19º Domingo do Tempo Comum/Ano B

19º Domingo do Tempo Comum/Ano B

Roteiro Homilético cnbbleste2.org.br
1ª LEITURA - 1Rs 19,4-8
Elias no capítulo 18-20 mata 450 profetas do falso deus Baal, por isso a rainha Jesabel jurou matá-lo (19,1-2). Elias foge desesperado e acaba desejando a morte. Entretanto, Deus intervém na caminhada do profeta e indica-lhe o itinerário, aponta-lhe uma meta. Seu destino é o Horeb (Sinai), a montanha do Deus da vida. Ali, ele será capaz de refazer-se, de respirar a paz de Deus e prosseguir seu ministério profético. Ali, Deus, através de Moisés, fez aliança com seu povo. A intimidade com Deus robustece os servos do Senhor, os agentes de pastoral. Todos nós precisamos do silêncio do Horeb, principalmente, os mais “barulhentos”, tipo Elias. Os mais afoitos e destemidos podem cair em frustrações, em depressões; podem desejar fugir e desanimar da caminhada. Mas Deus não abandona os que têm fé. Na nossa fome intensa, desmaiados debaixo da árvore, Deus aparece com um alimento misterioso. Na caminhada do profeta, Deus providencia pão assado e um jarro de água. O profeta simboliza o povo de Deus. Veja a alusão ao maná, codornizes, água do rochedo. Na nossa caminhada atual de servos de Deus, qual é o alimento misterioso e gratuito que o Senhor providencia para refazer nossas forças?



2ª LEITURA - Ef 4,30-5,2
A 1ª exortação de hoje está lembrando as murmurações do povo de Deus pelo deserto, quando, no dizer de Is 63, 10, entristecem o Espírito de Deus: “Não entristeçam o Espírito Santo”. É ele a força interior da caminhada dos servos de Deus. O que entristece o Espírito Santo? São os resquícios do homem velho como aspereza, desdém, raiva, gritaria, insulto e todo o tipo de maldade. O que alegra o Espírito Santo? São as características do homem novo: bondade, mútua compreensão, o perdão mútuo. O modelo do perdão é o perdão de Deus em Cristo. Aqui o autor pede algo extremo: “Sejam imitadores de Deus”. Essa imitação é na linha do amor. É a característica básica do homem novo e o modelo não podia ser outro senão o Cristo. Devemos amar como Jesus amou. Sua entrega é o ideal supremo do amor. Por isso agradou a Deus “como perfume agradável” (cf. Ez 20,41).



EVANGELHO - Jo 6,41-51
No capítulo 6º temos o milagre da multiplicação dos pães, o milagre de Jesus caminhando sobre as águas e um grande discurso sobre o pão da vida que é Jesus. É o belíssimo discurso sobre a Eucaristia. Mas esta revelação de Jesus encontra rejeição por parte do povão, das autoridades judaicas e por parte dos discípulos. No final do discurso, a comunidade apostólica, pela boca de Pedro, faz uma grande profissão de fé em tudo que Jesus falou. No texto de hoje, Jesus é rejeitado pelas autoridades judaicas. A crítica, que os judeus fazem, relembra as murmurações dos hebreus no deserto (cf. Ex 16,2-14). Jesus afirma que ele é o “pão que desceu do céu”, e eles o criticam. Aqui temos duas afirmações: que Jesus é alimento, e que Jesus desceu do céu. A primeira dúvida das autoridades é que Jesus desceu dos céus. Eles não aceitam isto, pois sabem que Jesus é um homem e conhecem seus pais, por isso não aceitam sua origem divina. Mas Jesus dá um basta a estas murmurações e incredulidades. Para os fariseus a Lei é que é fonte de vida. Para eles a ressurreição é fruto da observância da Lei. Jesus ensina coisa nova. Mas os fariseus não entendem, pois só se chega a Jesus por atração do Pai e eles estão distantes do Pai. É o Pai que puxa as pessoas para Jesus como um ímã.  É preciso, pois, escutar o Pai. Os profetas já disseram que todos os homens são instruídos por Deus. Quem escuta o Pai chega até o Filho. E é o Filho que ressuscita as pessoas e não a observância da Lei. Ninguém até hoje viu o Pai (cf. Jo 14,9). Escutar o Filho é escutar o Pai. Jesus é o sinal (= sacramento) do Pai no mundo. E o único jeito de chegar ao Pai é por meio dele. Jesus é o pão da vida eterna, definitiva. Para os judeus o único jeito de chegar a Deus era através da Lei, que era comparada ao pão. Jesus afirma que o pão (= maná), que alimentou os judeus no deserto, não os conduziu à vida. O pão que conduz à vida é este que desceu do céu. É Jesus. É sua carne que será alimento definitivo para nós. Sua carne é a pessoa viva de Jesus no sacramento (=sinal) do pão: “quem come deste pão viverá para sempre”. O que significa sua fé na Eucaristia e quais as consequências práticas da sua vida de comunhão?


Roteiro Homilético 1 - Liturgia: Mensagem franciscanos.org





Roteiro Homilético 2 - Liturgia: Dehonianos de Portugal
O pão da vida e a manifestação de Deus
A invocação da fidelidade de Deus à sua Aliança, no canto da entrada, cria a atmosfera da mensagem: linha da atuação divina, que alcança seu auge em Jesus Cristo e se perpetua na vida dos fiéis.
A 1ª leitura narra a experiência de “refontização” de Elias. Ele refaz, em sua vida pessoal, a experiência de Israel. Está para morrer, no deserto. Mas o Deus que alimentou Israel no deserto, alimenta também Elias. Depois de refeito, quer descansar. Mas Deus o faz andar, pela força do alimento, 40 dias e 40 noites, até a montanha de Deus. Repete simbolicamente a caminhada de Israel (40 anos, alimentado por Javé). Porém, verdadeiro sentido desta história, conforme o quadro da liturgia de hoje, não se deve procurar naquilo que aconteceu antes de Elias, mas no que veio depois. A comida de Elias prefigura a comida que tira todo o cansaço. Se Elias, mortalmente cansado, recebe do pão de Deus força para caminhar 40 dias, o homem morto pelos impasses da vida  recebe do “pão descido do Céu” vigor para a vida eterna (evangelho).
Como é que Jesus, o “pão descido do Céu” (cf. dom. pass.), dá vida eterna? Os judeus se mostram céticos: “murmuram” (como fizeram no deserto) a respeito da origem por demais conhecida de Jesus (mas em 9,29 não acreditam porque não sabem de onde é…). A essa murmuração, Deus não mais responde com um dom perecível, como o maná do deserto, mas com o dom escatológico, como indica o texto profético que agora se cumpre: “Todos serão ensinados por Deus”. Que Deus e sua vontade serão conhecidos diretamente, sem o intermédio de mestres (cf. Is 54,13), faz parte da “nova Aliança”, plenitude da antiga (Jr. 31,33-34). É o que se cumpre em Jesus Cristo. O cristão o sabe: ninguém jamais viu Deus (6,46; cf. 1,18), mas quem vê Jesus, vê o Pai (1,18; 12,45; 14,9). Quem procura o ensinamento escatológico de Deus, na plenitude da Aliança, só precisa ir a Jesus (6,45b). Este ensinamento, porém, contém um paradoxo: ao mesmo tempo que o homem é responsável por ir a Jesus, ele deve ser atraído pelo Pai. Temos exemplos de tal relação dialogal em nosso dia-a-dia: para realmente participar de uma aprendizagem, o aluno deve ser admitido pelo mestre e ao mesmo tempo querer aprender; para gozar plenamente a alegria de uma festa, a gente deve ser convidado e ir com gosto ao mesmo tempo. A fé não é uma coisa unilateral. É um diálogo entre Deus que nos atrai a Jesus Cristo e nós que nos dispomos a escutar sua palavra.
Quando se realiza esse diálogo, temos (já: tempo presente; Jo 6,47b; cf. 5,24) a vida eterna. Já nos saciamos com a comida que proporciona vigor inesgotável. A “vida eterna” não é um prolongamento ao infinito de nossa vida biológica. É a dimensão inesgotável e decisiva de nossa existência; não inicia apenas no além. João não fala, praticamente, em “Reino de Deus”. Fala da “vida eterna”, para indicar a realidade da vontade divina assumida pelos homens e encarnada na existência humana. Quem fez isso por excelência é Jesus, seu Filho unigênito. Sua doação até a morte, sua “carne” (= existência humana) dada até a morte, ensina e mostra, mas também realiza, para quem a ele aderir, esta “vida” para o mundo.
Portanto, sermos ensinados por Deus significa que, mediante a adesão à existência que Jesus viveu até a morte, abrimos em nossa vida espaço para a dimensão divina e definitiva de nossa vida, dimensão que lhe confere um sentido inesgotável e irrevogável: o sentido de Deus mesmo.
Nesta perspectiva, a 2ª leitura de hoje toma-se importante. Ensina-nos a imitar Deus (no mútuo perdão) e a amar como Cristo nos amou. Em outros termos, nossa vocação de sermos semelhantes ao pai (Gn 1,27) se realiza na medida em que assumimos a existência de Cristo, dando-lhe crédito e imitando-o.

