Roteiro Homilético 8: Mons. José Maria
(http://www.presbiteros.com.br/)
Aumentar a FÉ!
No Evangelho,
em Lc 17, 5-10, surge a súplica dos Apóstolos: “Senhor, aumenta a nossa fé!” E
Jesus disse-lhes: “se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda,
poderíeis dizer a esta amoreira: arranca-te daqui e planta-te no mar, e ela vos
obedeceria”. É uma linguagem figurada que exprime a onipotência da fé. Jesus
não pede muito; pede apenas um pouquinho de fé, como o minúsculo grão de
mostarda, bem menor do que a cabeça de um alfinete; mas, se for sincera, viva,
convicta, a fé será capaz de coisas muito maiores, inconcebíveis à compreensão
humana. Jesus quer educar os seus discípulos numa fé sem incerteza nem
vacilações, numa fé que, apoiada na força de Deus, tudo crê, tudo espera, a
tudo se atreve, e persevera invencível, mesmo nas dificuldades mais árduas e
difíceis.
Precisamos de
uma fé firme, que nos leve a alcançar metas que estão acima das nossas forças,
que aplaine os obstáculos e supere os “impossíveis” na nossa tarefa apostólica.
É esta a virtude que nos dá a verdadeira dimensão dos acontecimentos e nos
permite julgar retamente todas as coisas. Só pela luz da fé e pela meditação da
palavra de Deus é que se pode sempre e por toda a parte divisar Deus “em quem
vivemos e nos movemos e somos” (At 17, 28), procurar a sua vontade em todos os
acontecimentos, ver Cristo em todos os homens, sejam próximos ou estranhos, e
julgar com retidão sobre o verdadeiro significado e valor das coisas temporais,
em si mesmas e em relação ao fim do homem.
Devemos pedir
ao Senhor uma fé firme que reanime o nosso amor e nos faça superar as nossas
fraquezas, a fim de sermos testemunhas vivas no lugar em que se desenvolve a
nossa vida.
Que força
comunica a fé! Com ela superamos os obstáculos de um ambiente adverso e as
dificuldades pessoais, que com muita freqüência são mais difíceis de vencer.
Houve ocasiões
em que Jesus chamou aos Apóstolos “homens de pouca fé” (Mt 8, 26; 6, 30), pois
não se encontravam à altura das circunstâncias. O Messias estava com eles, e no
entanto tremiam de medo diante de uma tempestade no mar (Mt 8, 26), ou
preocupavam-se excessivamente com o futuro, quando fora o próprio Cristo quem
os chamara para que O seguissem. “Senhor, aumenta-nos a fé, pediram a Jesus. O
Senhor atendeu a esse pedido, pois todos eles acabaram por dar a vida em
testemunho supremo da sua firme adesão a Cristo e aos seus ensinamentos.
Nós também nos
sentimos por vezes carentes de fé diante das dificuldades, da carência de
meios, como os Apóstolos… Precisamos de mais fé! E ela aumenta com a petição
assídua, com a correspondência às graças que recebemos, com atos de fé.
“Falta-nos fé. No dia em que vivermos esta virtude – confiando em Deus e na sua
Mãe –, seremos valentes e leais. Deus, que é o Deus de sempre, fará milagres
por nossas mãos. Dá-me, ó Jesus, essa fé, que de verdade desejo! Minha Mãe e
Senhora minha, Maria Santíssima, faz que eu creia!” (São Josemaria Escrivá,
Forja, nº. 235).
Senhor,
aumenta-nos a fé! Que boa jaculatória para que a repitamos ao Senhor muitas
vezes!
A fé é um dom
de Deus que a nossa pequenez nem sempre consegue sustentar. Por vezes, é tão
pequena como um grãozinho de mostarda. Não nos surpreendamos com a nossa
debilidade, pois Deus conta com ela. Imitemos os Apóstolos quando compreenderam
que tudo aquilo que viam e ouviam excedia a sua capacidade. Peçamos a Cristo,
através de Nossa Senhora e com a humildade dos discípulos, que nos aumente a
fé, para que, como eles, possamos ser fiéis até o fim dos nossos dias e levemos
muitas pessoas até Ele, como fizeram aqueles que O seguiam de perto em todos os
tempos.
Diante das
provações, dos desafios, o Senhor nos fala pelo Profeta Habacuc: “… o justo
viverá por sua fé” (Hab 2, 4). Este ensinamento tanto é para o israelita, como
para o cristão de todos os tempos; é válido em qualquer circunstância da vida
dos indivíduos, dos povos ou da Igreja. Mesmo que tudo aconteça como se Deus
não existisse ou não visse, é necessário permanecer firmes na fé. Deus não pode
demorar a Sua intervenção e intervirá, certamente, em favor dos que acreditam
nEle e nEle depositam a sua confiança. “Deus concorre em tudo para o bem dos
que O amam” (Rm 8, 28).
Mons. José
Maria Pereira