Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus 6
Roteiro Homilético 6: Roteiro
RITOS INICIAIS
Antífona de
entrada: Salvé, Santa Mãe, que destes à luz o Rei do céu e da terra.
Ou
cf. Is 9, 2.6;
Lc 1, 33
Hoje sobre nós
resplandece uma luz: nasceu o Senhor. O seu nome será Admirável, Deus forte,
Pai da eternidade, Príncipe da paz. E o seu reino não terá fim.
Diz-se o
Glória.
Introdução ao
espírito da Celebração
O êxito de uma
empresa depende de um bom começo, da comunhão fraterna entre os membros que a
compõem, familiares, amigos e conhecidos, e trabalhadores.
A nosssa
preocupação é a espiritual, de comunhão com Deus, com Maria Mãe de Deus, com a
igreja.
A felicidade
depende do trabalho para melhorar o nosso amor à santificação no ano que
começamos.
Oração
colecta: Senhor nosso Deus, que, pela virgindade fecunda de Maria Santíssima,
destes aos homens a salvação eterna, fazei-nos sentir a intercessão daquela que
nos trouxe o Autor da vida, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
Liturgia da
Palavra
Primeira
Leitura
Monição:
Escutemos a fórmula da benção do povo de Israel, para obter benevolência de
Deus e paz i.e. todo o conjunto de bens.
Números 6,
22-27
22O Senhor
disse a Moisés: 23«Fala a Aarão e aos seus filhos e diz-lhes: Assim abençoareis
os filhos de Israel, dizendo: 24‘O Senhor te abençoe e te proteja. 25O Senhor
faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. 26O Senhor volte para ti
os seus olhos e te conceda a paz’. 27Assim invocarão o meu nome sobre os filhos
de Israel e Eu os abençoarei».
24-26 Esta é
uma bênção própria da liturgia judaica, ainda hoje usada. É tripla e crescente:
com três palavras a primeira; com 5 palavras e com 7 as seguintes (no original
hebraico). A tríplice invocação do Senhor, faz-nos lembrar a bênção da Igreja,
em nome das Três Pessoas da SS. Trindade.
Quando, ao
começar o ano civil, nos saudamos desejando Ano Novo feliz, aqui temos as
felicitações, isto é, as bênçãos que o Senhor – e a Igreja – nos endereça.
Salmo
Responsorial
Salmo 66 (67),
2-3.5.6 e 8 (R. 2a)
Monição: Salmo
de gratidão pelas colheitas; seja, ainda, de súplica de graças para o ano que
começa.
Refrão: Deus Se compadeça de nós
e nos dê a sua
bênção.
Deus Se
compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça
sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se
conhecerão os seus caminhos
e entre os
povos a sua salvação.
Alegrem-se e
exultem as nações,
porque julgais
os povos com justiça
e governais as
nações sobre a terra.
Os povos Vos
louvem, ó Deus,
todos os povos
Vos louvem.
Deus nos dê a
sua bênção
e chegue o seu
temor aos confins da terra.
Segunda
Leitura
Monição: Esta
leitura descreve-nos um efeito da Incarnação do Filho de Deus, «nascido duma
mulher», isto é, MARIA, para recebermos a adopção de filhos.
Gálatas 4, 4-7
Irmãos:
4Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma
mulher e sujeito à Lei, 5para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar
seus filhos adoptivos. 6E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o
Espírito de seu Filho, que clama: «Abbá! Pai!». 7Assim, já não és escravo, mas
filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.
O texto
escolhido para hoje corresponde à única vez que S. Paulo, em todas as suas
cartas, menciona directamente a Virgem Maria. Não deixa de ser interessante a
alusão à Mãe de Jesus, sem mencionar o pai, o que parece insinuar a maternidade
virginal de Maria.
5 Segundo o
pensamento paulino, Cristo, sofrendo e morrendo, satisfaz as exigências
punitivas da Lei, que exigia a morte do pecador; assim «resgatou os que estavam
sujeitos à Lei» e mereceu-nos vir a ser filhos adoptivos de Deus. O Natal é a
festa do nascimento do Filho de Deus e também a da nossa filiação divina.
6 «Abbá».
Porque somos realmente filhos de Deus, podemos dirigirmo-nos a Ele com a
confiança de filhos pequenos e chamar-Lhe, à maneira das criancinhas: «Papá».