Jesus, Pão descido do céu
Continuamos nossa meditação sobre o capítulo 6 de João, que constitui o fio das leituras dominicais por este tempo. No domingo passado, Jesus se apresentou como o pão descido do céu, com palavras que lembravam as declarações de Isaías sobre a palavra e o ensinamento de Deus. Hoje aprofundamos o sentido disso. Jesus é alimento da parte de Deus por ser a Palavra de Deus (Jo 1,1), que nos faz viver a vida que está nas mãos de Deus – a vida que chamamos de “eterna”. (Esta não é mero prolongamento indefinido de nossa vida terrestre, o que não valeria a pena, mas é “de outra categoria”: da categoria de Deus mesmo. Neste sentido, vida eterna e vida divina são sinônimos).
Jesus nos alimenta para essa vida divina por tudo aquilo que ele é e fez. Sua vida é o grande ensinamento que nos encaminha na direção do Pai. Na antiga Aliança, Moisés e seus sucessores ensinavam o povo, mas nem sempre de melhor maneira. Agora, realiza-se a Nova Aliança, em que todos se tornam discípulos de Deus (Jo 6,45; Jr 31,33; Is 54,13). Quem escuta Jesus, que é a Palavra de Deus em pessoa, não precisa mais de intermediários (Jo 1,17). Ninguém jamais viu Deus, a não ser aquele que desce de junto dele, o Filho que no-lo dá a  conhecer (6,46; cf. 1,18). Jesus conhece Deus por dentro. Escutando Jesus, aprendemos a  conhecer Deus, sem mais intermediários.
Escutar Jesus alimenta-nos para a vida com Deus, para sempre. Ora, João diz que quem crê já tem a vida eterna (5,24). Como é essa vida eterna, divina? Será talvez esse bem-estar incomparável que sentimos quando ficamos mortos de cansaço por nos termos dedicado aos nossos irmãos até não poder mais? Quando arriscamos nossa vida na luta pela justiça e o amor fraterno. Quando doamos o melhor de nós, material e espiritualmente. A felicidade de quem dá sua vida totalmente. Pois é isso que Jesus nos ensina da parte de Deus. E porque ele fez isso, ele é o ensinamento de Deus em pessoa.
Para Israel, o ensinamento de Deus está na Escritura e na tradição dos mestres: é a Torá, a “Instrução” (termo traduzido de modo inadequado por “Lei”). Para nós, a Torá viva é Jesus.
Sabemos que o tipo de vida que Jesus nos mostra e ensina é endossado por Deus, como ele comprovou ressuscitando seu filho dentre os mortos. É a vida que Deus quer. E o pão que alimenta essa vida é Jesus. Alimenta-a pela palavra que falou, pela vida que viveu, pela morte de que morreu: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu…. O pão que eu darei é minha carne dada para a vida do mundo”(6,51, evangelho do próximo dom.).
Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes


Roteiro Homilético 3 - Liturgia: Vida Pastoral

Cristo, o pão vivo descido do céu

I. Introdução geral

O alimento e a água dados por Deus ao profeta Elias, que lhe restauram as forças e o sustentam na longa caminhada até a Montanha de Deus, são transparentes figuras da eucaristia e do batismo, que dão a vida eterna e sustentam o cristão no caminho para Deus. A consequência prática disso é que a caminhada do cristão consiste na configuração da própria vida à vida de Cristo, andando no amor e doando-se a Deus e ao próximo.

II. Comentário dos textos bíblicos

Evangelho (Jo 6,41-51): Quem comer deste pão viverá eternamente
Jesus é o pão da vida, aquele que comer deste pão terá a vida eterna. E vida eterna não é a mesma coisa que vida pós-morte. Vida eterna significa vida reconciliada com Deus. Vida essa que já começa aqui, numa existência orientada para Deus, em profunda união com ele, e se prolonga após a morte.

Nesse sentido, quem come desse pão não morrerá. Isso não diz respeito à morte física, porque esta faz parte da realidade humana, da sua condição de ser histórico, finito, contingente. Não morrer, no sentido cristão da palavra, significa que a morte como ruptura definitiva com Deus foi abolida. Se, na existência humana histórica, se pode viver em união com Deus, essa união não termina com a morte. Esta se transforma em passagem para uma vida plena, em que o filho retorna à casa do Pai. Se o cristão vive sua vida reconciliada com Deus, então até mesmo a morte se torna sua aliada, e não uma realidade terrível que o ser humano tenta desesperadamente evitar. Assim como Jesus enfrentou a morte de cabeça erguida, nele nós enfrentamos a morte como vencedores, pois temos nossa vida em Deus.

Quando Jesus afirma: “E o pão que eu darei é minha carne para a vida do mundo”, refere-se à entrega que faz de si mesmo na cruz para a vida do mundo. Como a existência integral de Jesus foi vivida em profunda união com o Pai em prol da humanidade, sua entrega na cruz não é um evento pontual, mas o resultado de tudo o que ele ensinou e viveu. Porque ele se entregou à humanidade durante sua vida inteira, pôde entregar-se finalmente na morte. A existência inteira de Jesus foi oferta agradável ao Pai em prol do ser humano.

O conhecimento desse mistério será acolhido por todos os que vieram a Jesus. Porque serão instruídos pelo Pai, verdadeiros discípulos de Deus, seus seguidores. Ser discípulo de Jesus é a mesma coisa que ser discípulo de Deus, porque o Filho e o Pai estão unidos em solidariedade pela salvação do mundo. O ensinamento que os discípulos aprendem vem do Pai por meio da vida de Jesus.

I leitura (1Rs 19,4-8): Come deste pão! Porque o caminho é superior às tuas forças
O profeta Elias vagava em fuga pelo deserto adentro. A certa altura, encontrava-se cansado por ter passado longos dias e noites na viagem. Além do cansaço, estava exausto pelo forte calor do sol; sentia fome e sede e, além disso, oprimia-lhe a solidão do deserto. Nesse estado de coisas, só lhe restava dizer: “Agora basta, Senhor!” (v. 4). Ele pediu a morte – embora isso pareça uma contradição, já que estava fugindo da rainha Jezabel para preservar a própria vida.

Elias está fazendo um êxodo ao contrário, pois, durante 40 anos, o povo foi do deserto para Israel e agora o profeta vai da terra prometida à Montanha de Deus. E, assim como aconteceu aos antepassados, a quem o profeta chama de “pais” (v. 4), Deus providenciou alimento e água para manter a vida do profeta. O texto menciona que o alimento era “pão assado na pedra”, ou seja, o alimento cotidiano de vários povos orientais (cf. Gn 18,6).

Com o alimento e a água, Elias sentiu-se confortável e quis ficar ali acomodado, dormindo. Mas recebeu uma ordem para levantar-se (mesmo termo que significa “ressuscitar”) e dirigir-se até a Montanha de Deus. O texto afirma que o profeta andou 40 dias, fortalecido pelo alimento e pela água, em clara alusão aos 40 anos que os hebreus haviam passado no deserto alimentados pelo maná e pela água tirada da rocha. Elias precisava chegar à Montanha, lugar onde Deus havia confirmado a aliança feita com os patriarcas e seus descendentes e adotado as tribos de Israel como povo escolhido (cf. Ex 3,1).

II leitura (Ef 4,30-5,2): Cristo por nós se entregou como oferta de suave odor
A exortação “não contristeis o Espírito Santo” parece estranha. O termo usado também quer dizer “provocar dor” ou “causar pesar”. Essa expressão simbólica significa que os cristãos não devem fazer o oposto daquilo para o qual receberam a unção do Espírito Santo.

O Espírito Santo na vida do cristão é o selo de Deus. Antigamente se marcava qualquer propriedade com um emblema que identificava o dono. Um exemplo atual são os objetos da paróquia, comumente marcados com um carimbo ou etiqueta para indicar a instituição proprietária. O Espírito Santo assegura que somos propriedade do Senhor e que devemos ser empregados completamente no serviço de Deus. Até que chegue “o tempo da redenção”, ou seja, o nosso encontro definitivo com o Senhor, devemos trilhar nosso caminho com firmeza de propósitos e testemunho de vida, sem nunca nos cansarmos de fazer o bem.

Como as crianças gostam de imitar os pais e é assim que aprendem as coisas do dia a dia, da mesma forma os cristãos deveriam seguir o exemplo de Deus. Mas como é possível imitar a Deus? O que significa isso? A resposta está no v. 2: “Andai no amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós a Deus como oferta e sacrifício de suave odor”.

O termo “oferta” significa qualquer oferecimento pelo qual se expressa gratidão por tudo (todas as graças) que se recebe da benevolência de Deus. “Sacrifício” quer dizer aquilo que se oferece quando se perdem, por causa da ruptura do pecado, as graças recebidas de Deus. Por fim, a expressão “de suave odor” significa estar de acordo com o que Deus ordenou, diz-se do sacrifício que agrada a Deus ou que ele aceitou com prazer.

III. Pistas para reflexão

– O pão e a água, figuras da eucaristia e do batismo, têm o objetivo de levar o cristão a entrar em aliança com Deus, fazer a experiência da ressurreição. São força e sustento na caminhada rumo a Deus. Não nos são dados para que fiquemos acomodados na sombra, mas para enfrentarmos os rigores do deserto. A jornada de Cristo neste mundo foi vivida no amor. Com esse estilo de vida, ele demonstrou gratidão, ofereceu-se para superar a ruptura provocada por nosso pecado e agradou a Deus em tudo. É esse tipo de vida que Cristo nos dá e é assim que devemos viver.

