Roteiro Homilético 6: Roteiro
RITOS INICIAIS
Salmo 17,
19-20
ANTÍFONA DE
ENTRADA: O Senhor veio em meu auxílio, livrou-me da angústia e pôs-me em
liberdade. Levou-me para lugar seguro, salvou-me pelo seu amor.
Introdução ao
espírito da Celebração
Caímos no
desânimo com muita facilidade, passando de um optimismo infantil a um
pessimismo doentio.
Onde estará a
verdadeira razão deste nosso comportamento que, por vezes, tanto nos faz sofrer?
É verdade que
o momento em que vivemos, encarado sem a luz da fé, torna-se propício a que
vejamos tudo escuro: falta de estabilidade económica e no trabalho, insegurança
a todos os níveis de convivência humana, e a luta contra as doenças que surgem continuamente.
O Senhor
toma-nos carinhosamente pela mão, na Liturgia da Palavra de hoje, para nos
ajudar a descobrir e a combater as causas deste pessimismo.
ACTO
PENITENCIAL
Teimamos em
caminhar sozinhos na vida, enfrentando as dificuldades sem contarmos com a
ajuda de Deus.
Falta-nos a
luz da fé – alimentada pela formação doutrinal – para encararmos todas estas
dificuldades à luz de Deus.
Arrependamo-nos,
peçamos ao Senhor perdão, e prometamos, com a Sua ajuda, emenda de vida.
(Tempo de silêncio.
Apresentamos, como alternativa, elementos para o esquema C)
• Senhor Jesus: duvidamos facilmente da Vossa
amizade
e deixamo-nos
convencer de que estamos sós na vida.
Senhor, tende
piedade de nós!
Senhor, tende piedade de nós!
• Cristo: abandonamos a oração diante dos
problemas,
como se orar
fosse actividade inútil para a nossa vida.
Cristo, tende
piedade de nós!
Cristo, tende piedade de nós!
• Senhor: temos difundido o pessimismo à nossa
volta,
como se não
tivéssemos o melhor e amoroso dos Pais.
Senhor, tende
piedade de nós!
Senhor, tende piedade de nós!
Deus todo
poderoso tenha compaixão de nós,
perdoe os
nossos pecados e nos conduza à vida eterna.
ORAÇÃO
COLECTA: Fazei, Senhor, que os acontecimentos do mundo decorram para nós
segundo os vossos desígnios de paz e a Igreja Vos possa servir na tranquilidade
e na alegria. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco
na unidade do Espírito Santo.
LITURGIA DA
PALAVRA
Primeira
Leitura
Monição:
Isaías profetiza a restauração de Sião, a um Povo que se julga abandonado de
Deus, a sofrer no cativeiro de Babilónia.
Será um
milagre do Senhor que, à luz do Novo Testamento, ganha todo o seu significado e
nos conforta com esta certeza: Deus nunca nos abandona.
Isaías 49,
14-15
14Sião dizia:
«O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-Se de mim». 15Poderá a mulher
esquecer a criança que amamenta e não ter compaixão do filho das suas
entranhas? Mas ainda que ela se esquecesse, Eu não te esquecerei.
Ao anunciar a
restauração de Jerusalém dsstruída (vv. 14-26), o profeta começa por levantar o
ânimo do povo abatido e humilhado, apelando para o amor de Deus que é um amor
cheio de afecto, ternura e compaixão. É uma das mais belas e expressivas
passagens de toda a Sagrada Escritura.
