Roteiro Homilético 1: Mensagem
(cnbbleste2.org.br Dom Emanuel Messias de Oliveira)
1a LEITURA –
2Rs 5,14-17
No tempo dos
profetas Elias e Eliseu (séc. IX a.C.). O povo estava muito indiferente para
com Javé, e os sírios invadiam com frequência o território de Israel. Uma vez
raptaram uma jovem israelita, que foi feita mulher do general sírio chamado
Naamã. Ele sofria de doença da pele. A jovem aconselha o general a procurar o
profeta Eliseu com a certeza de que ele podia curá-lo em nome de Javé.
O capítulo 5o
mostra a caminhada, conversão e fé do general Naamã. Primeiro ele pensa que o
rei de Israel poderia curá-lo, mas se engana (vv. 6-7). O profeta Eliseu vai
curar o general pagão para mostrar que há um profeta em Israel (v. 8). Mas
Eliseu dá uma ordem que desagrada ao general: lavar-se sete vezes no rio Jordão
(v. 10). O general debocha do profeta, pois em Damasco há rios mais famosos do
que o rio Jordão de Israel. Ele queria um milagre instantâneo (vv. 10-12). Mas,
depois, a conselho de seus servos, ele obedeceu ao profeta e ficou curado (vv.
13-15). Naamã reconhece que não há outro Deus na terra a não ser em Israel (v.
15). Depois insiste com o profeta para aceitar um presente como sinal de
reconhecimento. Mas o profeta não aceita nada para mostrar a gratuidade das
ações de Deus.
Ensinamento do
texto
1) O profeta
não restringe seu trabalho ao povo de Israel. Curando o profeta Naamã, ele
mostra que está a serviço de Deus doador da vida para todos.
2) As ações de
Deus são totalmente gratuitas. O povo deve viver um novo tipo de relacionamento
baseado no serviço e na gratuidade. E deve reconhecer o poder de Deus e
depositar plena confiança nele.
3) Para Naamã
Deus morava apenas em Israel, mas na verdade Deus está presente no mundo todo,
que é obra de suas mãos. Ele é o único Deus em todo o universo.
2a LEITURA –
2Tm 2,8-13
Lembramos que
o autor escreve como se fosse Paulo, por isso colocaremos “Paulo” entre aspas.
Os cristãos, fiéis à prática de Jesus, são chamados à resistência na fé, pois
também Jesus resistiu a todo o tipo de sofrimento e sem vacilar enfrentou a
morte, mas, depois, ressuscitou dos mortos (v. 8). “Paulo” prega o evangelho de
Jesus morto e ressuscitado para que cada cristão possa resistir a todo tipo de
sofrimento e ser capaz de enfrentar até mesmo a morte, se for preciso, por
causa de Jesus. “Paulo” sofre por causa do seu Evangelho a ponto de estar
acorrentado como malfeitor. Mas “ele” diz uma coisa interessante. Ele está
acorrentado, mas a Palavra de Deus não está algemada (v. 9b) Ninguém pode
prendê-la. Isto dá força e coragem para o apóstolo suportar qualquer coisa por
causa dos escolhidos. Ele quer que “também eles alcancem a salvação que está em
Jesus Cristo, com a glória eterna”. A gente percebe o contraste entre a vida
deste mundo, com suas dificuldades e sofrimentos passageiros e a glória eterna
do outro mundo, na companhia de Jesus glorificado. O hino batismal dos vv.
11-13 vai continuar salientando a caminhada daqueles que estão unidos a Cristo
neste mundo na certeza de que continuarão unidos a ele no outro. “Se negarmos o
Cristo, é claro, ele também nos renegará, mas se morrermos com ele, com ele
viveremos, se sofrermos com ele, com ele reinaremos”. Em síntese, ser cristão é perseverar, morrer,
viver e reinar com Cristo. O v. 16 afirma que se formos infiéis a Cristo, ele
permanecerá fiel às suas promessas, ele permanecerá fiel à sua intenção de
salvar todos os homens, “pois ele não pode renegar-se a si mesmo”.
EVANGELHO – Lc
17,11-19
Os excluídos
clamam a Jesus e ele os atende
Jesus continua
sua caminhada para Jerusalém. Passando por Samaria, dez leprosos vieram ao seu
encontro com esperança de serem curados (vv. 12-13). O texto diz que um era
samaritano e insinua que os outros nove eram judeus. Judeus e samaritanos não
combinavam, mas aqui eles caminhavam juntos. É que a miséria e a exclusão só
encontram saída através da solidariedade. Os dez leprosos pararam de longe,
pois eles não podiam se aproximar das pessoas; deviam morar fora do povoado,
longe do convívio social, com vida de um verdadeiro excluído. Graças a Deus
progredimos um pouquinho neste campo, pois os hansenianos de hoje participam da
convivência social. Mas não devemos tranquilizar nossa consciência, pois os
leprosos simbolizam no Evangelho todos aqueles que a sociedade marginaliza,
simbolizam todos os excluídos de ontem e de hoje. Eles apelaram para a
compaixão de Jesus (v. 13). Jesus os atendeu, mandou-os apresentarem-se ao
sacerdote, que era o encarregado de dar alta aos doentes, como o médico de
hoje, depois de analisar e perceber a cura.
A cura
acontece na caminhada de fé e no coração agradecido
Interessante é
o evangelista salientar que ficaram curados enquanto caminhavam. Jesus também
caminhava para Jerusalém. A cura, portanto, está na caminhada do cristão, no
engajamento a serviço do outro na comunidade; a cura está no seguimento de
Jesus. Só o samaritano voltou para dar glória a Deus e agradecer. Os nove
judeus não voltaram. Jesus fica sentido com a insensibilidade e a falta de
gratidão dos judeus. Esta expressão “dar glória a Deus” é usada em Lucas pelos
pobres e oprimidos, que Jesus encontra em seu caminho, libertando-os da
marginalidade (2,20; 5,25; 13,13; 18,43). Jesus realmente veio para incluir no
seu Reino os excluídos da sociedade. Lucas distingue a cura física, da salvação
pela fé. Todos foram curados, mas só ao samaritano Jesus diz: Levante-se e vá.
Sua fé o salvou. O samaritano levantou-se como um ressuscitado; como um homem
curado física e espiritualmente, e como cristão deve prosseguir sua caminhada
de fé: “Vá. Sua fé o salvou”.