– Neste dia em que celebramos a vocação de constituir família, no qual homenageamos especialmente os pais, é bom enfatizar o relacionamento filial que Cristo nos ensinou a ter com Deus. Os meios visíveis (sacramentos) que nos introduzem nessa filiação e, principalmente, a ação de Deus para efetivar esse relacionamento filial. O alimento material é apenas um sinal de tudo o que Deus realizou em nosso favor como Pai amoroso.

Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj
Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje – BH), onde também cursou mestrado e doutorado em Teologia Bíblica. Atualmente, leciona na Faculdade Católica de Fortaleza. É autora do livro Eis que faço novas todas as coisas – teologia apocalíptica (Paulinas). E-mail: aylanj@gmail.com




Roteiro Homilético 4 - Liturgia: Dom Henrique
A Liturgia da Palavra deste Domingo ainda está ligada ao evangelho da multiplicação dos pães. Jesus reclama porque os judeus não quiseram compreender o sinal da multiplicação. Claramente, ele afirma: “Eu sou o pão que desceu do céu! Quem dele comer, nunca morrerá!”

Eis aqui a grande revelação do Senhor! Os judeus só conseguem ver a superfície, somente compreendem que ele é o filho de José; não percebem, não crêem que ele vem do Pai, como alimento de nossa existência: ele é o sustento, o alimento da nossa vida. Afinal, que é viver? Será simplesmente existir, respirar, sobreviver, de qualquer modo, sem rumo, sem sentido, sem uma finalidade para a existência? Que vida seria essa? Não uma existência assim, miserável, que vemos tantos e tanto hoje vivendo? Pois bem, Jesus afirma que ele dá o sustento verdadeiro à nossa vida; com ele, a vida tem sentido, tem rumo, tem razão de ser; com ele, descobriremos porque vivemos, descobrimos de onde vimos e para onde vamos, descobrimos que somos amados e somos fruto de um sonho de amor; com ele, finalmente, temos a paz! “Eu sou o pão da vossa vida! Precisais mais de mim que vosso corpo do pão de cada dia. Quem come desse pão que sou eu, isto é, quem se alimenta de meu amor, de minhas palavras, de meu caminho, nunca viverá uma vida de mentira, de ilusão, de morte; antes, viverá de verdade!

Para ilustrar isso, basta pensarmos na situação de Elias, na primeira leitura de hoje. Ele tinha matado os profetas de Baal no monte Carmelo. Jezabel, a rainha idólatra, tinha prometido vingança e queria matá-lo. O profeta sentiu medo e figiu, procurando esconder-se no deserto do Sinai para encontrar inspiração e consolo no monte Horeb (outro nome para o monte Sinai), o Monte de Deus. E lá vai Elias… Mas, o caminho longo, os dias quentes do deserto, a solidão, a tensão da fuga, tudo isso traz desânimo e depressão ao profeta. A vida lhe parece dura, amarga, sem sentido. Cansado, ele se rende e pede a morte: “Agora basta, Senhor! Tira a minha vida,pois não sou melhor que meus pais… Sou igual a todo mundo, não sou a palmatória do mundo… Cansei! Quero morrer!” Quantas vezes somos como Elias, quantas vezes a existência nos pesa, o sentido da vida parece se nos esconder, quantas vezes parece que apenas sobrevivemos, mas não temos idéia para onde vai o caminho… O desengano do profeta é tão profundo que ele, deprimido, cai no sono. E o Senhor envia-lhe um anjo: “’Levanta-te e come!’ E ele viu junto à sua cabeça um pão assado… ‘Ainda tens um longo caminho a percorrer’. Elias levantou-se, comeu e bebeu e, com a força desse alimento, andou quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao Horeb, o monte de Deus”. Caríssimos, também nós estamos a caminho, também nós precisamos de um pão como o de Elias. Esse pão o Senhor nos dá, esse pão é o próprio Cristo, que hoje nos diz: “Eu sou o pão da vossa vida!” Infelizmente para nós, caríssimos, nos iludimos, procurando saciar nossa fome de vida com coisas que não alimentam o coração. É aquela antiga queixa de Deus, pela boca do profeta Isaías: “Ah! Todos que tendes sede, vinde à água. Vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; comprai sem dinheiro e sem pagar, vinho e leite. Por que gastais dinheiro com aquilo que não é pão, e o produto do vosso trabalho com aquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me com toda atenção e comei o que é bom. Escutai e vinde a mim, ouvi-me e havereis de viver!” (Is 55,1-3)

Mas, o Senhor é bondoso e sua misericórdia é sem limites! Quem pode pôr medida à sua bondade? Ele não somente é pão e sustento de nossa vida de modo figurado. Para surpresa nossa, para escândalo do mundo – e até de tantos cristãos que estão separados da Igreja de Cristo – o Senhor revela: “O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo!” É demais, caríssimos! É surpreendente, é inesperado! Aqui, o Senhor está falando claramente da Eucaristia: “Eu sou o pão da vossa vida, eu vos alimento de vida e de sentido de viver; e eu fico entre vós, fico convosco, alimento-vos de um modo que não esperáveis: minha união convosco é total, absoluta: eu vos dou verdadeiramente minha carne, meu corpo morto e ressuscitado, como vida da vossa vida!” Meus irmãos, não pode haver maior dom, maior intimidade, mais revigorante alimento! Os judeus murmuravam, os protestantes murmuram, mas Cristo nosso Deus, que tem palavras de vida eterna e para quem nada é impossível, nos garante: “O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo!” Caríssimos, estejamos atentos para nos aproximar freqüentemente desse alimento de vida eterna; com freqüência e com dignidade. Privar-se da comunhão eucarística quando se poderia comungar é fazer pouco caso do dom do Senhor, é ser auto-suficiente, é não reconhecer que somente Jesus nos alimenta e nos sustém com a sua graça. Não cuidar de comungar é um orgulho que nos coloca debaixo da terrível sentença do nosso Salvador: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes do seu sangue, não tereis a vida em vós!” (Jo 6,53). Por outro lado, aproximar-se do Corpo do Senhor sem se examinar; comungar sem estar em comunhão com o Senhor e com os irmãos é mentir contra a Eucaristia, é comer e beber a própria condenação! Comunguemos sempre, caríssimos; mas, comunguemos estando preparados, conforme a santa Palavra de Deus nos exorta! Recordemos a grave palavra do Apóstolo: “Que cada um se examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo come e bebe a própria condenação” (1Cor 11,28s).

Meus caros, a Eucaristia, comunhão no santíssimo Corpo do Senhor, não somente é alimento para o nosso caminho, não somente á sustento da nossa vida, não somente é penhor de vida eterna, como também nos dá a graça do Santo Espírito, que nos faz ser um só corpo em Cristo. Eis, que mistério tão profundo: comungando do Corpo do Senhor na Eucaristia, nós nos tornamos cada vez mais unidos no corpo do Senhor, que é a Igreja! Comunguemos, pois, e teremos força para viver o belo caminho que a segunda leitura deste hoje nos aponta: “Vivei no amor, como Cristo nos amou e se entregou a si mesmo a Deus por nós, em oblação e sacrifício de suave odor”. Eis aqui: a nossa participação no sacrifício eucarístico de Cristo, a nossa comunhão no seu corpo sacrificado e entregue amorosamente, devem nos levar a um novo modo de viver, um modo que consiste na docilidade ao Espírito do Senhor morto e ressuscitado, que significa comunhão com Deus e com os irmãos: “Sede bons uns para com os outros, sede compassivos; perdoai-vos mutuamente, como Deus vos perdoou por meio de Cristo”.

Portanto, seja Cristo, que se oferece por nós em sacrifício e se dá a nós em comunhão, o pão, o sustento, o sentido da nossa vida, para podermos caminhar, entre as lutas, desafios e cansaços desta vida, até o monte de Deus, que é a Pátria celeste. Amém.

Dele alimentar-se é iniciar uma nova vida, vivendo sua dinâmica de entrega: vivei em amor como ele nos amou e se entregou por nós em sacrifício (2l).



Roteiro Homilético 5 - Liturgia: Dom Total
1ª leitura: (1Rs 19,4-8) Elias alimentado por Deus no deserto – Elias foge da perseguição de Acaz e Jezabel, para o deserto. Aí, revive a história de seu povo: desânimo, até desejar a morte (cf. o “murmúrio dos hebreus”), mas também, alimentação oferecida por Deus (cf. o maná), para que possa alcançar “a montanha de Deus”(= onde Deus apareceu a Moisés: o Horeb). Elias revive as origens da fé de seu povo, volta às fontes. * 19,8 cf. Ex 24,18; Mt 4,1ss.

2ª leitura: (Ef 4,30–5,2) Filhos de Deus, animados por seu Espírito – O selo de garantia de nossa salvação é o Espírito Santo, o Espírito de amor, que provém do íntimo de Deus. A gente o pode asfixiar por mesquinharias de todo o tipo (4,31), como também por estruturas que não lhe deixam espaço. Devemos realizar o contrário: liberalidade, bondade, perdão, segundo o modelo de Cristo, em cuja doação se manifesta o amor de Deus. Devemos abrir em nossa vida e sociedade um espaço onde possa soprar o Espírito de amor de Deus. * 4,30-32 cf. Is 63,10; Ef 1,13-14; 4,4; Cl 3,8.12-13; Mt 6,14 * 5,1-2 cf. Mt 5,48; Fl 2,20; Hb 10,10; 1Jo 3,16.

