28º domingo do tempo comum, Ano C 1

Roteiro Homilético 1: Mensagem
(cnbbleste2.org.br Dom Emanuel Messias de Oliveira)

1a LEITURA – 2Rs 5,14-17
No tempo dos profetas Elias e Eliseu (séc. IX a.C.). O povo estava muito indiferente para com Javé, e os sírios invadiam com frequência o território de Israel. Uma vez raptaram uma jovem israelita, que foi feita mulher do general sírio chamado Naamã. Ele sofria de doença da pele. A jovem aconselha o general a procurar o profeta Eliseu com a certeza de que ele podia curá-lo em nome de Javé.

O capítulo 5o mostra a caminhada, conversão e fé do general Naamã. Primeiro ele pensa que o rei de Israel poderia curá-lo, mas se engana (vv. 6-7). O profeta Eliseu vai curar o general pagão para mostrar que há um profeta em Israel (v. 8). Mas Eliseu dá uma ordem que desagrada ao general: lavar-se sete vezes no rio Jordão (v. 10). O general debocha do profeta, pois em Damasco há rios mais famosos do que o rio Jordão de Israel. Ele queria um milagre instantâneo (vv. 10-12). Mas, depois, a conselho de seus servos, ele obedeceu ao profeta e ficou curado (vv. 13-15). Naamã reconhece que não há outro Deus na terra a não ser em Israel (v. 15). Depois insiste com o profeta para aceitar um presente como sinal de reconhecimento. Mas o profeta não aceita nada para mostrar a gratuidade das ações de Deus.

Ensinamento do texto
1) O profeta não restringe seu trabalho ao povo de Israel. Curando o profeta Naamã, ele mostra que está a serviço de Deus doador da vida para todos.

2) As ações de Deus são totalmente gratuitas. O povo deve viver um novo tipo de relacionamento baseado no serviço e na gratuidade. E deve reconhecer o poder de Deus e depositar plena confiança nele.

3) Para Naamã Deus morava apenas em Israel, mas na verdade Deus está presente no mundo todo, que é obra de suas mãos. Ele é o único Deus em todo o universo.



2a LEITURA – 2Tm 2,8-13
Lembramos que o autor escreve como se fosse Paulo, por isso colocaremos “Paulo” entre aspas. Os cristãos, fiéis à prática de Jesus, são chamados à resistência na fé, pois também Jesus resistiu a todo o tipo de sofrimento e sem vacilar enfrentou a morte, mas, depois, ressuscitou dos mortos (v. 8). “Paulo” prega o evangelho de Jesus morto e ressuscitado para que cada cristão possa resistir a todo tipo de sofrimento e ser capaz de enfrentar até mesmo a morte, se for preciso, por causa de Jesus. “Paulo” sofre por causa do seu Evangelho a ponto de estar acorrentado como malfeitor. Mas “ele” diz uma coisa interessante. Ele está acorrentado, mas a Palavra de Deus não está algemada (v. 9b) Ninguém pode prendê-la. Isto dá força e coragem para o apóstolo suportar qualquer coisa por causa dos escolhidos. Ele quer que “também eles alcancem a salvação que está em Jesus Cristo, com a glória eterna”. A gente percebe o contraste entre a vida deste mundo, com suas dificuldades e sofrimentos passageiros e a glória eterna do outro mundo, na companhia de Jesus glorificado. O hino batismal dos vv. 11-13 vai continuar salientando a caminhada daqueles que estão unidos a Cristo neste mundo na certeza de que continuarão unidos a ele no outro. “Se negarmos o Cristo, é claro, ele também nos renegará, mas se morrermos com ele, com ele viveremos, se sofrermos com ele, com ele reinaremos”.  Em síntese, ser cristão é perseverar, morrer, viver e reinar com Cristo. O v. 16 afirma que se formos infiéis a Cristo, ele permanecerá fiel às suas promessas, ele permanecerá fiel à sua intenção de salvar todos os homens, “pois ele não pode renegar-se a si mesmo”.



EVANGELHO – Lc 17,11-19
Os excluídos clamam a Jesus e ele os atende
Jesus continua sua caminhada para Jerusalém. Passando por Samaria, dez leprosos vieram ao seu encontro com esperança de serem curados (vv. 12-13). O texto diz que um era samaritano e insinua que os outros nove eram judeus. Judeus e samaritanos não combinavam, mas aqui eles caminhavam juntos. É que a miséria e a exclusão só encontram saída através da solidariedade. Os dez leprosos pararam de longe, pois eles não podiam se aproximar das pessoas; deviam morar fora do povoado, longe do convívio social, com vida de um verdadeiro excluído. Graças a Deus progredimos um pouquinho neste campo, pois os hansenianos de hoje participam da convivência social. Mas não devemos tranquilizar nossa consciência, pois os leprosos simbolizam no Evangelho todos aqueles que a sociedade marginaliza, simbolizam todos os excluídos de ontem e de hoje. Eles apelaram para a compaixão de Jesus (v. 13). Jesus os atendeu, mandou-os apresentarem-se ao sacerdote, que era o encarregado de dar alta aos doentes, como o médico de hoje, depois de analisar e perceber a cura.

A cura acontece na caminhada de fé e no coração agradecido
Interessante é o evangelista salientar que ficaram curados enquanto caminhavam. Jesus também caminhava para Jerusalém. A cura, portanto, está na caminhada do cristão, no engajamento a serviço do outro na comunidade; a cura está no seguimento de Jesus. Só o samaritano voltou para dar glória a Deus e agradecer. Os nove judeus não voltaram. Jesus fica sentido com a insensibilidade e a falta de gratidão dos judeus. Esta expressão “dar glória a Deus” é usada em Lucas pelos pobres e oprimidos, que Jesus encontra em seu caminho, libertando-os da marginalidade (2,20; 5,25; 13,13; 18,43). Jesus realmente veio para incluir no seu Reino os excluídos da sociedade. Lucas distingue a cura física, da salvação pela fé. Todos foram curados, mas só ao samaritano Jesus diz: Levante-se e vá. Sua fé o salvou. O samaritano levantou-se como um ressuscitado; como um homem curado física e espiritualmente, e como cristão deve prosseguir sua caminhada de fé: “Vá. Sua fé o salvou”.