14 «Sião». Era
a cidadela da capital, Jerusalém, que aqui, como noutras ocasiões, representa
todo o povo. Sião, que significa «lugar seco» era a fortaleza conquistada por
David aos Jebuseus, na colina oriental de Jerusalém (Ofel), que se começou a
chamar cidade de David, e para onde ele transladou a arca. Quando Salomão
construiu o templo, a Norte de Sião, e para lá levou a arca da aliança, também
se começa a dar a esse local o nome de Sião. Também o nome de Sião passou a
designar toda. a cidade ou todos os seus habitantes (filha de Sião) e por
vezes, como aqui, todo o Povo de Israel. Daqui se segue que a Igreja, «o novo
Israel de Deus», passa a ser designada também como Sião, tanto na sua fase peregrina
(Heb 12, 22), como celeste (Apoc 14, 1). Ora, como a sede da primitiva Igreja
de Jerusalém foi o Cenáculo, passou a considerar-se como Monte Sião a colina
ocidental onde este se situa. Hoje a Arqueologia desfez esta confusão
topográfica e demonstrou cabalmente que a primitiva Sião, cidade de David, é a
colina oriental (Ofel), a sul da esplanada do templo.
Salmo
Responsorial
Sl 61
(62), 2-3.6-7.8-9ab (R. 6a)
Monição: O
salmista proclama que só em Deus encontramos um refúgio seguro, no meio de
tantos perigos e incertezas.
Para nós, que
acreditamos na verdade da nossa filiação divina, este salmo é um convite para
que nos abandonemos confiadamente nas mãos de Deus, embora façamos tudo o que
está ao nosso alcance para vencer as dificuldades. Cantemos, pois, esta alegre
certeza que a fé nos proporciona.
Refrão: SÓ EM DEUS DESCANSA, Ó MINHA ALMA.
Só em Deus
descansa a minha alma,
d’Ele me vem a
salvação.
Ele é meu
refúgio e salvação,
minha
fortaleza: jamais serei abalado.
Minha alma, só
em Deus descansa:
d’Ele vem a
minha esperança.
Ele é meu
refúgio e salvação,
minha
fortaleza: jamais serei abalado.
Em Deus está a
minha salvação e a minha glória,
o meu abrigo,
o meu refúgio está em Deus.
Povo de Deus,
em todo o tempo ponde n’Ele
a vossa
confiança,
desafogai em
sua presença os vossos corações.
Segunda
Leitura
Monição: Na
primeira Carta aos fieis de Corinto, S. Paulo apela à nossa fidelidade, vivendo
com o olhar posto em Deus.
Com ele,
também nós podemos dizer: o que me preocupa não são os julgamentos que os
homens fazem de mim, mas os do Senhor.
1 Coríntios 4,
1-5
1Todos nos
devem considerar como servos de Cristo e administradores dos mistérios de Deus.
2Ora o que se requer nos administradores é que sejam fiéis. 3Quanto a mim,
pouco me importa ser julgado por vós ou por um tribunal humano; nem sequer me
julgo a mim próprio. 4De nada me acusa a consciência, mas não é por isso que
estou justificado: quem me julga é o Senhor. 5Portanto, não façais qualquer juízo
antes do tempo, até que venha o Senhor, que há-de iluminar o que está oculto
nas trevas e manifestar os desígnios dos corações. E então cada um receberá da
parte de Deus o louvor que merece.
Em face das
divisões que havia em Corinto por causa de os cristãos dali pretenderem arvorar
os pregadores do Evangelho em protagonistas e representantes de facções
diversas, São Paulo procura dar a verdadeira imagem do que é o ministério
cristão (1 Cor 3 – 4); tanto Paulo como Apolo são meros servidores (diáconoi –
cf. 1 Cor 3, 5) dos fiéis e colaboradores de Deus (synergoi 3, 9), e de modo
algum chefes políticos ou representantes de tendências ou simpatias populares.
1-2 Os
Apóstolos (e assim todos os detentores de funções jerárquicas) devem ser
considerados como aquilo que realmente são: «servos de Cristo» (hypêrétai, um
termo grego que designa um empregado subalterno) e «administradores dos
mistérios de Deus» (em grego, oikonómoi, gerentes). O administrador não é o seu
dono, por isso, a norma de toda a sua conduta tem que ser a fidelidade:
fidelidade ao Senhor e à Igreja, procurandoi dar a resposta adequada aos
direitos que cada um dos fiéis tem dentro do Povo de Deus (cf. Lc 12, 42-44). A
missão da Hierarquia é uma missão de serviço humilde; com estas palavras, São
Paulo desautoriza todas as espécies de clericalismo. Os mistérios de Deus, são
todos os meios sobrenaturais de salvação, em particular a Pregação e os
Sacramentos.