Evangelho: (Jo 6,41-51) Revelação de Deus pelo “Pão da Vida” – Continuação do Discurso do Pão da Vida (cf. dom. passado) – O murmurar dos judeus (cf. Ex 16,4ss) mostra que ainda não ultrapassaram o nível de compreensão material, pensando saberem de onde Jesus é. Resposta de Jesus: “Não vem a mim ninguém que não for atraído pelo Pai” (6,44). Em todos os que vão a Jesus, único revelador do Pai, realiza-se a Escritura anunciando o ensinamento por Deus (6,45-46) e a vida escatológica, pela fé (6,47; cf. 44): A “vida eterna” acontece quando acolhemos o “Pão da Vida” (6,48), que é Jesus (em oposição ao “pão da morte”, o maná; cf. 6,27). Mais especificamente (aludindo às palavras eucarísticas): quando acolhemos Jesus na doação de sua “carne” (= existência humana) para a vida do mundo (6,51). * 6,44-45 cf. Mt 16,17; Is 54,13; Jr 31,33-34 * 6,46 cf. Ex 33,20; Jo 1,18; 7,29 * 6,51 cf. Lc 22,19; 1Cor 11,24.

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A invocação da fidelidade de Deus à sua Aliança, no canto da entrada, cria a atmosfera da mensagem: linha da atuação divina, que alcança seu auge em Jesus Cristo e se perpetua na vida dos fiéis.

A 1ª leitura narra a experiência de “refontização” de Elias. Ele refaz, em sua vida pessoal, a experiência de Israel. Está para morrer, no deserto. Mas o Deus que alimentou Israel no deserto, alimenta também Elias. Depois de refeito, quer descansar. Mas Deus o faz andar, pela força do alimento, 40 dias e 40 noites, até a montanha de Deus. Repete simbolicamente a caminhada de Israel (40 anos, alimentado por Javé). Porém, o verdadeiro sentido desta história, conforme o quadro da liturgia de hoje, não se deve procurar naquilo que aconteceu antes de Elias, mas no que veio depois. A comida de Elias prefigura a comida que tira todo o cansaço. Se Elias, mortalmente cansado, recebe do pão de Deus força para caminhar 40 dias, o homem morto pelos impasses da vida recebe do “pão descido do Céu” vigor para a vida eterna (evangelho).

Como é que Jesus, o “pão descido do Céu” (cf. domingo passado), dá vida eterna? Os judeus se mostram céticos: “murmuram” (como fizeram no deserto) a respeito da origem por demais conhecida de Jesus (mas em 9,29 não acreditam porque não sabem de onde é...). A essa murmuração, Deus não mais responde com um dom perecível, como o maná do deserto, mas com o dom escatológico, como indica o texto profético que agora se cumpre: “Todos serão ensinados por Deus”. Que Deus e sua vontade serão conhecidos diretamente, sem o intermédio de mestres (cf. Is 54,13), faz parte da “nova Aliança”, plenitude da antiga (Jr 31,33-34). É o que se cumpre em Jesus Cristo. O cristão o sabe: ninguém jamais viu Deus (6,46; cf. 1,18), mas quem vê Jesus, vê o pai (1,18; 12,45; 14,9). Quem procura o ensinamento escatológico de Deus, na plenitude da Aliança, só precisa ir a Jesus (6,45b). Este ensinamento, porém, contém um paradoxo: ao mesmo tempo em que o homem é responsável por ir a Jesus, ele deve ser atraído pelo Pai. Temos exemplos de tal relação dialogal em nosso dia-a-dia: para realmente participar de uma aprendizagem, o aluno deve ser admitido pelo mestre e ao mesmo tempo querer aprender; para gozar plenamente a alegria de uma festa, a gente deve ser convidado e ir com gosto ao mesmo tempo. A fé não é uma coisa unilateral. É um diálogo entre Deus que nos atrai a Jesus Cristo e nós que nos dispomos a escutar sua palavra.

Quando se realiza esse diálogo, temos (já: tempo presente; Jo 6,47b; cf. 5,24) a vida eterna. Já nos saciamos com a comida que proporciona vigor inesgotável. A “vida eterna” não é um prolongamento ao infinito de nossa vida biológica. É a dimensão inesgotável e decisiva de nossa existência; não inicia apenas no além. João não fala, praticamente, em “Reino de Deus”. Fala da “vida eterna”, para indicar a realidade da vontade divina assumida pelos homens e encarnada na existência humana. Quem fez isso por excelência é Jesus, seu Filho unigênito. Sua doação até a morte, sua “carne” (= existência humana) dada até a morte, ensina e mostra, mas também realiza, para quem a ele aderir, esta “vida” para o mundo.

Portanto, sermos ensinados por Deus significa que, mediante a adesão à existência que Jesus viveu até a morte, abrimos em nossa vida espaço para a dimensão divina e definitiva de nossa vida, dimensão que lhe confere um sentido inesgotável e irrevogável: o sentido de Deus mesmo.

Nesta perspectiva, a 2ª leitura de hoje torna-se importante. Ensina-nos a imitar Deus (no mútuo perdão) e a amar como Cristo nos amou. Em outros termos, nossa vocação de sermos semelhantes ao pai (Gn 1,27) se realiza na medida em que assumimos a existência de Cristo, dando-lhe crédito e imitando-o.

JESUS, PÃO DESCIDO DO CÉU

Continuamos nossa meditação sobre o capítulo 6 de João, que constitui o fio das leituras dominicais por este tempo. No domingo passado, Jesus se apresentou como o pão descido do céu, com palavras que lembravam as declarações de Isaías sobre a palavra e o ensinamento de Deus. Hoje aprofundamos o sentido disso. Jesus é alimento da parte de Deus por ser a Palavra de Deus (Jo 1,1), que nos faz viver a vida que está nas mãos de Deus – a vida que chamamos de “eterna”. (Esta não é mero prolongamento indefinido de nossa vida terrestre, o que não valeria a pena, mas é “de outra categoria”: da categoria de Deus mesmo. Neste sentido, vida eterna e vida divina são sinônimos.)

Jesus nos alimenta para essa vida divina por tudo aquilo que ele é e faz. Sua vida é o grande ensinamento que nos encaminha na direção do Pai. Na antiga Aliança, Moisés e seus sucessores ensinavam o povo, mas nem sempre da melhor maneira. Agora se realiza a Nova Aliança, em que todos se tornam discípulos de Deus (Jo 6,45; Jr 31,33; Is 54,13). Quem escuta Jesus, que é a Palavra de Deus em pessoa, não precisa mais de intermediários (Jo 1,17). Ninguém jamais viu Deus, a não ser aquele que desce de junto dele, o Filho que no-lo dá a conhecer (6,46; cf. 1,18). Jesus conhece Deus por dentro. Escutando Jesus, aprendemos a conhecer Deus, sem mais intermediários.

Escutar Jesus alimenta-nos para a vida com Deus, para sempre. Ora, João diz que quem crê já tem a vida eterna (5,24). Como é essa vida eterna, divina? Será talvez esse bem-estar incomparável que sentimos quando ficamos mortos de cansaço por nos termos dedicado aos nossos irmãos até não poder mais? Quando arriscamos nossa vida na luta pela justiça e o amor fraterno. Quando doamos o melhor de nós, material e espiritualmente. A felicidade de quem dá sua vida totalmente. Pois é isso que Jesus nos ensina da parte de Deus. E porque ele fez isso, ele é o ensinamento de Deus em pessoa.

Para Israel, o ensinamento de Deus está na Escritura e na tradição dos mestres: é a Torá, a “Instrução” (termo traduzido de modo inadequado por “Lei”). Para nós, a Torá viva é Jesus.

Sabemos que o tipo de vida que Jesus nos mostra e ensina é endossada por Deus, como ele comprovou ressuscitando seu filho dentre os mortos. É a vida que Deus quer. E o pão que alimenta esse vida é Jesus. Alimenta-a pela palavra que falou, pela vida que viveu, pela morte de que morreu: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu... O pão que eu darei é minha carne dada para a vida do mundo” (6,51, evangelho do próximo domingo).

(O Roteiro Homilético é elaborado pelo Pe. Johan Konings SJ – Teólogo, doutor em exegese bíblica, Professor da FAJE. Autor do livro "Liturgia Dominical", Vozes, Petrópolis, 2003. Entre outras obras, coordenou a tradução da "Bíblia Ecumênica" – TEB e a tradução da "Bíblia Sagrada" – CNBB. Konings é Colunista do Dom Total. A produção do Roteiro Homilético é de responsabilidade direta do Pe. Jaldemir Vitório SJ, Reitor e Professor da FAJE.)



Roteiro Homilético 6 - Liturgia: Pe. Françoá Costa
Um dos momentos mais importantes na nossa Missa é a comunhão, quando recebemos Jesus Sacramentado em nós. Então se pode dizer com toda a propriedade que “o Reino de Deus já está no meio de vós” (Lc 17,21). Comungar o Senhor é algo necessário, pois “quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo” (Jo 6,51).

Santa Joana de Chantal, quando era pequena, mostrou a um homem que não tinha a nossa fé católica que Jesus está na Santíssima Eucaristia de uma maneira que ficou-lhe muito bem gravada na alma. Seu pai num determinado momento conversava com um herege (uma pessoa que não tem toda a fé católica) sobre a Eucaristia. Aquele homem que tinha caído na heresia dizia ao pai de Joana que não acreditava na Eucaristia, ele negava a presença de Cristo na Eucaristia. Joana interrompeu a conversa e disse àquele homem: “- o senhor deve crer que Jesus Cristo se encontra no Santíssimo Sacramento porque foi Ele, o próprio Jesus, quem o disse. Se o senhor não crer está chamando Jesus de mentiroso”. O herege, querendo sair de uma maneira brilhante daquela situação, ofereceu à menina umasº amêndoas. A menina recebeu o presente. Quando o herege já estava tranquilo, viu Joana Francisca aproximar-se da chaminé e lançar as amêndoas no fogo. A menina disse ainda: “-isso é o que acontece com aquelas pessoas que não acreditam no que Jesus disse”.

