4° Domingo do Tempo Comum, Ano A 8
Roteiro Homilético 8: Mons. José Maria
(http://www.presbiteros.com.br/)
Onde está a
Felicidade?
Jesus está
diante de uma multidão imensa! Esperam dEle a sua doutrina salvadora, que dará
sentido às suas vidas. Então Jesus subiu ao monte e começou a ensinar-lhes (Mt
5, 1-12).
É esta a
ocasião que Jesus aproveita para traçar uma imagem profunda do verdadeiro
discípulo.
Trata-se do
Evangelho das bem-aventuranças que constitui um resumo do Sermão da Montanha e
de todo o Evangelho de Jesus Cristo.
“Bem-aventurado”
significa feliz, ditoso, e em cada uma das Bem-Aventuranças Jesus começa por
prometer a felicidade e por indicar os meios para consegui-la. Por que Jesus
começa falando da felicidade? Porque em todos os homens há uma tendência
irresistível para serem felizes; esse é o fim que têm em vista em todos os seus
atos; mas muitas vezes buscam a felicidade no lugar em que ela não se encontra,
em que só acharão tristeza.
“Jesus começou
a ensiná-los: Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos
céus” (Mt 5, 2-3).
A atitude
fundamental exigida para participar do Reino dos Céus é a pobreza em espírito.
Pobre em espírito é todo aquele que tem a atitude de confiança da criança em
relação a seus pais. Pobre em espírito é quem coloca toda a sua confiança no
Senhor. É o que não coloca sua segurança nos bens materiais, na glória e na
fama, mas em Deus. O cristão considera-se diante de Deus como um filho pequeno
que não tem nada em propriedade; tudo é de Deus seu Pai e a Ele o deve. A
pobreza em espírito, quer dizer, a pobreza cristã, exige o despreendimento dos
bens materiais e austeridade no uso deles.
O espírito de
pobreza, a fome de justiça, a misericórdia, a pureza de coração, o suportar
injúrias por causa do Evangelho são aspectos de uma única atitude da alma: o
abandono em Deus, a confiança absoluta e incondicional no Senhor.
Em geral o homem
antigo, mesmo no povo de Israel, procurava a riqueza, o gozo, a estima, o
poder, e considerava tudo isso como a fonte de toda a felicidade. Jesus traça
um caminho diferente. Exalta e abençoa a pobreza, a doçura, a misericórdia, a
pureza, a humildade.
Com as
Bem-aventuranças, o pensamento fundamental que Jesus queria inculcar nos
ouvintes era este: só o servir a Deus torna o homem feliz.
O conjunto de
todas as Bem-aventuranças traça, pois, um único ideal: o da santidade. Ao
escutarmos hoje novamente essas palavras do Senhor, reavivamos em nós esse
ideal como eixo de toda a nossa vida. Como nos diz o Apóstolo S. Paulo: “Esta é
a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4, 3). Chama cada um à santidade
e a cada um pede amor: a jovens e velhos, a solteiros e casados, aos que têm
saúde e aos enfermos, a cultos e ignorantes; trabalhem onde trabalharem,
estejam onde estiverem.
Sejam quais
forem as circunstâncias por que atravessemos na vida, temos que sentir-nos
convidados a viver em plenitude a vida cristã. Não pode haver desculpas, não
podemos dizer a Deus: “Esperai, Senhor, que se solucione este problema, que me
recupere desta doença, que deixe de ser caluniado ou perseguido…, e então
começarei de verdade a buscar a santidade”. Seria um triste engano não
aproveitarmos precisamente essas circunstâncias duras para nos unirmos mais a
Deus.
“Bem-aventurados
sois vós quando vos injuriarem e perseguirem…Alegrai-vos e exultai, porque será
grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5, 11-12). Assim como nenhuma coisa da
terra nos pode proporcionar a felicidade que todos procuramos, assim nada nos
pode tirá-la se estivermos unidos a Deus. A nossa felicidade e a nossa
plenitude procedem de Deus. Peçamos ao Senhor que transforme as nossas almas,
operando uma mudança radical nos nossos critérios sobre a felicidade e a
infelicidade.
Seremos
necessariamente felizes se estivermos abertos aos caminhos de Deus em nossas
vidas. Quando os homens, para encontrarem a felicidade, experimentam caminhos
diferentes do da vontade de Deus, diferentes daquele que o Mestre nos traçou,
no fim só encontram solidão e tristeza. Longe do Senhor, só se colhem frutos
amargos e, de uma forma ou de outra, acaba-se como o filho pródigo enquanto
esteve longe da casa paterna: comendo bolotas e cuidando de porcos (Lc 15,
11-32).
São felizes
aqueles que seguem o Senhor, aqueles que lhe pedem e fomentam dentro de si o
desejo de santidade.
Quando nos
falta alegria, com certeza, é porque não procuramos a Deus de verdade, no
trabalho, naqueles que nos rodeiam, nas dificuldades. Não será, talvez, porque
ainda não estamos inteiramente desprendidos? “Alegre-se o coração dos que
procuram o Senhor”!
Mons. José
Maria Pereira