«Abbá» é o diminutivo carinhoso com que ainda hoje, em Israel, os filhos chamam
pelo pai (abbá). S. Paulo, escrevendo em grego e para destinatários que na
maior parte não sabiam hebraico, parece querer manter a mesma expressão
carinhosa e familiar com que Jesus se dirigia ao Pai, a qual teria causado um
grande impacto nos próprios discípulos, porque jamais um judeu se tinha
atrevido a invocar a Deus desta maneira; esta é a razão pela qual a tradição
não deixou perder esta tão significativa palavra original de Jesus.
Aclamação ao
Evangelho Hebr 1, 1-2
Monição: Jesus
será como indica o Seu nome, o realizador da salvação; n’Ele está a paz e toda
a economia da redenção total e definitiva.
Aleluia
Muitas vezes e
de muitos modos
falou Deus
antigamente aos nossos pais pelos Profetas.
Nestes dias,
que são os últimos, Deus falou-nos por seu Filho.
Evangelho
São Lucas 2,
16-21
Naquele tempo,
16os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José
e o Menino deitado na manjedoura. 17Quando O viram, começaram a contar o que
lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. 18E todos os que ouviam admiravam-se
do que os pastores diziam. 19Maria conservava todas estas palavras,
meditando-as em seu coração. 20Os pastores regressaram, glorificando e louvando
a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado.
21Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe
o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio
materno.
Texto na maior
parte coincidente com o do Evangelho da Missa da Aurora do dia de Natal (ver
notas supra).
21 Repetidas
vezes se insiste em que o nome de Jesus é um nome designado por Deus: o nome,
etimologicamente, significa aquilo que Jesus é na realidade, «Yahwéh que
salva».
Sugestões para
a homilia
1. Mãe de Deus
Na oitava do
Natal a Igreja celebra a festa de «Maria, Mãe de Deus».
Acentua-se nas
leituras a referência ao «filho de Maria» e «Nome do Senhor» mais do que Maria.
A
preponderante atenção sobre o Filho não reduz o papel da Mãe; Maria é
totalmente Mãe de Deus porque esteve em total relação com Cristo; por isso
honrando-a, o Filho é mais glorificado.
Assim
exprime-se a missão de Maria na história da salvação, que está na base do culto
e da devoção do povo cristão; Maria não recebeu o dom de Deus só para si, mas
para levá-lo ao mundo.
2. Mãe do
homem
Jesus ou Deus
salva introduz-nos em cheio no mistério de Cristo: da encarnação ao nascimento,
à circuncisão, até a realização pascal da morte e ressurreição, Jesus é todo o
Seu ser
– perfeita
benção de Deus,
– dom de
salvação e de paz para os homens,
– em Seu nome
somos salvos.
A oferta da
salvação vem por Maria e ela a apresenta ao povo de Deus, como outrora aos
pastores.
Maria que deu
a vida ao Filho de Deus, continua a apresentar aos homens a vida divina.
Por isso é
considerada mãe de cada homem que nasce para a vida de Deus, e mãe de todos.
«Com os
orientais também nos honramos «Maria sempre Virgem, solenemente proclamada
santíssima Mãe de Deus pelo Concílio de Éfeso, para que Cristo fosse reconhecido,
em sentido verdadeiro e próprio, Filho de Deus e filho do homem».
3. Viver como
filhos de Deus
a) O facto de
sermos filhos de Deus faz-nos herdeiros, na esperança de chegarmos a ser algum
dia aquilo que Cristo já é: Filhos, no sentido pleno da palavra. O que Ele é
neste momento, consitui para nós a garantia daquilo que nós seremos.
Inspira-nos
confiança para maiores intimidades com Deus, na oração: «Pai Nosso…»
b) Dignidade
humana e cristã: Esta nossa nobreza obriga-nos a viver os compromissos do baptismo.
Somos irmãos,
temos a mesma fé, recebemos o mesmo baptismo e temos o mesmo Deus como Pai.
Não haja medo
de Deus, desconfiança, temor aos Seus castigos, – Ele é justo –, não é nenhum
polícia, mas Pai.
c) Trabalhemos
para acabarem as diferenças sociais, sem dar importância à grandeza das
famílias, títulos, riquezas ou cargos; as superioridades de raça, condição
social, económica, se revejam cristamente;
– aceitação de
Cristo pela fé;
– coerência
com o nosso novo nascimento pelo baptismo, como reforço da nossa:
– dignidade
humana e cristã,
– fraternidade
universal,
– sentido de
confiança em Deus,
– sentido de
vivência cristã familiar e comunitária.
Fala o Santo
Padre
«No início de
um novo ano, somos convidados a colocarmo-nos na escola da discípula fiel do
Senhor.»