Nós, ao contrário, acreditamos piamente no que Jesus disse e por isso comungamos com fé e amor. Jesus está no céu com o seu Corpo glorioso; também está na terra de várias maneiras, mas a maneira mais especial, mais bonita e mais misteriosa é esta: a Eucaristia. E Eucaristia quer dizer ação de graças. Que momento tão belo! Por isso, depois da comunhão temos o costume de dar graças a Deus, dizer-lhe o nosso muito obrigado. Quando os pais veem os seus filhos pouco agradecidos depois de receberem presentes, costumam lembrá-los: “como é que se diz, filho?” Então a criança, meio tímida, diz ao seu benfeitor: “muito obrigado”. É preciso ser agradecidos. Deus é tão bom!

Na verdade, para um momento tão especial como este, devemos estar atentos aos detalhes. No entanto, o mais importante é que nos aproximemos da Hóstia Santa e a tomemos em nossa boca tão somente se estamos em estado de graça, isto é, se não cometemos nenhum pecado mortal (= grave) desde a última confissão bem feita. Também é importante, e a Igreja assim o exige, que, uma hora antes da comunhão, nada comamos ou bebamos (com exceção de água e remédios). Logicamente, há causas graves que dispensam da obrigação de guardar o assim chamado jejum eucarístico.

Quanto aos detalhes que devemos guardar com relação à Hóstia Santa que vamos receber, é questão de amor! A comunhão será tanto mais frutuosa quanto mais amor houver. Quem deseja comungar e vai se preparando para esse momento durante as horas que antecedem a Santa Missa, entrará numa profunda e íntima comunhão com o Senhor do céu e da terra, Jesus Cristo. Quem, depois de comungar, agradece a Deus por que ele veio à sua alma e por todos os dons que lhe concede, está abrindo o coração para receber novas graças. Deus se deixa atrair por uma pessoa agradecida. É verdade que às vezes podemos ficar um pouco perdidos depois da Comunhão, sem saber direito o que dizer ao Senhor: basta que queiramos dar-lhe graças e nos mantenhamos recolhidos deixando que flua o diálogo com Deus. Também podemos utilizar aqueles livros que contêm orações para facilitar a nossa ação de graças: enquanto recitamos tais orações vocais, o nosso coração vai acompanhando o que elas significam e vamos fazendo nossas as palavras que lemos.

O Corpo e o Sangue do Senhor é o nosso tesouro nesta terra!



Roteiro Homilético 7 - Liturgia: Mons. José Maria Pereira
A Força da Eucaristia

Jesus, Pão Vivo descido do céu, ocupa o lugar central da Liturgia da Palavra de hoje, toda ela orientada para a Eucaristia. A primeira leitura (1Rs 19, 4-8) fala do Profeta Elias que para se salvar do furor da rainha Jezebel, foge para o deserto. Durante a longa e difícil viagem, sentiu-se cansado e quis morrer. “Agora basta, Senhor! Tira minha vida, porque eu não sou melhor do que os meus pais. E, deitando-se no chão, adormeceu à sombra de uma árvore. Mas o Anjo do Senhor o despertou, ofereceu-lhe pão e disse-lhe: Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer. Elias levantou-se, comeu e bebeu, e, com a força desse alimento, andou quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao monte de Deus.” O que não teria conseguido com as suas próprias forças, conseguiu-o com o alimento que o Senhor lhe proporcionou quando mais desanimado se sentia.

O monte santo para o qual o Profeta se dirige é imagem do Céu, e o trajeto de quarenta dias representa a longa viagem que vem a ser a nossa passagem pela terra; uma viagem semeada também de tentações, cansaços e dificuldades que por vezes nos fazem fraquejar o ânimo e a esperança. Mas, de maneira semelhante ao Anjo, a Igreja convida-nos a alimentar a nossa alma com um pão totalmente singular, que é o próprio Cristo, presente na Sagrada Eucaristia. Nele encontramos sempre as forças necessárias para chegarmos até o Céu, apesar da nossa fraqueza.

“Eu sou o Pão da Vida, diz-nos Jesus no Evangelho (Jo 6, 41-51). “Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu darei e a minha carne, dada para a vida do mundo” (Jo 6,51).

Hoje, o Senhor recorda-nos vivamente a necessidade que temos de recebê-Lo na Sagrada Comunhão para podermos participar da vida divina, para vencermos as tentações, para que a vida da graça recebida no Batismo se desenvolva em nós. Quem comunga em estado de graça, além de participar dos frutos da Santa Missa, obtém uns bens próprios e específicos da Comunhão eucarística: recebe, espiritual e realmente, o próprio Cristo, fonte de toda a graça. A Eucaristia é, por isso, o maior sacramento, o centro e cume de todos os demais. A presença real de Cristo dá a este sacramento uma eficácia sobrenatural infinita.

Na Comunhão, o poder divino ultrapassa todas as limitações humanas, porque sob as espécies eucarísticas recebemos o próprio Cristo indiviso. O amor atinge a máxima expressão neste sacramento, pois é a plena identificação com Aquele que tanto se ama a quem tanto se espera. “Assim como quando se juntam dois pedaços de cera e com o fogo se derretem, dos dois se forma uma só coisa, assim também é o que acontece pela participação do Corpo de Cristo e do seu precioso Sangue” (São Cirilo de Alexandria). É o que diz Jesus: “Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por meio do Pai, assim aquele que de mim se alimenta viverá por meio de mim” (Jo 6, 57).

A alma nunca deixará de dar graças se se recordar com frequência da riqueza deste sacramento. A Eucaristia produz na vida espiritual efeitos parecidos aos do alimento material, em relação ao corpo. Fortalece-nos e afasta de nós a debilidade e a morte: o alimento eucarístico livra-nos dos pecados veniais, que causam a debilidade e a doença da alma, e preserva-nos dos mortais, que ocasionam a morte. Disse o Papa Paulo VI: “A Comunhão frequente ou diária torna a vida espiritual exuberante, enriquece a alma com uma maior efusão de virtudes e dá àquele que comunga um penhor seguro da felicidade eterna” (Enc. Mysterium Fidei). Tal como o alimento natural permite que o corpo cresça, a Eucaristia aumenta a santidade e a união com Deus, “porque a participação do corpo e do sangue de Cristo não faz outra coisa senão transfigurar-nos naquilo que recebemos” (São Cirilo de Alexandria).

A Comunhão ajuda-nos a santificar a vida familiar; incita-nos a realizar o trabalho diário com alegria e perfeição; fortalece-nos para enfrentarmos com garbo humano e sentido sobrenatural as dificuldades e tropeços da vida diária.

Que Jesus, o Pão Vivo descido do Céu, fortaleça os pais! Que os pais não desanimem como Elias diante de situações difíceis e complicadas. Pois, ser pai é uma Missão (é uma vocação) sublime! É participar do maravilhoso mistério da criação, é iluminar o mundo com uma nova e insubstituível centelha de vida.

Hoje iniciamos a Semana Nacional da Família, com a qual a Igreja pretende fazer redescobrir os valores da família; uma família, que a exemplo da Sagrada Família de Nazaré, seja a família que Deus quer; uma família, onde os filhos encontram a paz e a segurança tão desejada e tão necessária…



Roteiro Homilético 8 - Liturgia: D. Anselmo Chagas de Paiva, OSB presbíteros.org
Eu sou o pão da vida

Jo 6,41-51

Meus caros irmãos e irmãs,

Uma vez mais nos deparamos com a preocupação de Deus em oferecer a todos o “pão” da vida plena e definitiva.  O Evangelho sequencia este tema já abordado nos domingos anteriores.  Jesus mostra que o povo no deserto comeu o maná e todos morreram (v. 50).  O pão vivo, ao contrário, dá a vida eterna.  Quem comer dele não morrerá (v. 50).  O discurso é concluído no v. 51 com a revelação de Jesus: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu” (v. 51).  O ponto culminante da revelação de Jesus está nas palavras que Ele acrescenta: “E o pão que eu darei é a minha carne pela vida do mundo” (v. 51).

Esta leitura do Evangelho de São João, que nos acompanha nestes domingos, nos fez refletir inicialmente sobre a multiplicação milagrosa, em que cinco pães de cevada e dois peixes foram suficientes para dar de comer a uma multidão de cinco mil homens, sem contar as mulheres e as crianças. Jesus dirige o convite aos que havia saciado, a esforçarem-se em busca de um alimento que permanece para a vida eterna.  Com isto, mostra o significado profundo do prodígio realizado: saciando de modo milagroso a fome física, prepara a multidão que o seguia para aceitar o anúncio segundo o qual Ele é apresentado como o pão que desceu do céu (cf. Jo 6,41), que sacia, de modo definitivo, a fome de todos.

O povo judeu, durante o longo caminho no deserto, rumo à terra prometida, experimentou um pão descido do céu, o maná. Mas aqui Jesus fala de si mesmo, como um verdadeiro pão que desceu do céu, capaz de manter em vida não por um momento ou durante um trecho do caminho, mas para sempre. Ele é o alimento que dá a vida eterna, porque é o Filho unigênito de Deus, que veio ao mundo para doar à humanidade a vida em plenitude e introduzi-la na vida com Deus.