3-4 São Paulo
dá o exemplo de não se conduzir ao sabor dos juízos humanos. O discípulo de
Cristo, e muito particularmente um seu ministro, não pode ter medo de críticas,
de rótulos de qualquer sinal, de criar antipatias, de remar contra a maré,
aliás, pôr-se-ia no caminho da infidelidade.
Aclamação ao
Evangelho
Jo 6, 64b. 69b
Monição: Há-de
ser à Palavra do Senhor que devemos prestar atenção, e não à dos homens, porque
só o Senhor nos guia para uma eternidade feliz.
Aclamemos o
Evangelho que nos enche de alegria com estas verdades.
ALELUIA
As Vossas palavras, Senhor, são espírito e
vida; Vós tendes palavras de vida
eterna.
Evangelho
São Mateus 6,
24-34
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos: 24«Ninguém pode servir a dois senhores, porque
ou há-de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vós
não podeis servir a Deus e ao dinheiro.25Por isso vos digo: «Não vos
preocupeis, quanto à vossa vida, com o que haveis de comer ou de beber, nem,
quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o
alimento e o corpo mais do que o vestuário? 26Olhai para as aves do céu: não
semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; o vosso Pai celeste as sustenta.
Não valeis vós muito mais do que elas? 27Quem de entre vós, por mais que se
preocupe, pode acrescentar um só côvado à sua estatura? 28E porque vos
inquietais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não
trabalham nem fiam; 29mas Eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua glória, se
vestiu como um deles. 30Se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e
amanhã é lançada ao forno, não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?
31Não vos inquieteis, dizendo: ‘Que havemos de comer? Que havemos de beber? Que
havemos de vestir?’ 32Os pagãos é que se preocupam com todas estas coisas. Bem
sabe o vosso Pai celeste que precisais de tudo isso. 33Procurai primeiro o
reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo.
34Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, porque o dia de amanhã
tratará das suas inquietações. A cada dia basta o seu cuidado».
Tínhamos
começado a ler nos domingos comuns, que se seguiram ao Tempo do Natal, o sermão
da montanha, que agora retomamos; neste ano não houve lugar para o 6º e 7º
Domingo do Tempo Comum, por isso já estamos a meio do capítulo 6 de S. Mateus,
24 «Ninguém
pode servir a dois senhores». O trabalho dum escravo era tão absorvente que não
lhe restava tempo para atender a outro senhor que não fosse o seu. Esta
realidade bem conhecida por todos é o ponto de partida para Jesus estabelecer
um princípio de vida moral: sendo Deus o fim último do homem, nada nem ninguém
se pode ocupar o seu lugar. O fim último do homem é Deus, a Quem há que servir
e amar sobre todas as coisas, não ficando lugar para quaisquer espécies de
ídolos. E aqui temos uma aplicação concreta: «Não podeis servir a Deus e ao
dinheiro», em aramaico, «mammona» uma palavra que o 1º Evangelho, dirigido a
judeus-cristãos, conserva sem a traduzir para grego; trata-se duma alusão às
riquezas, o dinheiro, que aqui aparece como que personificado. «Os bens da
terra não são maus; pervertem-se, quando o homem os toma como ídolos e se
prostra diante deles; mas tornam-se nobres, quando os converte em instrumentos
para alcançar o bem, numa missão de justiça e de caridade. Não podemos correr
atrás dos bens económicos como quem procura um tesouro; o nosso tesouro (…) é
Cristo e n’EIe se há-de concentrar todo o nosso amor, porque onde está o nosso
tesouro, aí está também o nosso coração (cf. Mt 6,21)» (S. Josemaria, Cristo
que passa, n.° 35).
