30º domingo do tempo comum, Ano C 1

30º domingo do tempo comum, Ano C 1

Roteiro Homilético 1: Mensagem
(cnbbleste2.org.br Dom Emanuel Messias de Oliveira)
1a LEITURA – Eclo 35,15b-17.20-22a
O autor, no capítulo 35 mostra, a importância das cerimônias litúrgicas, o valor dos sacrifícios, mas deixa bem claro que o mais importante, o que constitui a verdadeira religião, a religião que Deus quer, é a prática da justiça. Os poderosos querem agradar a Deus, através das ofertas roubadas dos pobres. Isto é zombar de Deus. O valor da oferta está no coração do ofertante. No v. 12 o autor mostra que Deus não faz distinção entre as pessoas. Ele não prefere a oferta do rico (v. 13). Ele não despreza a súplica do órfão e da viúva (v. 14), mas se comove com ela (v. 15). Os vv. 16-18 mostram a oração que agrada a Deus e de quem Deus agrada. Deus ama e atende as súplicas daqueles que o servem. Deus ouve os justos e injustiçados, aqueles que põem nele sua confiança e lhe pedem justiça. Deus atende todos aqueles que não pretendem fazer de suas orações um comércio com ele; Deus não se deixa comprar por ofertas (v. 11).

A vingança de Deus (vv. 20-22)
Deus não deixa o opressor impune. Ele não deixa de fazer justiça aos excluídos que clamam a ele. O v. 20 diz que Deus não sossega enquanto não quebrar as costas dos cruéis e tomar vingança das nações, ou seja, dos infiéis. O v. 21 é contra os orgulhosos e injustos. Deus não sossega “enquanto não exterminar a multidão dos orgulhosos e quebrar o cetro dos injustos”. A crueldade, o orgulho e a injustiça são atitudes incompatíveis com o Deus de amor, o Deus libertador do órfão e da viúva, ou seja, o Deus dos marginalizados e dos excluídos. Nosso texto termina dizendo que Deus não sossega, “enquanto não retribuir a cada um segundo as suas ações”. Deus criou o homem com capacidade de assumir a responsabilidade de seus próprios atos e vai cobrar isso de cada um de nós.



2a LEITURA – 2Tm 4,6-8.16-18
Retrospectiva e Perspectiva
Já estamos no final do Testamento de “Paulo”. “Paulo” percebe que sua vida está chegando ao fim. Mas, olhando para trás, ele conclui que sua vida não foi em vão, mas foi a vida de um soldado qualificado, um batalhador das coisas de Deus. Como atleta ele terminou a sua corrida, como cristão ele conserva a fé. “Paulo” tem consciência clara do dever cumprido. Agora ele sente que vai derramar seu sangue em libação. Ele prevê seu martírio. Nos sacrifícios do Primeiro Testamento, a libação do vinho, água ou óleo era derramada sobre a vítima (Ex 29,40). A libação de seu sacrifício será seu próprio sangue que vai servir para aumentar e incrementar a evangelização.

Olhando para o futuro
Ele crê que o que lhe resta é a coroa da justiça. Mais uma vez uma imagem desportiva. Como o atleta recebia a coroa da vitória, Paulo espera receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, lhe entregará naquele dia. A coroa da justiça é símbolo da vitória final, da vida eterna. Esta coroa da justiça será conferida também a todos os atletas valentes que continuam na espera ativa, ou seja, com amor concreto, à manifestação de Cristo.

A solidão do "apóstolo"
“Paulo” se sente abandonado e só, como Jesus diante do tribunal. Mas, como Jesus, ele não quer que Deus ponha isto na conta dos que o abandonaram (cf. Lc 23,34). É o perdão de quem sempre agiu por amor. O importante é que o Senhor não o abandonou, mas, ao contrário, o encheu de forças. É assim que sua mensagem pôde chegar aos ouvidos de todas as nações. O v. 17c: “E assim eu fui liberto da boca do leão” está indicando que a morte de “Paulo” não aconteceu após este julgamento no tribunal romano. Mas a esperança de libertação não se restringe mais a este mundo. Seu pensamento já está fixo na salvação definitiva de Deus, a libertação de todo o mal e participação do Reino eterno de Deus. Nosso texto termina com um pequeno hino de louvor: “Ao Senhor, glória para sempre. Amém!” (v. 18).



EVANGELHO – Lc 18,9-14
a) Introdução – O v. 9 mostra a finalidade da parábola. É contada para aqueles que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros. É a típica atitude do fariseu com sua falsa  religião ritualista, ou seja, que se relaciona com Deus apenas através de ritos e preceitos. A parábola ensina também a gratuidade de relacionamento de Deus com os homens e dos homens com Deus.

b) A parábola
O publicano e o fariseu vão ao templo para rezar.

A oração do fariseu.Aqui vemos o retrato do fariseu, sua concepção de Deus, da religião e da oração. O fariseu se considera justo, autêntico e puro. Ele jejua muito mais do que pede a Lei; ele paga o dízimo de toda a sua renda. Ele se considera melhor do que todo o mundo. Ele não é como os outros, que são ladrões, desonestos e adúlteros. Em termos de cumprimento da Lei o fariseu era realmente exemplar. Onde está o seu erro? É que ele é orgulhoso, acha que por ser rigoroso no cumprimento da Lei de Deus, Deus estaria obrigado a reconhecê-lo justo. Ele acha que pode conquistar sozinho a salvação. A religião para ele é um comércio. Ele exalta suas próprias qualidades e ainda julga e condena os outros. Sua religião não deixa margem para a gratuidade de Deus. Sua oração é troca de favores e não um mergulho no mistério e na misericórdia de Deus. Sua oração é, portanto, inautêntica.

A oração do publicano. É exatamente o contrário. O publicano reconhecia sua fraqueza, seu pecado, sua miséria e pedia perdão a Deus. Realmente como cobradores de impostos eram acusados de extorsão e corrupção. Eram colaboracionistas com os opressores que eram os romanos. Mas sua oração é autêntica, humilde, realista.    Ele nem se atrevia a levantar os olhos, mas batia no peito pedindo perdão.

c) A conclusão de Jesus
Jesus subverte a mentalidade farisaica. O fariseu, que se achava merecedor da salvação, volta para casa sem o perdão, enquanto o publicano volta perdoado. E Jesus conclui: “pois quem se eleva, será humilhado, e quem se humilha será elevado”.