No pensamento judaico era claro que o verdadeiro pão do céu, que alimentava Israel, era a Lei, a palavra de Deus. O povo de Israel reconhecia com clareza que a Torá era o dom fundamental e duradouro de Moisés, o elemento singular que o distinguia em relação aos outros povos e que consistia em conhecer a vontade de Deus e o caminho reto da vida. Jesus, agora, manifestou-se como o pão do céu, pelo qual todos podem fazer da vontade de Deus o seu alimento (cf. Jo 4, 34), que orienta e maném a sua existência.

Mas o povo de Israel duvidou da divindade de Jesus e não o acolheu como o pão descido do céu para dar vida à humanidade.  Houve uma recusa em aceitar que Deus encontre sempre novas formas de vir ao encontro de todos para oferecer vida em abundância.  Somente quem é atraído por Deus Pai, quem o ouve e se deixa instruir por Ele pode acreditar em Jesus.  Faltou uma abertura para acolher o sentido profundo da mensagem apresentada por Jesus.  Diziam: “Não é este Jesus o filho de José, aquele de quem conhecemos o pai e a mãe?  Como é que ele diz agora: “Eu desci do céu?” (Jo 6,42).  Esses adversários de Jesus se mostram céticos, chegam  a murmurar, como fez o povo conduzido por Moisés no deserto.

Jesus não se envolve com a murmuração dos judeus sobre a sua origem, mas responde-lhes indiretamente.  Ninguém pode chegar a Jesus sem a atração do Pai (v. 44).  Só aquele que o Pai atrair, pode vir a Jesus.  Contudo, o único caminho para o Pai é o Filho: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6).   Todo homem deve livremente abrir-se ao chamado de Deus.  Deixar que a atração divina opere nele.  Na verdade, só a fé nos possibilita crer em Jesus como o Pão da vida, para, consequentemente, termos a vida eterna.

O dom da fé é um dom gratuito de Deus; uma virtude sobrenatural.  É obra da graça de Deus que auxilia a nossa vontade.  A fé nos leva a crer no que disse Jesus: “Eu sou o pão da vida”.  O sacramento da Eucaristia é a síntese desta verdade, onde Jesus dá-se a si mesmo; entrega o seu corpo e derrama o seu sangue.  Desse modo dá a totalidade da sua própria vida, manifestando a fonte originária desse amor: ele é o Filho eterno que o Pai entregou por nós.

Outrora, o primeiro anúncio da Eucaristia dividiu os discípulos, tal como o anúncio da paixão os escandalizou: “Estas palavras são insuportáveis! Quem as pode escutar?” (Jo 6, 60). Eucaristia e a cruz são pedras de tropeço. É o mesmo mistério e não cessa de ser ocasião de divisão. Jesus já havia questionado também aos Apóstolos: “Também vós quereis ir embora?” (Jo 6, 67). Esta pergunta do Senhor ecoa através dos tempos, como convite do seu amor a descobrir que só Ele tem “palavras de vida eterna” (Jo 6, 68) e que acolher na fé o dom da Eucaristia é acolher o próprio Cristo (cf. CIgC, nº 1336).

Receber a Eucaristia na comunhão traz consigo, como fruto principal, a união íntima com Cristo Jesus. De fato, Ele mesmo disse: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6,56). A vida em Cristo tem o seu fundamento no banquete eucarístico: “Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, também o que me come viverá por mim” (Jo 6,57).

E texto da carta de São Paulo escrita aos cristãos de Éfeso, que a liturgia da palavra nos apresenta, como segunda leitura para este domingo, faz uma exortação aos batizados, para que vivam de forma coerente com o seu Batismo e com o seu compromisso com Cristo.  São Paulo lembra que pelo Batismo, passamos a ser morada do Espírito e recebemos um sinal ou um selo que prova a nossa pertença a Deus.  Este selo ou este sinal nos remete ao tempo em que os escravos recebiam na pele uma marca com ferro em brasa, como se faz com o gado.  O objetivo desta marca é identificar aqueles que pertenciam para sempre a um determinado senhor.  O apóstolo usa esta comparação para explicar a condição de cada batizado.  Esta identificação, entretanto, não está gravada a fogo, mas passa a ser impressa pelo Espírito Santo, para mostrar a pertença a Deus.

É o selo com que o Espírito Santo nos marcou “para o dia da redenção” (Ef 4, 30). O Batismo é, efetivamente, o selo da vida eterna. E todo fiel que tiver “guardado o selo” até o fim, quer dizer, que tiver permanecido fiel às exigências do seu Batismo, estará sempre “marcado pelo sinal da fé”, na expectativa da visão bem-aventurada de Deus. Por isto, como filhos de Deus, devemos evitar os vícios e praticar as virtudes, como homens novos, implica, na perspectiva do Apóstolo São Paulo, assumir uma nova atitude de comportamento, eliminando as irritações, os rancores, os insultos, as violências, as invejas… Vícios que devem ser eliminados. Estes vícios são próprios de um “homem velho” e não podem ter espaço na vida de um homem novo, de um “filho de Deus”.  São Paulo ainda frisa como deve ser o comportamento deste homem novo: cordial, afável e, sobretudo, inspirado em sentimentos de misericórdia, que é a primeira das características de Deus.

Ainda segundo o apóstolo São Paulo, pelo Batismo o crente comunga na morte de Cristo; é sepultado e ressuscita com Ele: “Todos nós, que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na sua morte. Fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte, para que, assim como Cristo que ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova” (Rm 6, 3-4).

Que possamos viver todos os dias o nosso batismo e direcionar nossos passos ao encontro com Jesus, a fim de que a nossa amizade com Ele seja cada vez mais intensa, para que possamos estar em plena comunhão de amor com Ele, o pão descido do céu, de maneira a sermos por Ele renovados no íntimo de nós mesmos.



Roteiro Homilético 9 - Liturgia: Roteiro presbíteros.org
RITOS INICIAIS



Salmo 73, 20.19.22.23

ANTÍFONA DE ENTRADA: Lembrai-Vos, Senhor, da vossa aliança, não esqueçais para sempre a vida dos vossos fiéis. Levantai-Vos, Senhor, defendei a vossa causa, escutai a voz daqueles que Vos procuram.



Introdução ao espírito da Celebração



A liturgia do 19º Domingo do Tempo Comum dá-nos conta, uma vez mais, da preocupação de Deus em oferecer aos homens o «pão» da vida plena e definitiva. Por outro lado, convida os homens a prescindirem do orgulho e da auto-suficiência e a acolherem, com reconhecimento e gratidão, os dons de Deus.



ORAÇÃO COLECTA: Deus eterno e omnipotente, a quem podemos chamar nosso Pai, fazei crescer o espírito filial em nossos corações para merecermos entrar um dia na posse da herança prometida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.





LITURGIA DA PALAVRA



Primeira Leitura



Monição: A primeira leitura mostra como Deus se preocupa em oferecer aos seus filhos o alimento que dá vida. No «pão cozido sobre pedras quentes» e na «bilha de água» com que Deus retempera as forças do profeta Elias, manifesta-se o Deus da bondade e do amor, cheio de solicitude para com os seus filhos, que anima os seus profetas e lhes dá a força para testemunhar, mesmo nos momentos de dificuldade e de desânimo.



1 Reis 19, 4-8

Naqueles dias, 4Elias entrou no deserto e andou o dia inteiro. Depois sentou-se debaixo de um junípero e, desejando a morte, exclamou: «Já basta, Senhor. Tirai-me a vida, porque não sou melhor que meus pais». 5Deitou-se por terra e adormeceu à sombra do junípero. Nisto, um Anjo do Senhor tocou-lhe e disse: «Levanta-te e come». 6Ele olhou e viu à sua cabeceira um pão cozido sobre pedras quentes e uma bilha de água. Comeu e bebeu e tornou a deitar-se. 7O Anjo do Senhor veio segunda vez, tocou-lhe e disse: «Levanta-te e come, porque ainda tens um longo caminho a percorrer». 8Elias levantou-se, comeu e bebeu. Depois, fortalecido com aquele alimento, caminhou durante quarenta dias e quarenta noites até ao monte de Deus, Horeb.



A leitura é extraída do chamado ciclo de Elias, na parte final do Livro 1º dos Reis. Jezabel, a esposa pagã do rei Acab, patrocinadora do culto de Baal no reino do Norte, obriga ao exílio o profeta Elias, depois de este ter exterminado os sacerdotes Baal, que colaboravam com a rainha na destruição da religião de Yahwéh. Na leitura, o profeta aparece-nos totalmente desalentado na sua fuga a caminho do Horeb (provavelmente, outro nome do Sinai), onde pensava refugiar-se, esperando alguma comunicação divina (vv. 9-14), que lhe garantisse a continuidade da Aliança e a preservação da religião javista, naquele mesmo monte onde Deus comunicara com Moisés, por isso se chama «monte de Deus» (v. 8). É bastante clara a alusão à viagem de Israel, perseguido pelo faraó, através do deserto até ao Sinai. Este «pão cozido nas brasas» – subcinericius panis – é considerado uma figura da Sagrada Eucaristia: «confortados com a sua força, podem os cristãos, depois do caminho desta peregrinação cheia de misérias, chegar à pátria celestial» (Concílio de Trento, DzS 1649).