25-34 «Não vos
inquieteis». Jesus não diz que não nos ocupemos das coisas que se referem ao
alimento e ao vestuário, mas que não nos preocupemos com desassossego e
perturbação dessas coisas. É como se dissesse: «Não vos preocupeis
excessivamente com os bens materiais, ainda que necessários à vida; não estais
sobre a terra para aqui viverdes imersos em pensamentos de coisas materiais,
sois filhos de Deus, bem superiores às flores do campo e às aves do céu. Deus
pensará em vós, mais do que pensa nas outras criaturas e vos dará o necessário»
(Bíblia de Vacari).
27
«Acrescentar um só côvado…». O côvado equivalia a 45 cm . Não é a inquietação e
a falta de serenidade que leva a aumentar os bens materiais, como também não
faz aumentar a duração da vida (antes pelo contrário!), ou melhor (dito com uma
certa ironia), a própria estatura, como temos na tradução litúrgica.
32 «Os
pagãos…». É próprio deles a inquietação com que se movem na vida. É próprio dos
filhos de Deus a serenidade e a confiança no Pai do Céu.
33 «Procurai
primeiro o Reino de Deus e a sua justiça». Esta justiça é a justiça
indispensável para entrar no Reino de Deus, isto é, o cumprimento da sua
vontade.
«Tudo o mais
vos serão dadas por acréscimo», segundo comenta Santo Agostinho: «não corno um
bem no qual devais fixar a vossa atenção, mas como um meio pelo qual possais
chegar ao sumo e verdadeiro bem» (Sobre o Sermão da Montanha, 2, 24).
34 «Não vos
inquieteis com o dia de amanhã». Trata-se duma sentença comum à sabedoria
humana, que aparece também nas literaturas romana, grega, judaica e até
egípcia. Mas, na boca de Jesus, tem um sentido novo: não se trata já da
resignação e indiferença estóica, ou duma técnica epicurista para saborear em
cheio o prazer do momento que passa, mas sim duma atitude de fé viva na
Providência divina e de confiança filial no Pai celeste, que conduz à paz e
serenidade de espírito. As palavras de Jesus não significam de modo nenhum
qualquer apelo à inactividade dum falso piedosismo quietista.
Sugestões para
a homilia
• Vencer a
tentação do desânimo
O porquê dos
nossos desânimos
Os sinais da
bondade de Deus
O Senhor
ama-nos sempre
• Acolher a
bondade do Senhor
Viver o
desprendimento
Confiar no
Senhor
Ser fiel
1. Vencer a
tentação do desânimo
a) O porquê
dos nossos desânimos. «Sião exclamou: ‘O Senhor abandonou-me, o Senhor
esqueceu-me‘.»
É uma
realidade que nos deixamos tentar muitas vezes pelo desânimo. Podemos estar
doentes, com tendência para ver tudo com óculos escuros. Muitas vezes, porém,
as causas são outras:
• Temos apego
à nossa própria vontade. Queremos o que Deus não quer, ou fugimos do que Ele
quer de nós.
• Falta-nos a
confiança em Deus. Só confiamos e estamos contentes quando o Senhor nos faz a
vontade. O mistério da cruz repugna-nos e revoltamo-nos contra ele.
• Em última
análise, na raiz de tudo isto encontra-se a nossa falta de fé. Esquecemos ou
não temos presente a verdade fundamental da nossa filiação divina. Esta solidão
interior prejudica-nos e leva-nos ao desânimo.Fazemos lembrar uma criança mergulhada
no escuro, com a mãe ao seu lado que lhe manifesta a sua presença falando-lhe
carinhosamente, embora o filho não a veja; indiferente a tudo isto, a criança
chora inconsolável.
b) Os sinais
da bondade de Deus. «Mas pode a mulher esquecer a criança que amamenta e não
ter compaixão do fruto das suas entranhas?»
Antes de nos
pedir que confiemos n’Ele, o Senhor manifesta-nos a Sua bondade pelo
comportamento de algumas criaturas. Parece dizer-nos: «Abre os olhos e vê!»
