Roteiro Homilético 5: Padre Françoá Costa
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Ajudados por
Nossa Senhora
Hoje é o dia
da Padroeira do Brasil e das crianças. Coloquemos sob a proteção de Nossa
Senhora todas as crianças do Brasil e do mundo, e cada um de nós, pois “se não
vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos
céus” (Mt 18,3). O Evangelho de hoje é aquele das bodas de Caná (Jo 2,1-11) e,
ao escutarmos o conselho de Maria, “fazei o que ele vos disser” (J0 2,5), não
só entendemos que a devoção a Nossa Senhora nos conduz sempre a Jesus, mas
também aprendemos a acolher o Evangelho com um renovado ardor, também no que se
refere ao fato da nossa filiação divina e do nosso “ser criança”. É importante
que cada um de nós se transforme numa criancinha, aos pequenos está prometido o
Reino. Pode vir à nossa mente aquelas palavras de Nicodemos a Jesus: mas, “como
pode um homem renascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no seio de
sua mãe e nascer pela segunda vez?” (Jo 3,4). Talvez a historinha abaixo nos
ajude a ver a complexidade do assunto.
Eram uma vez,
dois vizinhos. O primeiro comprou um coelho como bichinho de estimação para os
filhos. Quando os filhos do outro vizinho viram o animalzinho, foram correndo
aos seus pais e pediram que comprassem um bicho para eles. O pai da família acedeu
e comprou um pastor alemão. Pra quê? Então, os dois vizinhos se enfrentaram
numa discussão:
– puxa vida,
ele vai comer o meu coelho.
– como você
pensar uma coisa dessas. Imagine só: os dois animais são filhotes, eles vão
crescer junto e serão amigos. Não se preocupe, dou a minha palavra, eu entendo
de animais.
O outro
vizinho parece que se convenceu e, com o passar do tempo, se viu que o dono do
pastor alemão tinha razão. Os dois animais iam crescendo juntos e era normal
ver o cachorro e o coelho compartindo terreno. As crianças estavam felizes.
Mas, um belo dia, o dono do coelho foi, com a família, passar o final de semana
na fazenda. Saíram na sexta-feira. O coelho não foi. No domingo, aconteceu algo
que causou dor e indignação em todos: de repente, o cachorro aparece com o
coelhinho sujo de terra, arrebentado e entre os dentes, o coelho estava
totalmente morto. Imagine a reação do dono do cachorro: irado, espancou o
cachorro, quase matou o animal. E agora, o que fazer quando o vizinho chegar?
Pensaram, pensaram, e encontraram uma solução: deram um banho no coelho pra lá
de morto, secaram-no com o secador da mãe e o colocaram na “casinha do coelho”,
no quintal do vizinho.
Quatro horas
depois, os vizinhos chegaram. As crianças gritaram! Descobriram horrorizadas!
Cinco minutos depois, estava o dono do coelho à porta do dono do cachorro.
Assustado, lívido, parecia que tinha visto pelo menos uns dois fantasmas.
– vizinho, o
que aconteceu?
– o coelho… o
coelho…
– Mas, o que
aconteceu com o coelho?
– Morreu!
– Morreu? Se
ontem tinha tão bom aspecto…
– Morreu na
sexta-feira e as crianças o tinham enterrado no quintal, mas… apareceu na
casinha.
– na
sexta-feira?
Quem ler essa
historinha estará de acordo comigo que o
protagonista é o cachorro. Imagine só: o pobre animal que, desde sexta-feira,
procurava em vão pelo amigo de infância, o coelho. Depois de muito farejar
descobre o corpo. Morto. Enterrado. O que ele faz? Provavelmente com o coração
partido, desenterra o pobrezinho e vai mostrar para os seus donos. Talvez
estivesse até chorando, quando começou a ser espancado. O cachorro é o herói!
E o homem
continua achando que um banho, um secador de cabelos e um perfume disfarçam a
hipocrisia, o animal desconfiado que existe dentro de nós. Julgamos os outros
pela aparência, mesmo que tenhamos que deixar esta aparência como melhor nos
convir: maquiada. Perdemos a inocência pelo pecado e a recuperamos pela graça.
Nossa Senhora nos ajudará a guardá-la para que sejamos essas crianças que Deus
quer, ou seja, sempre pequenos diante do Deus incomensurável, sempre discípulos
diante do Divino Mestre, sempre necessitados diante do Todo-poderoso, sempre
filhos diante dum Pai bondoso.
Lembremo-nos
que Nossa Senhora apareceu nas águas do rio Paraíba em 1717, em São Paulo. A
partir daquele dia nunca mais deixou de ajudar o Povo brasileiro, de consolá-lo
e de conduzir cada pessoa ao Coração de Jesus. Ela quer que sejamos bons filhos,
virtuosos, compreensivos, santos e que um dia lhe demos um abraço no céu.
“Fazei tudo o que ele vos disser”, é o conselho da nossa querida Mãe do céu.
Dessa maneira seremos crianças diante de Deus, venceremos essa capacidade que
temos de julgar os outros sem muita misericórdia e aprenderemos a compreender
os demais.