4° Domingo do Tempo Comum, Ano A 1
Roteiro Homilético 1: Mensagem
(cnbbleste2.org.br Dom Emanuel Messias de Oliveira)
1ª LEITURA -
Sf 2,3;3,12-13
Existe
salvação para os ricos e injustos?
Diante de
tantas injustiças cometidas pelos donos do dinheiro e do poder (1,8-9), pelos
comerciantes gananciosos e sem escrúpulos e pelas pessoas auto-suficientes
(1,10-13) o profeta mostra que a única possibilidade de salvação está na busca
de Deus, na busca da justiça e na busca da pobreza. Buscar a Deus é mais que ir
ao templo ou ir à igreja. Buscar a Deus é colocá-locomo centro da nossa vida. É
seguir Seus projetos. O exemplo de quem busca a Deus são os pobres. O texto
poderia ser traduzido dessa forma. "Procurai a Javé como todos os pobres
da terra, que obedecem aos Seus mandamentos" .Eles estão à procura de uma
sociedade mais justa, mais fraterna e igualitária.É só através de uma mudança
de rumo, é só através de uma conversão profunda, através de uma opção pela
justiça e pelos pobres que o rico pode encontrar o caminho da salvação.
A sociedade
ideal é com os pobres (3,12-13)
Aqui está a
síntese da esperança do profeta: "O resto de Israel, um povo pobre e fraco
que se refugiará no nome de Javé" (v. 12). O profeta está farto e
desiludido com os ricos, suas promessas interesseiras, seu egoísmo e
auto-suficiência. Entre os ricos é impossível a partilha e a solidariedade. O
ideal é visto agora na pobreza material e na dependência, pois só assim estarão
excluídos o egoísmo e auto-suficiência, a injustiça nos tribunais e a mentira.
O fundamental nessa sociedade nova é a confiança total em Javé e o respeito
profundo pelo próximo.
2ª LEITURA - 1
Cor. 1,26-31
De onde vem a
salvação?
Em Corinto
além das divisões internas em diversos partidos havia uma diversidade de
problemas que Paulo vai tentando solucionar. O trecho de hoje aborda o problema
da sabedoria humana. Havia um grupo na comunidade que achava que a salvação se
conquistava através do conhecimento dos mistérios de Deus e estes se gloriavam
dos seus dons, da sua intelectualidade. Ora isso é negar o Evangelho de Jesus,
pois ele fez opção pelos pobres e a maioria dos pobres não tinha acesso à
escola. Escola naquele tempo era para gente rica.
A comunidade
de Corinto é feita de pobres
O argumento
que Paulo apresenta para mostrar que a salvação não vem da sabedoria humana,
mas é dom de Deus através da loucura da cruz é a própria comunidade. A
comunidade tinha consciência de ter sido chamada a ser santa e de ter sido
santificada em Jesus Cristo (cf. 1,2.9.26). Então, Paulo diz: Olhem bem quem
são vocês: vocês não são nem intelectuais, nem poderosos, nem da alta
sociedade. A maioria de vocês é gente simples. Diante dos sábios, Deus escolhe
a loucura, diante dos fortes, Deus escolhe a fraqueza, diante do que o mundo
pensa que tem valor, Deus escolhe o desprezível. É que Deus quer confundir o
orgulho, a vaidade, a pretensa sabedoria humana. Os valores de Deus são outros,
os caminhos de Deus são diferentes, os pensamentos de Deus não coincidem com os
pensamentos dos homens. Ninguém pode se orgulhar na presença de Deus. A
salvação é iniciativa de Deus através da Cruz de Cristo, que se tornou para nós
sabedoria divina, justiça, santificação, libertação. "Aquele que se gloria
que se glorie no Senhor".
EVANGELHO -
Mt 5,1-12a
O Evangelho de
Mateus tem cinco grandes sermões. O primeiro é o Sermão da Montanha (Mt 5-7).
As bem-aventuranças são apenas o início deste grande sermão. A quem Jesus se
dirige? Às multidões vindas de todas as
partes e constituídas na sua grande maioria de gente simples, pobre e marginalizada.
Mateus, lembrando que Jesus subiu ao Monte, ele O apresenta como Novo Moisés
(Monte Sinai), inaugurando uma Nova Aliança sem fronteiras e constituindo um
novo povo. A aproximação dos discípulos indica que não há mais distância entre
Deus e o povo, não há mais mediação mosaica. Agora não temos mais leis, mas
propostas de felicidade para este povo empobrecido, aflito, amansado pelo poder
e faminto; Jesus o declara feliz.
A 1ª e a 8ª
Bem-aventurança (vv. 3 e 10)
Estas duas
bem-aventuranças estão no presente do indicativo. O complemento das duas é o
mesmo: "porque deles é o Reino dos Céus". Nem se trata de uma
promessa, mas de uma constatação da realidade do povo. As outras trazem o verbo
no futuro, indicando uma promessa (vv. 4-9). São praticamente explicações
dessas duas: "Pobres em espírito" não significa apenas espírito de
pobre, são pobres de fato, são os injustiçados que buscam servir a Deus e não
as riquezas, pois têm consciência de que não se pode servir a dois senhores.
Servindo a Deus estão dispostos a partilhar a vida com os outros e a viver a
comunhão. Por isso são odiados e perseguidos, porque buscam a justiça do Reino
que a sociedade estabelecida (ambiciosa e egoísta) rejeita e menospreza.
Qual é mesmo a
situação dos pobres? (vv. 4-6).
Eles são
afligidos pela sociedade impiedosa e opressora, mas eles serão consolados. Eles
são amansados pela tirania do poder, mas eles herdarão a terra. Pode demorar,
mas a reforma agrária vai acontecer, pois é da vontade de Deus! Um dia os
poderosos terão que ceder. Eles têm fome e sede de justiça, porque este é o
alimento dos pequeninos do Reino de Deus
Qual é a opção
dos pobres? (vv. 7-9)
Eles, no
fundo, querem construir a nova sociedade projetada por Jesus. Eles buscam a
misericórdia e a solidariedade, querem colocar os bens da criação à disposição
de todos. Eles são puros de coração, ou seja, buscam uma conduta íntegra e
justa sem querer se apropriar dos bens ou da vida do outro como fazem os
poderosos. Eles promovem a paz, que é a plenitude de todos os bens para todos.
Eles realizam o projeto do Filho. Eles são proclamados felizes por causa de
tudo isso.
A última
bem-aventurança (vv. 11-12)
Retratando a
situação concreta da comunidade de Mateus mostra que ela é vítima de injúrias,
perseguições e mentiras. Mas, mesmo assim, ela pode sentir-se feliz, porque a
sua recompensa nos céus será muito grande.