As mães, mesmo
tão limitadas nas suas possibilidades, com defeitos, guardam intocável o afecto
e carinho para com os filhos. Até os animais nos dão exemplo disto, guiados
pelo instinto, tratando das crias, e mudando-as de lugar, quando algum perigo
as ameaça.
Também os
santos são pequenos vislumbres do coração misericordioso de Deus. Comove-nos
uma Beata Teresa de Calcutá que se entrega aos mais pobres dos pobres; o
Venerável João Paulo II que se entrega sem restrições aos cuidados do rebanho,
até ao esgotamento; santa Joana Beretta Molla, médica, falecida aos 39 anos,
para salvar a vida da filha que deu à luz. A enumeração podia continuar. Eles
são como os faróis que, na escura e tempestuosa noite, enviam sinais para o
alto mar, indicando o porto seguro.
Mas, enquanto
o farol não vai ao encontro dos marinheiros, Deus está connosco na barca para
nos ajudar.
c) O Senhor
ama-nos sempre. «Pois, ainda que ela o esquecesse, Eu não o esqueceria.»
Deus ama-nos
sempre, seja qual for o caminho por onde andamos transviados. É o mistério insondável
da Sua misericórdia.
Quanto mais
doentes, pequeninos e indefesos são os Seus filhos, mais lhes manifesta o Seu
Amor.
Deus, nosso
Pai, é mil vezes mais generoso para connosco do que todas as mães da terra
juntas.
Sendo assim,
nenhuma situação neste mundo justifica o nosso desânimo, porque podemos contar
sempre com Ele.
Recolhamo-nos
em oração, quando a escuridão do desânimo se abater sobre nós.
2. Acolher a
bondade do Senhor
a) Viver o
desprendimento. «Ninguém pode servir a dois senhores: […] Vós não podeis servir
a Deus e ao dinheiro.»
A confiança em
Deus deve ser acompanhada duma diligência para fazer tudo o que está dentro das
nossas possibilidades, para resolver os problemas. Quando estamos doentes, por
exemplo, o primeiro cuidado há-de ser consultar o médico e obedecer-lhe.
Está fora de
dúvidas que temos de procurar diligentemente o sustento de cada dia e, na
condição de fieis correntes que vivem no mundo, amealhar algumas economias,
para um tempo de crise.
Mas este
cuidado não nos pode levar a passar por cima da Lei de Deus, lançando mão de
todos os meios.
É que, se não
vivermos com uma preocupação de fidelidade à lei do Senhor, pode chegar o
momento em que não hesitamos em usar todos os meios – também os ilícitos –
justificando-os com um fim bom que procuramos.
b) Confiar no
Senhor. «Não vos inquieteis, no tocante à vossa vida, com o que haveis de comer
ou de beber, nem quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir.»
Depois de
termos feito tudo quanto se encontra ao nosso alcance, abandonemo-nos a uma
grande confiança no Senhor.
Ele não
prometeu excluir da nossa vida a cruz do sofrimento. Nossa Senhora dizia a
santa Bernadette Soubirous, a vidente de Lurdes: «Não prometo fazer-te feliz na
terra, mas no Céu.» A Imaculada Conceição referia-se, com certeza, à felicidade
como os homens a entendem geralmente. A sua família continuou com graves
dificuldades económicas, o pai foi injustamente acusado de ter roubado um
pedaço de madeira, e ela sofreu a asma até ao fim da vida. Jovem religiosa,
ainda, foi preciso sentá-la numa cadeira – estava-se em Fevereiro gelado, em
Névers – e trazê-la para junto da janela para que pudesse respirar nos últimos
momentos da vida.
Mas podemos
ter a certeza de que o Senhor escolhe sempre o melhor para nós.
Apresentemos-Lhe os nossos pedidos, mas deixemos Deus escolher.
Que admirável
exemplo de confiança nos dá o Santo Job, nas paragens longínquas do Antigo
testamento!
c) Ser fiel.
«O que afinal se requer nos administradores é que cada um deles se mostre
fiel.»
