26º Domingo do Tempo Comum, Ano C 10

Roteiro Homilético 10: Diocese de Guaranhuns
(http://www.presbiteros.com.br/)
Leituras: Am 6,1a.4-7; Sl 145; 1Tm 6,11-16;Ev Lc 16,19-31
A liturgia dominical, que nos é proposta, leva-nos a meditar sobre o sentido crucial da solidariedade com os mais pobres, como critério determinante na nossa posse ou não da vida eterna. Apegar-se a uma vida material sem se importar com o outro que necessita é contrário a proposta de Jesus para os seus discípulos  e para todos.
  O profeta Amós denuncia o luxo no qual se deleita a elite da Samaria. Sua pregação no período do reinado de Joroboão II (783-743a.C), desmascara a hipocrisia de uma elite que enriquece enquanto a maior parte do povo vive na miséria (Am 3,13-15). Essa condenação se estende não apenas a Israel, mas às nações vizinhas (Am 1,3-2,16). O luxo na qual vive a Samaria não é sinal de sua prosperidade mas de sua ruína. O dia do senhor, expressão esta usada pela primeira vez pelo profeta Amós(5,18-20), não será de luz mas de trevas para esses.
  O evangelho de hoje também nos coloca diante de uma situação análoga. O rico, sem nome, vive na opulência de seus bens, sem perceber a existência do pobre Lázaro em sua porta. E não percebe porque a abundância de bens lhe fechou o coração. Nem as migalhas que caem da mesa do rico, o pobre Lázaro tem acesso. Tais migalhas não são como as entendemos hoje, mas os pedaços de pães usados para limpar as mãos durante as refeições(Cf J. Jeremias2008, p. 250), o que ressalta, ainda mais a condição humilhante na qual Lázaro se encontra.
  Lázaro é o protótipo do humilhado: sem casa, sem comida, doente (feridas), em um estado de animalização, assim é considerado (os cães que lhe lambem as feridas). O rico tem sua casa, roupas finas, elegantes, banquetes e comida a vontade. Ao que parece, segundo a sabedoria primitiva de Israel, segundo a qual Deus recompensa o justo e castiga o pecador (Cf Bento XVI, 2007, p.187-188), o castigado seria Lázaro e não o rico, já que os bens podem ser visto como um dom de Deus. Contudo, ainda que o texto não diga isso, mas, o erro do rico está na sua falta de solidariedade com o pobre. É certo, contudo que não vemos uma falha moral no rico, nem uma virtude em Lázaro, a simples razão, textual, da salvação de um e da condenação do outro é o ser rico ou ser pobre (Cf. v25).
  No  texto acima já citado, o Papa Bento XVI nos diz que "o libertino rico já era neste mundo um homem de coração vazio, que queria na sua devassidão apenas abafar o vazio, que já constava no aquém" , deste modo, sua condenação deve-se ao seu fechamento para o outro que estava na sua porta destituído de sua dignidade.
  Esta estória exemplar, que Jesus conta, faz-nos despertar a atenção para o que é anunciado por "Moisés e os profetas", isto evita uma tal surpresa depois da morte. O homem rico age sem ponderar a possibilidade de uma vida após esta. Age como sendo a medida de todos as coisas, com o coração fechado para o pobre Lázaro, isto será sua ruína. Aprendamos a ser solidários face ao pobre para não termos o mesmo destino do rico.

  O verdadeiro Lázaro é Cristo, que vive a nossa porta, com um desejo grandioso de entrar para cearmos juntos. Ele é o Lázaro que volta do reino dos mortos, para nos dizer qual é a vontade do pai e qual caminho devemos seguir: o do amor incondicional, sobretudo, aos mais pobres.