3° Domingo do Tempo Comum, Ano A 9
Roteiro Homilético 9: Padre Françoá Costa
(http://www.presbiteros.com.br/)
Todos têm
vocação
Muito tempo
há, dois irmãos foram pescar. Era a profissão deles e, portanto, um dia e outro
também saiam ao mar, lançavam as suas redes e, dependendo de alguns fatores que
eu não sei explicar bem, pescavam uma quantidade razoável de peixes. É verdade,
segundo li nalgum lugar, que não eram infrequentes os dias de má pesca. No
entanto, todos os dias tinham que estar lá, pescar era o ganha-pão da família
deles.
O dia ao qual
me refiro, era uma jornada costumeira, ordinária; um dia normal como todos os
outros. Lá estavam os dois irmãos exercendo a sua profissão quando, inesperadamente,
escutaram as seguintes palavras: “Vinde após de mim e vos farei pescadores de
homens” (Mt 4,19). Pedro e André, os irmãos pescadores, “abandonaram as suas
redes e o seguiram” (Mt 4,20).
Quem os
chamou? Jesus de Nazaré. Eles o conheciam há muito tempo ou era a primeira vez
que viam aquele personagem que os convenceu sobremaneira? Seja como for, impressiona a docilidade de
Pedro e de André à vocação. Pescadores de quê? Não, de peixes não, de homens.
De homens? Sim. E como se pescam os homens? Os dois irmãos passariam mais ou
menos três anos na escola de Jesus para aprender a pescá-los. Pescar peixes não
parece ser fácil, pescar homens parece mais difícil. No entanto, acompanhando a
Jesus, se aprende constantemente.
Faz algum
tempo, Deus também nos chamou, a cada um pelo nosso nome. Você se lembra
daquele momento tão entranhável no qual você percebeu que Deus o chamava a
segui-lo buscando de verdade a santidade e o bem de todas as pessoas? Graças a
Deus: respondemos positivamente ao Senhor! Talvez tenha sido na infância,
talvez na adolescência, talvez ainda na juventude… Sempre é tempo de vocação (=
chamada), Deus continua chamando-nos nas circunstâncias mais normais e
cotidianas da nossa vida: no nosso trabalho, na nossa família, entre os nossos amigos.
Nós não vimos
uma sarça ardente como Moisés; nem escutamos vozes como Samuel; tampouco fomos
ungidos solenemente por um profeta como no caso de Davi; não nos visitou um
anjo como a tantos no curso da história; nem tivemos visões nem revelações. Nada
disso! E, não obstante, nós vimos a nossa vocação, nós percebemos que Deus nos
chamava. A nossa vocação foi uma luz que deu sentido à nossa vida e essa luz
interior permanece até hoje e, com a graça de Deus, não se apagará jamais. O
que é a vocação senão essa percepção da realidade que Deus quer para nós, isto
é, que sejamos discípulos para evangelizar. Duas palavrinhas resumem a nossa
vocação: santidade, apostolado. Desde toda a eternidade, Deus pensou em nós,
chamou-nos e capacitou-nos para que sejamos santos, para que sejamos apóstolos.
Todo cristão
tem a vocação que lhe foi concedida por graça no momento do batismo: todos nós
fomos chamados à santidade e ao apostolado. Com o passar do tempo, na escola de
Jesus, essa vocação poderia receber uma nova especificação, por exemplo, no
caso daqueles que são chamados ao sacerdócio ministerial. No entanto, a vocação
à santidade e ao apostolado é igual para padres, para leigos e para religiosos.
Todos devem ser santos, todos devem evangelizar. Por quê? Porque foram
batizados. Além do mais, não existe uma santidade maior para os padres e uma
santidade menor para os leigos, mas todos estão chamados à plenitude da vida
cristã, à santidade. Com outras palavras: o padre não é mais santo porque é
padre, nem o leigo é menos santo pelo fato de ser leigo. Não! A santidade é
medida pela caridade e todos podem chegar ao auge do amor.
Pedro e André,
os futuros São Pedro e Santo André, compreenderam isso. Eles seguiram ao Senhor
Jesus, andaram com ele, permaneceram sempre perto de Jesus, atenderam os seus
apelos de evangelização, fizeram a vontade do seu Mestre e… são santos.
Aprenderam a estar com Jesus e a pescar homens. Aprenderam a ser apóstolos.
Todos nós
somos chamados a “pescar homens e mulheres”, ou seja, conseguir que todas as
pessoas que entrem em contato conosco ou que nós entremos em contato com elas,
saiam desse grande mar do pecado e entrem na barca da Igreja quais peixes para
Jesus. Não obstante, sair do mar, sair desse habitat de agua abundante que é o
mar e passar à barca pressupõe morrer. Qual é o peixe que ao sair da água e ir
para uma barca não morre, em primeiro lugar pela ausência da água? Essa morte
para o mundo é, paradoxalmente, o começo de vida eterna. Os peixes que entram
na barca não precisam se preocupar, pois essa barca tem água fresca, limpa e
sempre nova que jorrou do lado aberto de Jesus na cruz para a nossa salvação.
Pe. Françoá
Costa