Ano A Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus 11

Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus 11



Roteiro Homilético 11: Pe. Franclim Pacheco Diocese de Aveiro
O texto do evangelho desta solenidade já foi lido na Missa da Aurora do dia de Natal, mas sem o vers. 15 e com o acrescento do v. 21, que recorda o rito da circuncisão e da imposição do nome à criança.
            O anjo tinha anunciado o nascimento do Salvador, dando um sinal para o reconhecerem: «Encontrareis um   menino envolto em panos e      deitado numa  manjedoura». Eles esperavam o Salvador de todo o povo e deverão reconhecê-lo num recém nascido, pobre, deitado num lugar de animais. Grande surpresa!
            «Vamos a Belém e vejamos esta Palavra que o Senhor nos deu a conhecer». A Palavra de Deus não é um som produzido pela boca. É sobretudo um acontecimento! Em hebraico, o termo dabar pode significar ao mesmo tempo palavra e coisa (acontecimento), gerado pela palavra. A palavra de Deus tem força criadora. Cumpre o que diz. A palavra do anjo aos pastores é o acontecimento do nascimento de Jesus.
            Os pastores, obedecendo à palavra que lhes tinha sido anunciada e que os convidava a verificar o sinal, dirigiram-se a Belém, apressadamente, tal como Maria no episódio da Visitação. Ao referir as pessoas que os pastores encontram, Lucas cita Maria, mostrando uma vez mais a sua estima pela Mãe de Jesus.
            São significativas as atitudes dos pastores: primeiro escutam, depois movem-se e encontram o sinal; olham para ele e tornam-se por sua vez anunciadores, referindo quanto tinham visto e ouvido. É claro que Lucas não está a falar apenas dos pastores mas da difusão do evangelho. Aqueles que escutaram a pregação dos apóstolos e fizeram a experiencia do encontro com Jesus e creram, poderão. por sua vez, comunicar esta boa notícia. Nesta linha, «Todos os que ouviam…» são os futuros ouvintes do evangelho e as próprias comunidades cristãs que acolhem e reflectem sobre o que ouvem para procurar compreender melhor.
            «Quanto a Maria, conservava todas estas coisas, meditando-as no seu coração». Interrompendo o que dizia acerca dos pastores, Lucas oferece-nos um quadro acerca dos sentimentos de Maria e da sua atitude: conservava e meditava são as acções que se seguem à admiração e que permitem penetrar no sentido dos acontecimentos (todas estas coisas). Desde o início, o caminho de Maria é o do crente cuja fé progride com uma cada vez maior compreensão do mistério divino revelado. Ela é modelo da própria Igreja que vive da Palavra que recebe de Deus.
            A narração da visita dos pastores conclui um versículo que apresenta outro verbo de movimento: regressaram, e outra atitude: glorificando e louvando a Deus, unidos novamente ao anúncio recebido: conforme lhes tinha sido dito.  Também os pastores, tal como os anjos (v. 14) louvam a Deus, unindo o céu e a terra ao glorificá-lo, num convite ao leitor a também celebrar o nascimento de Jesus. Lucas usa frequentemente o tema do louvor, quer no Evangelho, quer nos Actos dos Apóstolos, reflectindo a sua convicção da importância de tal oração na vida da comunidade cristã.
O texto encerra com o rito da circuncisão, como qualquer judeu, e a imposição do nome. Mas não é o pai quem escolhe e dá o nome, como fez Zacarias em relação a João. O nome foi escolhido por Deus, o Pai Altíssimo, na linha dos grandes protagonistas da História da Salvação a quem Deus confere o nome a indicar a função e o destino. Jesus, Yeshua, significa «Yahweh salva». Jesus, Filho de Deus, é o Salvador, mais: Ele é a Salvação, como logo a seguir Simeão irá reconhecer.
P. Franclim
Diocese de Aveiro