(cnbbleste2.org.br Dom Emanuel Messias de Oliveira)
1ª LEITURA –
Lv 19,1-2.17-18
No livro do
Levítico temos o Código da Santidade (capítulos 17-26) e o capítulo 19 é o seu
núcleo central. A tônica do capítulo é ser santo como Senhor é Santo. A
expressão “Eu sou Deus” ou “Eu sou Senhor”, “o Deus de vocês” aparece 14 vezes
neste capítulo 19; é, portanto, seu fio condutor.
Em que
consiste a santidade?
Formalmente,
falando, a santidade consiste no cumprimento fiel dos mandamentos de Deus que
Jesus vai resumir no amor a Deus e ao próximo. Materialmente, falando, a
santidade consiste no bem e justo relacionamento com o próximo. Quando amamos o
próximo como a nós mesmos (v.18) amamos a Deus (cf. 1Jo 4.20). O primeiro passo
é libertar o coração do ódio contra o irmão e em seguida ajudá-lo a se libertar
de seu erro. Repreendê-lo abertamente (v.17). Depois, não ser vingativo, nem
guardar rancor. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” é exigência máxima do
amor. Significa solidariedade a todo o momento, perdão por todas as falhas,
compreensão máxima. Não é assim que procedemos com relação a nós mesmos?
Porque devemos
ser santos?
É o v. 2 que
responde a esta pergunta. Devemos ser santos, porque Deus, o nosso Deus, é
Santo. Parece que a santidade de Deus consiste, eminentemente, em seu agir
libertador, tirando seu povo do Egito (v.36), educando-o e conduzindo-o à vida.
Daí o núcleo de nossa santidade é a justiça e solidariedade para com o próximo.
2ª LEITURA –
1Cor 3,16-23
Até agora
Paulo falou de dois conflitos comunitários: as panelinhas em torno dos líderes
e a busca de uma sabedoria que não está de acordo com o projeto de Deus. O
primeiro conflito foi resolvido mostrando que os líderes são apenas servidores
de Cristo. Para resolver o segundo, Paulo fala da sabedoria de Deus que
confunde os sábios deste mundo com a loucura da cruz. Mas o assunto continua.
Os líderes devem tomar consciência de que eles não são donos da comunidade.
Pretender isto é destruir o Templo santo de Deus, que é a comunidade, onde o
Espírito Santo habita. Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Os
líderes são apenas servidores do único Senhor: Jesus Cristo. É a sabedoria
deste mundo que cria esta ilusão de ser sábio, de ser importante, de ser o
primeiro, estabelecendo desigualdades. A sabedoria deste mundo é loucura diante
de Deus. “Apanha os sabidos na sua própria astúcia e faz malograr o desígnio
dos perversos”. (Jó 5,13). Para o Senhor, os pensamentos dos sábios são um
sopro (Sl 94,11). Nos vv. 21 e 22 Paulo conclui seu pensamento, recomendando
seriamente: “Ninguém ponha a sua glória em ser humano algum. Sim, tudo vos
pertence: Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro;
tudo é vosso, mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus.
EVANGELHO – Mt
5,38-48
a) Como acabar
com a violência (vv.38-42)
Lembramos que
o núcleo do Sermão da Montanha é a Justiça do Reino. Ela supera a Lei do
Talião: “Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé” (Ex 21,24).
Essa lei castiga a pessoa com o mesmo dano que ela causou a outrem. Se alguém
furar o seu olho, a lei castigará o criminoso furando o olho dele. Parece uma
lei da selva, mas por incrível que pareça, isto não está sendo respeitado até
hoje; por exemplo: quando uma pessoa mata a outra por pequenas ofensas. Como
superar esta espiral de violência? Jesus apresenta quatro casos. O primeiro é o
do tapa na face direita. Quem está comprometido com a justiça do Reino desarma
a violência, oferecendo a outra face. O segundo caso é alguém levantar contra
você um processo para lhe tomar a túnica; neste caso ofereça também o manto. O
terceiro se refere ao abuso dos soldados da ocupação. Eles obrigavam as pessoas
a transportar cargas ou servir-lhes de guia. Jesus aconselha: “Se alguém te
forçar a acompanhá-lo por um quilômetro, caminha dois com ele.” O último
refere-se aos empréstimos. Jesus recomenda: “Dá a quem te pedir, e não vires as
costas a quem pede emprestado.” É só assim que se desarma a violência, minando
a injustiça por dentro.
b) A Justiça
do Reino é amar até os próprios inimigos e rezar por eles
Deus é bom
para bons e maus. Ele não faz distinção de pessoas. Jesus deu o exemplo ao pé
da cruz, rezando ao Pai para perdoar seus algozes. Amar apenas os amigos,
também cobradores de impostos e pagãos o fazem. Quem ama apenas seus amigos não
terá nenhuma recompensa. O desafio que Jesus nos faz é o da entrega total e a
busca da perfeição radical. O modelo é o Pai: “Sede, portanto, perfeitos como o
vosso Pai celeste é perfeito.” Com esta exortação precisamos sempre da
humildade e esforço de quem está sempre a caminho.