Salmo Responsorial Sl 33 (34), 2-3.4-5.6-7.8-9 (R. 9a)



Monição: Sabemos que o Senhor não abandona os que n’Ele confiam. A sua misericórdia corresponde à nossa esperança.



Refrão: SABOREAI E VEDE COMO O SENHOR É BOM!



Bendigo o Senhor a cada momento;

o Seu louvor está sempre na minha boca.

Deus é a minha glória.

Que os humildes O escutem e se alegrem.



Comigo proclamai a grandeza do Senhor,

juntos exaltemos o Seu nome.

Busquei a Deus, e Ele ouviu-me,

livrou-me da minha ansiedade.



Contemplai-O e ficareis radiantes;

o vosso rosto não ficará confundido.

Um pobre gritou e foi atendido,

foi salvo de todas as angústias.



O anjo do Senhor está velando

sobre todos os Seus fiéis para os salvar.

Provai e vede como o Senhor é bom,

ditoso o que n’Ele se refugia.



Segunda Leitura



Monição: A segunda leitura mostra-nos as consequências da adesão a Jesus, o «pão» da vida… Quando alguém acolhe Jesus como o «pão» que desceu do céu, torna-se um Homem Novo, que renuncia à vida velha do egoísmo e do pecado e que passa a viver no caridade, a exemplo de Cristo.



Efésios 4, 30 – 5, 2

Irmãos: 30Não contristeis o Espírito Santo de Deus, que vos assinalou para o dia da redenção. 31Seja eliminado do meio de vós tudo o que é azedume, irritação, cólera, insulto, maledicência e toda a espécie de maldade. 32Sede bondosos e compassivos uns para com os outros e perdoai-vos mutuamente, como Deus também vos perdoou em Cristo. 1Sede imitadores de Deus, como filhos muito amados. 2Caminhai na caridade, a exemplo de Cristo, que nos amou e Se entregou por nós, oferecendo-Se como vítima agradável a Deus.



Continuamos a ter como 2ª leitura, desde o XV Domingo comum deste ano B, textos respigados da Epístola aos Efésios. Na sequência do Domingo anterior, continua a exortação a um novo modo de vida cristã e à prática das virtudes.

30 «Não contristeis o Espírito Santo». O cristão é pertença de Deus, trazendo na sua alma a marca dessa pertença (carácter baptismal), que o destina a glorificar a Deus e à glória celeste, «para o dia da redenção». O Espírito Santo é o vínculo da unidade dos cristãos dentro do Corpo Místico de Cristo que é a Igreja (cf. vv. 4-5), por isso qualquer pecado que ensombre a unidade e a santidade deste Corpo, magoa-O e entristece-O. Os vícios que no contexto são fustigados são os contrários à caridade e à castidade.

5, 1 «Procurai imitar a Deus, como filhos…» É próprio dum filho parecer-se com o pai, possuir os seus modos, as suas qualidades. É fácil de descobrir a alusão às próprias palavras do Senhor: «sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste» (Mt 5, 48; cf. 1 Cor 11, 1; 1 Tes 1, 6).

2 «Oferecendo-se como vítima…» A tradução, embora não literal, ajuda a tornar mais explícito um sentido que geralmente os exegetas querem ver na associação dos dois termos cultuais – «oferta e sacrifício de agradável odor» (proforá e thysía) – numa referência à dupla função de Jesus, como sacerdote e como vítima. Este é um dos textos clássicos para falar da Morte de Cristo como um verdadeiro sacrifício.



Aclamação ao Evangelho Jo 6, 51



Monição: O Evangelho apresenta Jesus como o «pão» vivo que desceu do céu para dar a vida ao mundo. Para que esse «pão» sacie definitivamente a fome de vida que reside no coração de cada homem ou mulher, é preciso «acreditar», isto é, aderir a Jesus, acolher as suas propostas, aceitar o seu projecto, segui-l’O no «sim» a Deus e no amor aos irmãos.



ALELUIA



Eu sou o pão vivo que desceu do Céu, diz o Senhor;

Quem comer deste pão viverá eternamente.





Evangelho



São João 6, 41-51

Naquele tempo, 41os judeus murmuravam de Jesus, por Ele ter dito: «Eu sou o pão que desceu do Céu». 42E diziam: «Não é Ele Jesus, o filho de José? Não conhecemos o seu pai e a sua mãe? Como é que Ele diz agora: ‘Eu desci do Céu’?» 43Jesus respondeu-lhes: «Não murmureis entre vós. 44Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. 45Está escrito no livro dos Profetas: ‘Serão todos instruídos por Deus’. Todo aquele que ouve o Pai e recebe o seu ensino vem a Mim. 46Não porque alguém tenha visto o Pai; só Aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. 47Em verdade, em verdade vos digo: Quem acredita tem a vida eterna. 48Eu sou o pão da vida. 49No deserto, os vossos pais comeram o maná e morreram. 50Mas este pão é o que desce do Céu para que não morra quem dele comer. 51Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. 52Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo».



Continuamos com o discurso do pão da vida, na forma dialogada característica do IV Evangelho. A escolha litúrgica, feita com a preocupação de pôr em evidência o sentido eucarístico do discurso, incluiu os vv. 51-52, em que a Eucaristia é claramente referida, pois se passa da designação de «pão da vida» para a de «pão vivo», a saber, passa de Jesus (Palavra de Deus), em quem é preciso crer (o pão da vida, a verdade que dá o sentido da vida), para Jesus Eucaristia, que é preciso comer (o pão vivo). Com estes dois versículos também irá começar a leitura do Evangelho do próximo Domingo.

41 «Os judeus». A designação tem em S. João uma conotação habitualmente negativa, pois refere aqueles contemporâneos incrédulos que deliberadamente rejeitaram Jesus como o Messias, sobretudo os guias do povo (daí a tradução que alguns adoptam: dirigentes judeus ou autoridades judaicas). Também aparece com sentido étnico-religioso (Jo 2, 6.13; 3, 1; 5, 1; 6, 11,54; 19, 42) e até com o sentido de Povo da Aliança (Israel) em 4, 22. Como este Evangelho se destina a cristãos vindos do paganismo, justifica-se uma tal generalização, mas deve descartar-se que a designação joanina envolva qualquer tipo de ódio racial, hostilidade religiosa ou intolerância.

44 «Ninguém pode vir a Mim, se o Pai… o não atrair». Vir a Jesus é crer nele e segui-lo; ora isto é algo que supera uma simples atitude de atracção humana, é algo divino, é uma graça, um dom sobrenatural. Com efeito, quem se aproximasse de Jesus sem a graça da fé não seria capaz de ver mais do que um homem, ou até um profeta singular, mas não poderia reconhecer o próprio Deus incarnado e não entenderia as suas palavras, como aquela gente que procurava Jesus, de forma egoísta e interesseira, sem aderir à sua palavra. E por isso «murmuravam» (v. 41).

52 «É a minha Carne». A clareza das palavras de Jesus é o fundamento da certeza e da firmeza da fé da Igreja, que o Magistério sempre tem proclamado sem ambiguidades: «Realizada a transubstanciação, as espécies do pão e do vinho adquirem sem dúvida um novo significado e um novo fim, dado que já não são o pão e a bebida correntes, mas são o sinal duma coisa sagrada, sinal dum alimento espiritual; adquirem, porém, um novo significado e um novo fim enquanto contêm uma realidade, que com razão denominamos ontológica porque, sob as ditas espécies, já não existe o que havia antes, mas uma coisa completamente diversa; e isto é assim não unicamente em virtude do juízo da fé da Igreja, mas em razão da própria realidade objectiva, uma vez que, convertida a substância ou natureza do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Cristo, já não fica nada do pão e do vinho, mas somente as espécies: sob elas Cristo, todo integralmente está presente na sua realidade física, mesmo corporalmente, embora não do mesmo modo como os corpos estão num lugar» (PAULO VI, encíclica Mysterium Fidei).



Sugestões para a homilia



«Levanta-te!» (1 Rs 19, 5c)

«Sede imitadores de Deus» (Ef 5,1)

«Eu sou o Pão da vida» (Jo 6, 48)



«Levanta-te!» (1 Rs 19, 5c)

A narração do 1º Livro dos Reis é sumamente cuidadosa e cheia de detalhes que fazem desta simples fuga algo mais profundo e simbólico. Para começar, as alusões ao deserto, aos antepassados, aos 40 dias e às 40 noites de caminhada, ao alimento, ao monte de Deus, são muito claras e numerosas para não se reconhecer nelas o caminho inverso ao que realizou Israel no êxodo. Não se trata apenas de uma fuga; também há uma busca das raízes que terminará num encontro com Deus. Também os grandes heróis como Elias e Moisés (cf. Núm 11, 15) experimentaram a nossa fraqueza. Elias, desanimado com o resultado do seu ministério, foge porque «não é melhor que seus antepassados» no trabalho pelo reino de Deus e pensa ser melhor reunir-se com eles na tumba (v. 4).

Quando o homem reconhece a sua fraqueza, então a força de Deus intervém (cf. 2 Cor 12, 5-9). Com o pão e a água, símbolos do antigo êxodo, Elias realiza o seu próprio êxodo (simbolizado nos 40 dias, v. 8) e vai ao encontro de Deus. Tal como é narrado, este episódio de Elias fala-nos do caminho, dos esforços, das tarefas demasiado grandes para realizá-las com as próprias forças e da necessidade de caminharmos apoiados nas forças do alimento que nos mantém. Só assim nos poderemos erguer e seguir a ordem do Senhor: «Levanta-te!»



