Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus 9
Roteiro Homilético 9: Padre Françoá Costa
(http://www.presbiteros.com.br/)
A meditação da
Mãe
Você conhece a
história da tia Teca?
Era uma vez
tia Teca. Era uma mulher muito simples, que vendia verduras na vizinhança.
Certo dia, Tia Teca, conhecida por todos, foi vender suas verduras na casa de
um senhor e lá perdeu o Terço, no jardim da casa dele.
Passados
alguns dias, tia Teça, voltou novamente a casa daquele senhor, que começou a
zombar dela. Dizia ele: “você perdeu seu Deus?”. Ela humildemente respondeu:
“Eu? Perder o meu Deus? Nunca”. Então, aquele senhor pegou o Terço e lhe disse:
“não é este o seu Deus?” Ela, muito contente, respondeu: “Graças a Deus, você
encontrou o meu terço. Muito obrigada”. E ele continuou: “por que você não
troca este cordão com estas sementinhas pela Bíblia?” Ela disse: “por que eu
não sei ler a Bíblia e com o terço eu medito toda a Palavra de Deus e a guardo
no meu coração”. Com curiosidade, aquele homem lhe perguntou: “Medita a Palavra
de Deus? Como assim? Poderia me dizer?”. “Posso sim, respondeu tia Teca pegando
o Terço. Quando eu tenho a cruz em minhas mãos, lembro-me que o Filho de Deus
derramou todo seu sangue, pregado numa cruz, para salvar a humanidade. Essa
primeira conta grossa, me lembra de que há um só Deus Onipotente. Essas três
contas pequenas me recordam as três Pessoas da Santíssima Trindade: Pai e Filho
e Espírito Santo. Esta outra conta grossa faz lembrar-me da oração que o Senhor
mesmo nos ensinou, que é o Pai-nosso. O Terço tem cinco mistérios, que são uma
recordação das cinco chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, cravado na Cruz. Cada
mistério tem dez Ave-Marias, que me fazem lembrar os Dez Mandamentos, que o
Senhor mesmo escreveu nas Tábuas de Moisés. O Rosário de Nossa Senhora tem
vinte mistérios: cinco gozosos, cinco luminosos, cinco dolorosos e cinco gloriosos.
De manhã, quando me levanto para iniciar a minha luta do dia-dia, eu rezo os
Mistérios Gozosos, lembrando-me do humilde lar de Maria de Nazaré. Ao meio-dia
no meu cansaço e fadiga do trabalho, eu rezo os Mistérios Dolorosos, que fazem
lembrar a dura caminhada de Jesus Cristo para o Calvário. Nessa caminhada, é
necessária a luz de Deus, os Mistérios Luminosos concedem-me essa luz para
prosseguir. E, quando chega o final do dia com as lutas vencidas, eu rezo os
Mistérios Gloriosos, que me recordam a vitória de Jesus sobre a morte. E agora,
diga-me: onde está a idolatria?” Ele, depois de ouvir tudo isso, respondeu à
tia Teca: “Eu não sabia disso, tia Teca, por favor, ensina-me a rezar o terço”.
Vamos conceder
que o homem da nossa historinha, apesar da sua chatice inicial era um
gentleman, era um homem nobre e sabia reconhecer que tinha se equivocado.
Quando uma pessoa despois de errar, reconhece o seu erro, deveríamos
aplaudi-la. Essa pessoa é nobre, é uma alma fina.
Maria
Santíssima é uma boa mãe que em tudo procura a honra do Filho. Nunca foi, nem
será a intenção de Maria roubar glória a Deus. Ela sempre foi a serva fiel que
apontou o caminho de Deus a tantas pessoas, e seguirá realizando esse trabalho.
Ela é estrela da evangelização!
A Escritura
diz que “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração”
(Lc 2,19) e que “sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração” (Lc 2,51).
Maria, Mãe de Deus – porque Jesus é Deus – pensava e repensava nos
acontecimentos da história da salvação, da qual o seu Filho é o centro e ela
está profundamente inserida. A meditação de Maria é uma meditação de Mãe, ela
pensa no seu Filho continuamente. E como bem se sabe, as mães tem uma espécie
de sexto sentido.
Não faz muito
tempo, um jovem rapaz teve que ficar cuidando da sua sobrinha de tão somente
dois anos enquanto a sua irmã ia ao supermercado. No começo, tudo ia muito bem:
ele fazia coisas engraçadas e a criaturinha ria, ele inventava joguinhos e a
pequena se divertia, ele pulava feito um macaco e a menina dava gargalhadas. O
tempo foi passando e mãe da criatura ia tardando. Acabaram-se todas as
artimanhas daquele tio desejoso de fazer feliz a sobrinha. Num certo momento, a
pequena olhou para o tio, fez cara de choro e abriu a bocarra, ou melhor, boquinha,
e chorou a gritos. O jovem tio ficou desconcertado, procurou consolar a
sobrinha desconsolada e… nada! Perguntava-se o nosso jovem de onde saia tanta
potência para gritar e tanta água para chorar de uma criatura tão pequena.
Estando na lida para procurar calar a sobrinha, toca a campainha. O nosso jovem
quase reza para que seja a sua irmã de volta. E era! Mas quando a pequena viu a
mãe, em vez de calar-se e correr para os seus braços, chorou com mais
veemência. A mãe, no entanto, olhou para a criaturinha, observou com carinho e
disse: “ah, já sei, você quer um biscoito”. Deu o biscoito e choro cessou. O
tio, do outro lado, se perguntava: “como é que eu fui tão tonto? Era só isso?
Um simples biscoito?”
As mães
intuem, sabem, tem o sentido mais profundo da realidade. Nossa Senhora é
especializada na vida de Jesus. Ela é mãe. Peçamos a ela que nos ensine através
do rosário, que é meditação do que aconteceu com o Filho de Deus e Filho de
Maria. Aprendamos também com a Tia Teca!
Pe. Françoá
Costa