fé feita por Timóteo e o próprio Jesus. Timóteo, recordando o batismo; Jesus, através do seu testemunho diante de Pôncio Pilatos. O ideal cristão é o testemunho até o martírio.

O hino ao soberano Senhor

Os dois últimos versículos reproduzindo um hino litúrgico destacam:
a) Que honra e poder eterno convêm só a Jesus Cristo, pois ele é o Bendito e o único Soberano, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores.
b) Jesus é o único que possui a imortalidade e, por isso mesmo, o único que pode dar a vida plena.
c) Jesus habita uma luz inacessível à visão humana. Quer dizer o homem não consegue captar o mistério que envolve a pessoa de Jesus.
Em síntese, só a ele nosso culto de adoração.
Onde está o centro de suas atenções: no dinheiro, no poder, no prazer?

EVANGELHO T

     O que diz a parábola sobre o presente?
Diz que a situação presente dos que não vivem a partilha será invertida na outra vida. A parábola mostra um tremendo contraste entre o rico e o pobre na situação presente e na situação futura. Havia um rico que vivia no esbanjamento de comida, bebidas e roupas finas e não dava o mínimo de atenção aos pobres. Havia um pobre que vivia do outro lado do mundo do rico. Exatamente o contrário. Faltava-lhe tudo: comida, roupa, saúde. Mas ele tinha uma coisa importante, tinha um nome. Chamava-se Lázaro, que quer dizer: Deus ajuda. Apesar de não percebermos com os olhos da carne, Deus está do lado dos pobres e lhes chama pelo nome.

     O que diz a parábola sobre o futuro?
Uma inversão total da situação. O rico pensava que seria suficiente ser filho de Abraão, ter uma religião, cumprir quem sabe, alguns ritos religiosos. Ele, realmente, continua sendo filho de Abraão, mas isto não altera sua situação. Ele se debate em terríveis tormentos. Lázaro, ao contrário, repousa tranquilo e sereno no seio de Abraão.

O 1o pedido do rico
A do dedo para refrescar sua língua (v. 24). Incrível! Onde estão os tonéis de vinho da mesa do rico? Tudo mudou! O egoísmo dos ricos é um abismo intransponível diante dos pobres, só superável pela conversão dos ricos, pois eles mesmos é que cavam este abismo. Na outra vida este abismo é absolutamente intransponível (v. 26). Abraão não pode atender o 1o pedido do rico.

O 2o pedido do rico

Pede que Lázaro desça como testemunho para os seus cinco irmãos para eles não terem o mesmo fim (v. 28). Abraão responde que basta eles ouvirem a Lei e os Profetas (v. 29). Mas o rico só acredita em fatos extraordinários como a ressurreição de um morto. Será? Abraão afirma que quem é insensível ao apelo da Lei e dos Profetas e não é capaz de ouvir o grito dos excluídos, não será sensível diante da ressurreição de um morto. Os ricos de hoje são sensíveis à ressurreição de Jesus? A única chance dos ricos está na partilha dos seus bens com os pobres (cf. Lc 19,8 – a partilha de Zaqueu).


Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo diocesano de Caratinga