3° Domingo do Tempo Comum, Ano A 4
Roteiro Homilético 4: Dom Henrique
A primeira
leitura da Missa de hoje é, em parte, a mesma da Noite do Natal: “O povo que andava
na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte,
uma luz resplandeceu! Fizeste crescer a alegria e aumentaste a felicidade!
Todos se regozijam em tua presença”. Irmãos, esta luz que ilumina as trevas,
que dissipa as sombras da morte, que traz a felicidade, é Jesus. O texto do
Evangelho que escutamos no-lo confirma: Jesus é a bendita luz de Deus que
brilhou neste mundo! Ele mesmo afirmou: “Eu sou a luz do mundo! Quem me segue
não andará nas trevas, mas terá a luz da vida!” (Jo 8,12). Já escutamos tanto
tais afirmações, que corremos o risco de não perceber o quanto são
revolucionárias, o quanto nos comprometem, o quanto são capazes de transformar
a nossa vida!
A Palavra de
Deus nos ensina que o mundo é marcado pelas trevas: trevas na natureza (tais
como a tragédia do tsunami), trevas na história, trevas no coração da
humanidade e de cada um de nós. Olhemos em volta! O mundo não é bonzinho: há
forças destrutivas, caóticas, desagregadoras, forças diabólicas, que destroem a
alegria de viver e ameaçam devorar o sentido da nossa existência… Hoje, tantos
e tantos julgam que podem passar sem Deus, que a religião é uma bobagem e uma
humilhação para o homem… Há tantos que zombam de Deus, do Cristo Jesus, da
Igreja… O que vale no mundo atual? O que é importante? O que conta realmente? O
sucesso, os bens materiais, o prazer e a curtição da vida ao máximo, sem
limites, sem peias… Será que não nos damos conta ainda que vivemos num mundo
novamente pagão, novamente bárbaro, novamente entregue ao seu próprio pensar
tenebroso? Será que não percebemos que o que vemos e lemos e ouvimos dos meios
de comunicação é a defesa de uma humanidade sem Deus e sem fé, de uma
humanidade que tenha somente a si própria como deus? Num mundo assim, Jesus nos
diz: “Eu sou a Luz!” A luz não está nas universidades, a luz não está nos
famosos deste mundo, a luz não está nos que têm o poder político, econômico ou
social! A Luz é Cristo! Só ele nos ilumina, só ele nos revela o sentido da
existência, só ele nos mostra o caminho por onde caminhar! Ser cristão é crer
nisso, é viver disso!
Pois, esse
Jesus, hoje, no Evangelho, nos convida a convertermo-nos a ele, a segui-lo de
verdade, a colocar os passos de nossa vida no seu caminho: “Convertei-vos! O
Reino dos céus está próximo!” Eis o apelo que Jesus nos faz – far-nos-á sempre!
Converter-se significa mudar totalmente o rumo de nossa existência,
alicerçando-a nele e não em nós, abraçando o seu modo de pensar e deixando o
nosso, seguindo sua Palavra e não nossa razão, nossas idéias, nossa cabeça
dura, nosso entendimento curto! Quem vai arriscar? Quem vai caminhar com ele?
Quem vai abraçar sua Palavra, tão diferente do que o mundo quer, do que o mundo
prega, do que o mundo valoriza? “Convertei-vos!” Jesus nos exorta porque sabe
que também nós andamos em trevas, também nós, simplesmente entregues à nossa
vontade e aos nossos pensamentos, jamais poderemos acolher o Reino dos céus!
Não nos iludamos! Não pensemos que somos sábios, centrados e imunes! Somos, nós
também, cegos, curtos de entendimento, pecadores duros e teimosos! Nosso
coração é embotado por tantas paixões e por tantas cegueiras! “Convertei-vos!”
O Governo Lula, neste carnaval, vai convidar tantos e tantos brasileiros a
vestir-se de camisinha; o Senhor pede a todos que se vistam dele: “Revesti-vos
de Cristo e não satisfareis os desejos da carne!” (Rm 13,14) Compreendem,
irmãos e irmãs? O mundo vai para um lado; Jesus nos convida a ir para o outro!
Converter-se é pensar diferente de nós mesmos e do mundo; é andar na contramão
para caminhar com Cristo! Converter-se é deixar-se, como Pedro e André, Tiago e
João que, “imediatamente deixaram as redes… deixaram a barca e o pai” e
seguiram o Senhor!
Caríssimos,
como não recordar a exortação do Apóstolo? “Não andeis como andam os pagãos, na
futilidade de seus pensamentos, com entendimento entenebrecido, alienados da
vida de Deus!” (Ef 4,17)Quando aceitamos esse desafio, esse convite, o sentido
de nossa existência muda, porque começamos a enxergar e avaliar as coisas de um
modo novo, um modo diferente: o modo de Cristo Jesus! Aí se realiza em nós a
palavra da Escritura: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor!
Andai como filhos da luz!” (Ef 5,8).
Caríssimos,
deixar-se iluminar pelo Senhor, permitir que ele dissipe nossas trevas, é um
trabalho, um processo que dura todo o nosso caminho neste mundo. Jamais
estaremos totalmente convertidos, totalmente iluminados. Na segunda leitura da
Missa, São Paulo convidava os cristãos de Corinto à conversão para uma vida de
união e de amor. É assim: a Igreja toda inteira e cada um de nós pessoalmente,
seremos sempre chamados a essa mudança, a esse deixar que a luz de Cristo
invada a nossa existência tenebrosa! Nunca esqueçais, caríssimos, porque é
verdade: “Outrora, sem Cristo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor!
Andai, pois, como filhos da luz!” Seja esse o nosso trabalho, seja essa a nossa
identidade, seja essa a nossa herança, seja essa a nossa recompensa! E que o
Senhor nos socorra com a força da sua graça, ele que é fiel e bendito para
sempre! Amém.