S. Paulo toma
conhecimento de que há grandes divisões na Igreja de Corinto e ele mesmo não
escapa à calúnia. Tenta ajudá-los a afastar este mal, dando-lhes doutrina que é
para todos os tempos, exortando-os a serem fieis.
Como se
manifesta esta fidelidade? Encontramos na sua carta algumas indicações
práticas.
• Examinar o
nosso comportamento na presença de Deus, sem nos preocuparmos com o que as
pessoas podem dizer de nós. É diante do Senhor que havemos de tomar as nossas
decisões, e não sob a pressão das apreciações que o nosso comportamento pode
causar nos outros, nem sempre bem formados ou bem intencionados.
• Manter a
consciência limpa, sem esquecer que deve estar bem formada, para não nos
iludirmos. Não faltam pessoas que estão continuamente a dizer que estão de
consciência tranquila, quando até um cego vê que estão submersos no mal. Não
falamos de consciência tranquila, mas limpa. É a Palavra de Deus que a
purifica.
• Não julgar
os outros. As críticas e murmurações são uma fonte de inquietação para os que
as fazem e os que as sofrem.
O Senhor não
nos entregou a missão de julgar, nem possuímos todos os dados para o podermos
fazer com justiça.
• Participação
na Missa Dominical. O Senhor ilumina as trevas do nosso coração especialmente
no encontro com Ele em cada Domingo e dá-nos forças, na Eucaristia, para
cumprirmos as exigências que ela nos ajuda a descobrir.
A paz que
buscamos, numa confiança ilimitada no Senhor, não dispensa, pois, este encontro
com Ele no primeiro dia da semana.
Em casa de
Isabel, Maria manifesta a maior tranquilidade e alegria, apesar dos problemas
que se acumulam no horizonte da sua vida, porque confia no Senhor.
LITURGIA
EUCARÍSTICA
INTRODUÇÃO
O Senhor veio
em nosso auxílio, na Liturgia da Palavra, para iluminar os caminhos da nossa
vida.
Agora, vai
preparar-nos o Banquete da Eucaristia, para nos fortalecer nesta caminhada para
o Céu.
ORAÇÃO SOBRE
AS OBLATAS: Senhor, que nos concedeis estes dons que Vos oferecemos e nos
atribuís o mérito do oferecimento, nós Vos suplicamos: o que nos dais como
fonte de mérito nos obtenha o prémio da felicidade eterna. Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
SANTO
SAUDAÇÃO DA
PAZ
Quando não
fazemos esforço para cultivar a paz e a concórdia com todos, sofremos e fazemos
sofrer.
O Senhor
convida-nos a que alimentemos interiormente o desejo de perdoar e aceitarmos o
perdão, manifestando com um gesto estes sentimentos.
Saudai-vos na
paz de Cristo!
Monição da
Comunhão
Como o
Apóstolo João, nas margens do lago, depois da pesca miraculosa, também cada um
de nós, ao aproximar-se da Eucaristia, pode exclamar: «É o Senhor!»
Se estamos
preparados para o fazer, aproximemo-nos com esta certeza que nos dá a fé, e
comunguemos com amor e devoção.
Salmo 12, 6
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO: Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez, exaltarei o nome do Senhor,
cantarei hinos ao Altíssimo.
Ou:
Mt 28, 20
Eu estou
sempre convosco até ao fim dos tempos, diz o Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS
DA COMUNHÃO: Senhor, que nos saciais com os vossos dons sagrados, concedei-nos,
por este sacramento com que nos alimentais na vida presente, a comunhão
convosco na vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
RITOS FINAIS
Monição final
Sejamos agora,
em todas as encruzilhadas do mundo – na família, no trabalho e nos momentos de
lazer – testemunhas de uma firme confiança em Deus.
Celebração e
Homilia: FERNANDO SILVA
Nota
Exegética: GERALDO
MORUJÃO
Homilias
Feriais: NUNO ROMÃO
Sugestão
Musical: DUARTE NUNO ROCHA