4° Domingo do Tempo Comum, Ano A 10
Roteiro Homilético 10: + Sergio da Rocha Arcebispo de Brasília
http://www.arquidiocesedebrasilia.org.br/
No último
domingo, o Evangelho segundo Mateus nos convidava a seguir Jesus, isto é, a
fazer a experiência do discipulado. Hoje, a passagem proclamada nos apresenta
uma síntese do programa de vida dos que seguem a Cristo, o caminho das
“bem-aventuranças” (Mt 5,1-12). A expressão “bem-aventurados” tem sido
traduzida, com razão, pelo termo “felizes”. Contudo, trata-se de uma
“felicidade” compreendida segundo os critérios anunciados por Jesus, que são
muito diferentes dos critérios humanos. Jesus nos mostra quem é feliz e como
ser feliz, de verdade. Há um modo mundano de se entender e buscar a felicidade
que não condiz com a boa nova de Jesus Cristo. Muitos acham que a felicidade
consiste em ter muito dinheiro e consumir muitos bens; ou na beleza exterior e
na fama; ou em desfrutar de prazeres; ou na ausência de problemas e desafios.
Nesta perspectiva, a felicidade de alguém depende das circunstâncias em que
vive; de uma vida cômoda, sem sofrimento ou sacrifício algum; por isso, nunca é
feliz. Nós somos chamados a superar as situações de sofrimento, especialmente
aquelas cujas causas são as injustiças sociais e o egoísmo humano. Contudo, os
discípulos de Jesus são felizes também em meio a situações difíceis, como as
mencionadas nas “bem-aventuranças”.
A razão primeira
da felicidade dos discípulos está em Deus, no sentido da vida encontrado em
Deus, na vivência dos valores e atitudes propostas por Jesus: a simplicidade de
vida e o desapego dos bens, a misericórdia, a mansidão, a pureza de coração, a
promoção da paz e a busca da justiça. Assim vivendo, são felizes mesmo quando
choram ou quando são incompreendidos e perseguidos, porque encontram a
consolação e a força em Deus. É preciso dispor-se a trilhar o caminho das
“bem-aventuranças” para fazer a experiência da verdadeira felicidade que vem de
Deus.
O que S. Paulo
afirma no trecho da Primeira Carta aos Coríntios corresponde bem ao que Jesus
nos apresenta nas “bem-aventuranças”, especialmente na primeira delas,
mostrando-nos que as escolhas de Deus são muito diferentes das escolhas que se
fazem no mundo. “Deus escolheu o que o mundo considera como fraco; o que para o
mundo é sem importância e desprezado” (1 Cor 1,27s).
Também a
profecia de Sofonias pode ser compreendida nesta mesma perspectiva. Ele
ressalta os “humildes da terra”, os que praticam a justiça e a humildade, os
“humildes e pobres” que não cometem iniquidades. Eles buscam o Senhor e
praticam os seus preceitos, ao invés de confiar em si mesmos.
Procure
refletir sobre o caminho trilhado na busca da felicidade. Faça a experiência da
felicidade que se encontra em Deus, vivendo as bem-aventuranças!