«Sede imitadores de Deus» (Ef 5,1)

A segunda leitura é a continuação da exortação apostólica de São Paulo que desce a detalhes, falando daquilo que o cristão deve evitar (aspecto negativo) ou deve fazer (aspecto positivo). Assim, os cristãos podem trabalhar na edificação da igreja e não entristecer o Espírito, rompendo a unidade (4, 25-32a; 4, 3). Este modo de viver encontra o seu fundamento naquilo que Cristo realizou ou o Pai cumpriu por Cristo. Devemos viver de maneira cristã e viver no amor como Cristo e o Pai (cf. Mt 5, 48). Como o Pai perdoa, assim devemos fazer nós, cristãos (v. 32b; Mt 6, 12. 14-15). Como Cristo ama e se dá em sacrifício, assim fazemos. A unidade é fruto do sacrifício pessoal. O tema da imitação de Deus, consequência e expressão de ser filhos seus, revela a referência evangélica desta exortação aos Efésios (cf. Mt 4, 43-48). O Espírito é o elemento determinante do comportamento cristão. Na mesma linha, com outras passagens paulinas sobre o Espírito, a sua recepção é vinculada (indirectamente) ao baptismo e considerada como selo/marca que identificará na parusia (segunda vinda de Jesus) os que pertencem a Cristo.



«Eu sou o Pão da vida» (Jo 6, 48)

Quando o evangelho de João foi escrito, os cristãos já tinham sido expulsos da sinagoga. Existia um áspero confronto entre os sectores maioritários judeus da diáspora e os cristãos provenientes do paganismo e do judaísmo. Pagãos e judeus ridicularizavam as expressões de fé cristã, como a eucaristia. Pareciam-lhes ritos esquisitos e contraditórios. Para os pagãos, romanos e gregos, a comunidade cristã era vista como um grupo de pretensiosos que queriam anunciar como boa notícia a morte de um carpinteiro anónimo e pobre. Para eles, as boas notícias vinham somente do imperador e das autoridades que alegravam a seus súbditos com algum presente. Para os judeus, Jesus era somente um profeta insignificante, filho de um artesão e oriundo de uma aldeia miserável. Para nenhum dos grupos, Jesus podia ser «o pão descido do céu».

As comunidades cristãs tiveram, desde o início, de se firmar muito bem para defender com energia e convicção o significado de Jesus para a história da humanidade. A salvação não somente provinha dos judeus, mas também da gente pobre da Galileia que tinha descoberto, em Jesus, o seu redentor. Jesus é o pão descido do céu porque é capaz de comunicar essa vida em plenitude que vem somente de Deus. Jesus é o caminho para uma humanidade fraterna, onde todos se reconhecem iguais e filhos da mesma família.

É oportuno perguntarmos: a forma pela qual vivemos o nosso cristianismo realmente nos compromete com o anúncio do Evangelho? Esforçamo-nos para que nossas comunidades sejam realmente igrejas vivas onde todos se reconheçam como irmãos? Criamos formas de participação que permitam a todas as pessoas expressar seu parecer e intervir plenamente na vida da comunidade cristã?



Jesus vai dar a sua «carne» («o pão que Eu hei-de dar é a minha carne» – v. 51) para que os homens tenham acesso a essa vida plena, total, definitiva. Jesus estará aqui a referir-se à sua «carne» física? Não. A «carne» de Jesus é a sua pessoa – essa pessoa que os discípulos conhecem e que se lhes manifesta, todos os dias, em gestos concretos de amor, de bondade, de solicitude, de misericórdia. Essa «pessoa» revela-lhes o caminho para a vida verdadeira: nas atitudes, nas palavras de Jesus, manifesta-se historicamente ao mundo o Deus que ama os homens e que os convida, através de gestos concretos, a fazer da vida um dom e um serviço de amor.





LITURGIA EUCARÍSTICA



ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Aceitai benignamente, Senhor, os dons que Vós mesmo concedestes à vossa Igreja e transformai-os, com o vosso poder, em sacramento da nossa salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



SANTO: F. dos Santos, NTC 201



Monição da Comunhão



O que Cristo quer é que vivamos plenamente, enquanto vamos ao seu encontro: a sua palavra é alimento, a sua carne (a sua pessoa) é alimento, com Ele ficamos saciados. Ele vem até nós para que vivamos d’Ele e, por Ele, a nossa vida ganhe sentido, os nossos gestos possam dar a vida, as nossas palavras possam exprimir a ternura, a nossa oração se torne relação filial com o Pai.

Salmo 147, 12.14

ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Louva, Jerusalém, o Senhor, que te saciou com a flor da farinha.

Ou

Jo 6, 52

O pão que Eu vos darei, diz o Senhor, é a minha carne pela vida do mundo.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Nós Vos pedimos, Senhor, que a comunhão do vosso sacramento nos salve e nos confirme na luz da vossa verdade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.





RITOS FINAIS



Monição final



Para descobrir o mistério profundo de Jesus, é preciso ir para além das aparências. Para conhecer Jesus, é preciso acolher a luz que vem da Palavra de Deus, ter o olhar da fé. Só podemos aceitar a Palavra de Jesus se nos abrirmos a Deus. Jesus pede aos seus discípulos para terem confiança: «Crede em Deus, crede também em Mim». A fé é uma graça, um dom gratuito. Mas é também um combate, segundo São Paulo: «Combati até ao fim o bom combate… guardei a fé». Em definitivo, somos reenviados a uma escolha que, certamente, não suprime as exigências da nossa razão, mas ultrapassa-as, porque aceitamos entrar numa relação de amor e de amizade com Jesus, «o filho de José», que reconhecemos também como «o Filho de Deus».

Saímos da Eucaristia com este olhar de fé, procurando reconhecer os sinais de Deus na beleza da criação e na bondade de cada irmão.



HOMILIAS FERIAIS





2ª Feira S. Lourenço: A fecundidade do sofrimento.

2 Cor 9, 6-10/ Jo 12, 24-26

Se o grão de trigo cair na terra e não morrer, fica só ele; mas, se morrer, dá muito fruto.



S. Lourenço, diácono do Papa Sisto II, sofreu o martírio poucos dias depois do deste Papa, durante a perseguição de Valeriano.

Graças ao seu martírio e de tantos outros, nos primeiros séculos, a Igreja foi-se expandindo pelo mundo inteiro: «quem semeia com largueza também colherá com largueza» (Leit). Cada um de nós participa na obra da Redenção, oferecendo as contrariedades de cada dia, os sacrifícios para superar os obstáculos…, unidos ao sacrifício de Cristo, são pouca coisa, mas é o nosso grão de trigo (cf Ev).



3ª Feira: Acompanhados por Deus.

Dt 31, 1-8 / Mt 18, 1-5. 10. 12-14

Assim não é da vontade de meu Pai, que está nos Céus, que se perca um único sequer destes pequeninos.



«É vontade do nosso Pai que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Ele usa de paciência… não querendo que ninguém se perca (cf Ev)» (CIC, 2822).

Como não quer que nenhum de nós se perca, nunca nos deixará sós: «O Senhor avançará na tua frente e estará contigo; não te deixará só, nem te abandonará» (Leit). O Emanuel (Deus connosco), permanece no Sacrário para nos acompanhar e ali espera a nossa companhia.



4ª Feira: Modos de presença de Deus.

Dt 34, 1-12 / Mt 18, 15-20

Nunca mais apareceu em Israel um profeta semelhante a Moisés, que o Senhor conheceu face a face.



O Senhor esteve sempre presente na vida Moisés, nos momentos de oração, nas maravilhas que manifestou a todo o povo, etc. (cf Leit).

«Mas está sempre presente na sua Igreja, sobretudo nas acções litúrgicas. Está presente no sacrifício da Missa… Está presente com a sua virtude nos sacramentos…. Está presente na sua Palavra… Está presente, enfim, quando a Igreja reza e canta os Salmos, Ele que prometeu: ‘onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estou Eu, no meio deles’ (Ev)» (CIC; 1088).



5ª Feira: Ver o próximo com olhos de Cristo.

Jos 3, 7-10. 11. 13-17 / Mt 18, 21-19, 1

Assim vos há-de fazer também meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão do íntimo do coração.



É inevitável que, no nosso dia, apareçam pequenos conflitos com o próximo. Mas o Senhor pede-nos que procuremos perdoar do íntimo do coração.

«(O amor ao próximo) consiste precisamente no facto de que amo, em Deus e com Deus, a pessoa que não me agrada ou que nem sequer conheço…Aprendo a ver aquela pessoa já não somente com os meus olhos e sentimentos, mas também segundo a perspectiva de Cristo. O seu amigo é meu amigo» (‘Deus é Amor’, n. 18).



6ª Feira: A verdade sobre a família.

Jos 24, 1-13 / Mt 19, 3-12

Foi por causa da dureza dos vossos corações que Moisés vos permitiu despedir as vossas mulheres. Mas, ao princípio, não foi assim.



Jesus quer devolver a dignidade do matrimónio à sua pureza original, tal como foi instituído por Deus no princípio da criação (cf Ev). Infelizmente o ambiente continua a desfigurar esta realidade, também pela dureza dos corações dos homens. A indissolubilidade é cada vez mais ignorada; aparecem tentativas de reconhecimento legal para as convivências de facto, etc.

O matrimónio instituído pelo Criador não pode estar sujeito ao arbítrio do homem nem ao arbítrio dos próprios cônjuges (cf Enc Casti connubii).