31º domingo do tempo comum, Ano C 8
Roteiro Homilético 8: Mons. José Maria
(http://www.presbiteros.com.br/)
A Conversão de
Zaqueu
O Evangelho
(Lc. 19, 1-10) fala-nos do encontro misericordioso de Jesus com Zaqueu. O
Senhor passa por Jericó, a caminho de Jerusalém! Uma multidão apinhava-se nas
ruas por onde o Mestre passava e lá no meio da multidão encontrava-se um homem
chefe dos publicanos e rico, bem conhecido em Jericó pelo seu cargo.
Os publicanos
eram cobradores de impostos. O imposto era fixado pela autoridade romana e os
publicanos cobravam uma sobretaxa, da qual viviam. Isto prestava-se a
arbitrariedades, razão pela qual eram facilmente hostilizados pela população.
São Lucas diz
que Zaqueu procurava ver Jesus para conhecê-Lo, mas não podia por causa da
multidão, pois era muito baixo. Mas o seu desejo é eficaz! Para conseguir
realizar o seu propósito, começa por misturar-se com a multidão e depois, sem
pensar no ridículo da sua atitude, correndo adiante subiu a um sicômaro para
ver Jesus, que devia passar por ali. Não se importa com o que as pessoas possam
pensar ao verem um homem da sua posição começar a correr e depois subir numa
árvore. É uma formidável lição para nós que, acima de tudo, queremos ver Jesus
e permanecer com Ele.
Que o Senhor
aumente em nós o desejo sincero de vê-Lo! Eu quero realmente ver Jesus? –
perguntava o Papa João Paulo II ao comentar esta mensagem do Evangelho –, faço
tudo o que posso para poder vê-Lo? Este problema, depois de dois mil anos, é
tão atual como naquela altura, quando Jesus atravessava as cidades e povoados
da sua terra. E é atual para cada um de nós pessoalmente: quero verdadeiramente
contemplá-Lo, ou não será que venho evitando encontrar-me com Ele? Prefiro não
vê-Lo ou que Ele não me veja? E se já o vislumbro de algum modo, não será que
prefiro vê-Lo de longe, sem me aproximar muito, sem me situar claramente diante
dos seus olhos…, para não ter que aceitar toda a verdade que há nEle, que
provém dEle?
Qualquer
esforço que façamos por aproximar-nos de Cristo é amplamente recompensado.
Disse Jesus: “Zaqueu desce depressa! Hoje Eu devo ficar na tua casa” (Lc 19,
5). Que alegria imensa! Zaqueu, que já se dava por satisfeito de vê-Lo do alto
de uma árvore, ouve Jesus chamá-lo pelo nome, como a um velho amigo, e, e com a
mesma confiança, fazer-se convidar para sua casa. Comenta Santo Agostinho:
“Aquele que tinha por coisa grande e inefável vê-Lo passar, mereceu
imediatamente tê-Lo em casa.” O Mestre, que tinha lido no coração do publicano
a sinceridade dos seus desejos, não quis deixar passar a ocasião. Zaqueu
descobre que é amado pessoalmente por Aquele que se apresenta como o Messias
esperado, sente-se tocado no íntimo do seu espírito e abre o seu coração.
Zaqueu está
agora com o Mestre, e com Ele tem tudo. Mostra com atos a sinceridade da sua
nova vida; converte-se em mais um discípulo do Mestre.
O encontro com
Cristo leva-nos a ser generosos com os outros, a compartilhar imediatamente com
quem está mais necessitado o muito ou o pouco que temos.
“Hoje entrou a
salvação nesta casa” (Lc 19, 9). É um convite à esperança: se alguma vez o
Senhor permite que passemos por dificuldades, se nos sentimos às escuras e
perdidos, temos de saber que Jesus, o Bom Pastor, sairá imediatamente em nossa
busca. Diz Santo Ambrósio: “O Senhor escolhe um chefe de publicanos: quem
poderá desesperar se ele alcançou a graça?” O Senhor nunca se esquece dos seus.
A figura de
Zaqueu deve ajudar-nos a nunca dar ninguém por perdido ou irrecuperável.
Não duvidemos
nunca do Senhor, da sua bondade e do seu amor pelos homens, por muito extremas
ou difíceis que sejam as situações em que nos encontremos ou em que se
encontrem as pessoas que queremos levar até Jesus. A sua misericórdia é sempre
maior do que os nossos pobres raciocínios.
Mons. José
Maria Pereira