Roteiro Homilético 10: Diocese de Guaranhuns
(http://www.presbiteros.com.br/)
Leituras: Am
6,1a.4-7; Sl 145; 1Tm 6,11-16;Ev Lc 16,19-31
A liturgia
dominical, que nos é proposta, leva-nos a meditar sobre o sentido crucial da
solidariedade com os mais pobres, como critério determinante na nossa posse ou
não da vida eterna. Apegar-se a uma vida material sem se importar com o outro
que necessita é contrário a proposta de Jesus para os seus discípulos e para todos.
O profeta Amós denuncia o luxo no qual se
deleita a elite da Samaria. Sua pregação no período do reinado de Joroboão II
(783-743a.C), desmascara a hipocrisia de uma elite que enriquece enquanto a
maior parte do povo vive na miséria (Am 3,13-15). Essa condenação se estende
não apenas a Israel, mas às nações vizinhas (Am 1,3-2,16). O luxo na qual vive
a Samaria não é sinal de sua prosperidade mas de sua ruína. O dia do senhor,
expressão esta usada pela primeira vez pelo profeta Amós(5,18-20), não será de
luz mas de trevas para esses.
O evangelho de hoje também nos coloca diante
de uma situação análoga. O rico, sem nome, vive na opulência de seus bens, sem
perceber a existência do pobre Lázaro em sua porta. E não percebe porque a
abundância de bens lhe fechou o coração. Nem as migalhas que caem da mesa do
rico, o pobre Lázaro tem acesso. Tais migalhas não são como as entendemos hoje,
mas os pedaços de pães usados para limpar as mãos durante as refeições(Cf J.
Jeremias2008, p. 250), o que ressalta, ainda mais a condição humilhante na qual
Lázaro se encontra.
Lázaro é o protótipo do humilhado: sem casa,
sem comida, doente (feridas), em um estado de animalização, assim é considerado
(os cães que lhe lambem as feridas). O rico tem sua casa, roupas finas,
elegantes, banquetes e comida a vontade. Ao que parece, segundo a sabedoria
primitiva de Israel, segundo a qual Deus recompensa o justo e castiga o pecador
(Cf Bento XVI, 2007, p.187-188), o castigado seria Lázaro e não o rico, já que
os bens podem ser visto como um dom de Deus. Contudo, ainda que o texto não
diga isso, mas, o erro do rico está na sua falta de solidariedade com o pobre.
É certo, contudo que não vemos uma falha moral no rico, nem uma virtude em
Lázaro, a simples razão, textual, da salvação de um e da condenação do outro é
o ser rico ou ser pobre (Cf. v25).
No
texto acima já citado, o Papa Bento XVI nos diz que "o libertino
rico já era neste mundo um homem de coração vazio, que queria na sua devassidão
apenas abafar o vazio, que já constava no aquém" , deste modo, sua
condenação deve-se ao seu fechamento para o outro que estava na sua porta
destituído de sua dignidade.
Esta estória exemplar, que Jesus conta,
faz-nos despertar a atenção para o que é anunciado por "Moisés e os
profetas", isto evita uma tal surpresa depois da morte. O homem rico age
sem ponderar a possibilidade de uma vida após esta. Age como sendo a medida de
todos as coisas, com o coração fechado para o pobre Lázaro, isto será sua
ruína. Aprendamos a ser solidários face ao pobre para não termos o mesmo
destino do rico.
O verdadeiro Lázaro é Cristo, que vive a
nossa porta, com um desejo grandioso de entrar para cearmos juntos. Ele é o
Lázaro que volta do reino dos mortos, para nos dizer qual é a vontade do pai e
qual caminho devemos seguir: o do amor incondicional, sobretudo, aos mais
pobres.