Na hodierna
liturgia o nosso olhar continua a voltar-se para o grande mistério da
encarnação do Filho de Deus enquanto, com particular ênfase, contemplamos a
maternidade da Virgem Maria. No trecho paulino que ouvimos (cf. Gl 4, 4), o
Apóstolo refere-se de maneira muito discreta àquela, mediante a qual o Filho de
Deus entra no mundo: Maria de Nazaré, a Mãe de Deus, a Theotokos. No início de
um novo ano, somos como que convidados a colocarmo-nos na sua escola, na escola
da discípula fiel do Senhor, para que Ela nos ensine a acolher na fé e na
oração a salvação que Deus deseja derramar sobre quantos confiam no seu amor
misericordioso.
A salvação é
um dom de Deus; na primeira leitura, ela foi-nos apresentada como bênção: «Que
o Senhor te abençoe e proteja… te mostre o seu rosto e te conceda a paz» (Nm 6,
24.26). Aqui, trata-se da bênção que os sacerdotes costumavam invocar sobre o
povo no final das grandes solenidades litúrgicas, particularmente na festa do
ano novo. Encontramo-nos na presença de um texto muito significativo,
cadenciado pelo nome do Senhor, que se repete no início de cada versículo. Um
texto que não se limita a uma simples enunciação de princípio, mas tende a
realizar aquilo que afirma. Como se sabe, no pensamento semítico a bênção do
Senhor produz, pela sua própria força, o bem-estar e a salvação, do mesmo modo
como a maldição dá lugar à desgraça e à ruína. Além disso, a eficácia da bênção
é concretizada de maneira mais específica por parte de Deus que nos protege
(cf. v. 24), que nos é propício (cf. v. 25) e que nos concede a paz, ou seja,
que nos oferece a abundância da felicidade.
Fazendo-nos
ouvir esta antiga bênção, no início de um novo ano solar, é como se a liturgia
quisesse encorajar-nos a invocar, por nossa vez, a bênção do Senhor sobre o
novo ano, que dá os seus primeiros passos, a fim de que ele seja para todos nós
um ano de prosperidade e de paz. […]
«Maria, porém,
conservava todos estes factos e meditava sobre eles no seu coração» (Lc 2, 19).
O primeiro dia do ano é colocado sob o sinal de uma mulher, Maria. O
Evangelista Lucas descreve-a como a Virgem silenciosa, constantemente à escuta
da palavra eterna, que vive na Palavra de Deus. Maria conserva no seu coração
as palavras que provêm de Deus e, unindo-as como num mosaico, aprende a
compreendê-las. Na sua escola, também nós queremos aprender a tornar-nos
atentos e dóceis discípulos do Senhor. Com a sua ajuda maternal, desejamos
comprometer-nos a trabalhar alegremente na «construção» da paz, na esteira de
Cristo, Príncipe da Paz. Seguindo o exemplo da Virgem Santa, queremos
deixar-nos orientar sempre e unicamente por Jesus Cristo, que é o mesmo ontem,
hoje e para sempre (cf. Hb 13, 8). Amém!
Bento XVI,
Vaticano, 1 de Janeiro de 2006
Liturgia
Eucarística
Oração sobre
as oblatas: Senhor nosso Deus, que dais origem a todos os bens e os levais à
sua plenitude, nós Vos pedimos, nesta solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus:
assim como celebramos festivamente as primícias da vossa graça, tenhamos também
a alegria de receber os seus frutos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, que é Deus convosco, na unidade do Espírito Santo.
Prefácio de
Nossa Senhora I [na maternidade] p. 486 [644-756]
No Cânone
Romano diz-se o Communicantes (Em comunhão com toda a Igreja) próprio. Nas
Orações Eucarísticas II e III faz-se também a comemoração própria do Natal.
Monição da
Comunhão
«A todos os
que O receberam … deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus».
Vivamos a
comunhão com Cristo.
Antífona da
comunhão: Jesus Cristo, ontem e hoje e por toda a eternidade.
Oração depois
da comunhão: Recebemos com alegria os vossos sacramentos nesta solenidade em
que proclamamos a Virgem Santa Maria, Mãe do vosso Filho e Mãe da Igreja: fazei
que esta comunhão nos ajude a crescer para a vida eterna. Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Ritos Finais
Monição final
A Eucaristia é
o sacramento da unidade, do alimento e salvação contínua desta grande família
cristã. Dediquemos-lhe mais amor neste novo ano.
Celebração e
Homilia: Ferreira de Sousa
Nota
Exegética: Geraldo
Morujão
Homilias
Feriais: Nuno Romão